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Carta de Rio Branco

Eu sou Rio Branco, uma jovem cidade-senhora prestes a completar 130 anos. Consta em meu registro de nascimento que fui fundada no final de 1882, quando o cearense Neutel Maia, cansado de subir o rio,  aportou com seus exploradores na curva da Gameleira. Era 28 de dezembro daquele ano.

De lá para cá já vivi de tudo um pouco, passei poucas e boas. Já tomei tanto susto na vida que, mesmo forte sabendo onde quero e posso chegar, já mudei até de nome algumas vezes.

De uns tempos pra cá, de quatro em quatro anos vocês se reúnem, discursam, percorrem todas as ruas, becos, estradas e ramais e escolhem o próximo prefeito. De vez em quando vocês acertam e as coisas caminham bem. Já fui guiada por um bocado de gente boa.

Nos últimos oito anos botaram um camarada honesto, amigo e sereno. Um sujeito simples, educado, leal e muito competente. Em retribuição à sua dedicação e compromisso com as coisas certas, minha população acaba de dar-lhe o título de melhor prefeito das capitais brasileiras. Tem nome de árvore de lei, mas é mesmo o Angelim dos nossos corações. Um Raimundo que, depois desse tempo todo comandando os rumos, vai passar o bastão a outro cidadão.

E eu confesso que fico preocupada quando vejo as intenções de alguns desses pretendentes. Tem cada figura que toda noite, antes de dormir, eu peço ajuda a Deus e grito bem alto:sai pra lá, coisa ruim…
Imaginem vocês que um desses daí quer me transformar na capital das águas minerais, mineralizando todas as torneiras com a mais pura lorota eleitoreira, como se isso não fosse conversa pra boi dormir. Logo ele que só fala de mim pensando na outra, uma  que ele deixou a 100km daqui e que eu não tenho nem coragem de pronunciar o nome dessa minha prima, a Acrelândia.

Tá mais do que na cara que é com ela que ele quer viver.Tudo que ele sabe diz que aprendeu com ela. Oras, e por que é que tá vindo corrido de lá? Será que é por causa das promessas que fez e nunca cumpriu? Agora mesmo tem um elemento do IDAF atrás dele, cobrando se ele tirou o GTA de uma vaca mecânica que ele criava e dizia que a bichinha ia dar leite pra todo mundo. Aliás, tem um monte de gente  perguntando por uma ruma de coisas que ele começou e…quebrou.

A obra mais inusitada que ele fez foi a construção de um estádio de futebol numa ladeira. Me ajudem: o que vai ser da minha ladeira da maternidade, se a gente der um azar desses?

Sei que amanhã é dia de muita gente renovar suas esperanças  e eu quero pedir um favor a vocês. Pensem bem o que vão fazer comigo. Olha lá, hein?

Já pensaram se o escolhido passar os próximos anos só brigando, esculhambando todo mundo e desmanchando o que deu tanto trabalho para ser feito? Já ouvi da boca de um deles (da Boca non…)que não vai precisar de parceria com o Tião Viana. Um outro vive a reclamar do Ruas do Povo, fazendo fuxico de cabra desocupado, gente que faz tempo não dá um prego numa barra de sabão, sabe como é? Como é que vamos continuar melhorando as coisas se eles nem querem entendimento com o governador, querem mesmo é fuxico? Se não querem acordo com um cabra trabalhador que nem o Tião, serviço é o que não querem…E eu???

Por isso, preciso continuar andando pra frente. Esse negócio de marcha ré não é comigo. A gente caminhou bem até aqui  mas sei que  posso dar passadas ainda mais largas.
Falar a verdade é preciso: nem tá difícil escolher aquele que vai continuar me tratando bem!! Tem um desses aí, novinho, doido pra trabalhar e que já demonstrou competência e humildade quando fez a BR 364 e deixou quase pronta, faltando pouquinho pra entregar.  Ele é capaz de suceder o Angelim à altura e me deixar tranquila.
O nome dele? Marcus Alexandre. É com ele que eu quero seguir adiante.

*Mauro Ribeiro, acreano da Maternidade Bárbara Heliodora.

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