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Cultivo da pupunha domesticada ameaçado pela destruição do seu ancestral selvagem

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
30/10/2012 - 05:19
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A origem da pupunha domesticada (Bactris gasipaes), uma palmeira amplamente cultivada por toda a Amazônia por produzir frutos e palmitos nutritivos e saborosos, ainda continua a ser objeto de especulação científica. Embora todos concordem que o processo foi resultado da ação de grupos indígenas, ainda existem divergências quanto às localidades onde ocorreu a domesticação e as espécies ancestrais utilizadas.

Para alguns pesquisadores, a domesticação da pupunha ocorreu uma única vez em algum lugar do sudoeste da Amazônia, em uma região que compreende parte do Acre, e regiões adjacentes da Amazônia boliviana e peruana. Para outros esse evento único ocorreu no noroeste da Amazônia colombiana. Finalmente, uma hipótese completamente diferente advoga que a domesticação ocorreu mais ou menos simultaneamente em diversas localidades na América do Sul e na América Central.
As pesquisas que realizei para escrever minha dissertação de mestrado suportam a hipótese de domesticação no sudoeste da Amazônia. Lembro que tive a oportunidade de viajar pelo interior do Panamá e da Costa Rica, nas encostas andinas na Venezuela, e na Amazônia peruana, incluindo áreas florestais adjacentes aos Andes. No Brasil, tive a oportunidade de visitar quase todos os rincões do Acre e algumas localidades no interior do Amazonas. A necessidade de visitar tantas regiões em lugares diferentes decorre da necessidade de encontrar o possível ancestral selvagem que deu origem às plantas cultivadas.

As espécies candidatas a pro-genitoras da pupunha domesticada são relativamente poucas e foram determinadas a partir de estudos filogenéticos, baseados em caracteres morfológicos e anatômicos, e estudos de biologia molecular (DNA): a pupunha brava (Bactris dahlgreniana), encontrada no Brasil, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia; a palmeira macana (Bactris macana), encontrada na Colômbia e Venezuela; e a palmeira conhecida cien-tificamente como Bactris setulosa, nativa de florestas das encostas andinas da Colômbia, Equador e Venezuela.

Na atualidade existe um consenso no meio acadêmico de que a pupunha brava é a espécie com maiores chances de ter dado origem à pupunha cultivada. A pupunha brava é relativamente rara em florestas primá-rias, sendo mais frequente em áreas alteradas pelo homem, espe-cialmente florestas secundárias (ca-poeiras) e bordas de matas adjacentes a pastagens cultivadas. O nome popular dessa espécie deriva do fato da mesma ser em quase tudo idêntica à pupunha cultivada, com exceção dos frutos, que são muito menores e não tem valor comercial.

É a presença desses frutos pequenos, com menos de 2 cm de diâmetro, que causam controvérsias entre os pesquisadores. É que as diversas variedades da pupunha domesticada podem apresentar frutos com diâmetro variando entre 4 e 8 cm. Por essa razão, para alguns provavelmente uma outra espécie de palmeira, com frutos bem maiores, pode ter sido utilizada na domesticação da pupunha.

Alguns anos atrás colaboramos com pesquisadores da sede do INPA em Manaus no desenvolvimento de um projeto de pesquisa para tentar, de uma vez por todas, esclarecer o status da pupunha brava como a real progenitora da pupunha cultivada. A vantagem de se determinar corretamente os ancestrais das plantas cultivadas é o potencial que os progenitores selvagens apresentam para serem usados em futuros programas de melhoramento genético das plantas em cultivo, especialmente para conferir resistência contra pragas e doenças.

Ficamos encarregados de visitar diversas localidades da Ama-zônia brasileira ao longo do ‘Arco do Desmatamento’. Esse arco tem sua extremidade inferior localizada no leste Acre e a superior na zona de transição entre a floresta Amazônica e o Cerrado, no Ma-ranhão. A missão durante o trabalho de campo, tecnicamente chamada de prospecção, era encontrar pupunha brava ou outras espécies botanicamente relacionadas com potencial de terem sido utilizadas na domesticação da pupunha.
Visitamos os estados do Mato Grosso, Pará, Tocantins e Maranhão. As regiões prospectadas incluíram áreas adjacentes às cidades de Alta Floresta (MT), Santana do Araguaia, Redenção, Conceição do Araguaia, Marabá, Eldorado do Carajás, Curionópolis e Parauapebas (PA), Araguaína (TO), Imperatriz e Açailândia (MA). Apesar da extensa lista de locais visitados, só encontramos a pupunha brava em florestas no entorno de Alta Floresta e pastagens cultivadas em Parauapebas, próximo da Serra dos Carajás.

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Embora a pupunha brava tenha capacidade de colonizar pastagens com relativa facilidade, a cultura dos pecuaristas paraenses de manter seus pastos sempre “limpos” de qualquer tipo de árvore tem impedido a espécie de se estabelecer fora das áreas de floresta, como verificamos em Parauapebas. Da mesma forma, o avanço do cultivo da soja – que requer campos livres de obstáculos para as máquinas – nas áreas de florestas tipicamente amazônicas do norte de Mato Grosso irá contribuir para o desaparecimento da espécie na região.

Um desvio do roteiro original de prospecção no ‘Arco do Desma-tamento’ nos levou à região da Chapada dos Guimarães, nas proximidades de Cuiabá. A razão da visita foi a esperança de encontrar a palmeira Guilielma mattogrossensis, uma espécie de palmeira muito similar à pupunha brava encontrada no local pelo botânico Barbosa Rodrigues no início do século XX. Apesar de ter percorrido quase todas as estradas existentes no local e visitado muitas matas de galerias, nenhum vestígio dessa palmeira foi encontrado. Um fato lamentável foi constatar que a região onde Barbosa Rodrigues encontrou a palmeira ter sido inundada pelo lago formado pela barragem da usina hidrelétrica instalada no Rio Manso.

A longa viagem em busca da pupunha brava nos deixou algumas lições. Sim, o desmatamento desenfreado de nossas florestas está causando prejuízos genéticos (e financeiros) que ainda somos incapazes de precificar. A migração intensa de pessoas de outras regiões do país para os locais onde a pupunha brava provavelmente ocorria naturalmente contribuiu para a eliminação da espécie tendo em vista que para esses imigrantes, aquela palmeira desconhecida, cujos frutos nem comestíveis eram, não tinha serventia alguma.

Não somos otimistas quanto à conservação das populações remanescentes de pupunha brava no Arco do Desmatamento. O país está perdendo um importante recurso genético e pouco ou quase nada se fala, pois são poucas as pessoas que estão a par do problema. Da mesma forma que está ocorrendo com a pupunha brava, provavelmente outras espécies de plantas úteis nativas e domesticadas no Brasil já tiveram ou estão tendo seus ancestrais eliminados da natureza. Nós ainda vamos pagar um alto preço por esse tipo de estupidez.

* Evandro Ferreira é engenheiro agrônomo e pesquisador do INPA/Parque Zoobotânico da Ufac.

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