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A volta da família Scolari

Com a queda de Mano Menezes, abrem-se as portas para uma nova edição da família Scolari. Acaba de ser confirmado que Felipão está de volta e antes de pensar em como será a seleção na copa devemos pensar em como está a seleção. Afinal, acho que nem o Felipão terá a audácia de começar do zero um trabalho faltando menos de dois anos para a copa do mundo. Portanto, o trabalho desenvolvido por Mano Menezes deve sim ter continuidade. É claro que aos poucos a visão de futebol do novo treinador deve ser implantada.

Eu sou do grupo que não concorda com demissão de Mano Meneses, não que ache o trabalho feito por ele fantástico, apenas acho que Mano foi demitido exatamente em seu melhor momento na seleção, quando tinha definido um time, um esquema e feito algumas apresentações interessantes, claramente o Brasil estava evoluindo. Porém, em um país que ainda acredita a meu ver de forma equivocada, que tem o melhor futebol do mundo é bem difícil convencer a opinião pública. Mano Menezes fez algo que há muito tempo não se via na seleção: escalou o time com dois meias de criação e três atacantes, lembrem-se que quando Felipões e Parreiras da vida estavam na seleção, esse era o clamor popular, todos queriam um time mais ofensivo, pra frente, jogando futebol “brasileiro”. O fato é que Mano Menezes tentou fazer isso e errou bastante é verdade, porém no Brasil não se tem a devida consciência de que um time que joga um futebol vistoso e eficiente, não se faz da noite para o dia. O maior exemplo disso é o tão comentado Barcelona, que com um elenco muito parecido com o que tem hoje, foi saco de pancada durante anos, até começar a ganhar tudo.

Bom, mas é hora de deixar pra lá a demissão de Mano Menezes, que claramente foi feita por razões políticas. É hora de pensar na volta de Felipão e como será a nova família Scolari. É lógico que só o futuro dirá, mas algumas coisas podemos conjecturar. Por exemplo: acho muito difícil que Felipão coloque dois volantes mais leves e que saibam jogar como vinha acontecendo com Ramires e Paulinho. Felipão não deve abrir mão de um volante mais pegador jogando no meio dos zagueiros. Acho também que com dois meias dificilmente veremos o Brasil em campo, Oscar e Kaká juntos com o Felipão eu acho difícil.

Na frente podem ter certeza que teremos o retorno de um centro-avante tradicional jogando ao lado de Neymar. Pelo momento que vive, provavelmente esse centro-avante será o Fred. Falo isso baseado em todos os times que Felipão já treinou e acho sinceramente que ele não deve inovar na parte tática. 

Eu não acredito que o sonho de ver o Brasil jogando um futebol vistoso e alegre será realizado sob o comando de Felipão, o que não quer dizer que não possamos ser campeões na copa de 2014. Aposto que o treinador fará um time com muita pegada no meio e bem competitivo, junte isso ao talento de jogadores como Neymar, podemos vencer qualquer um. Lembro ainda que os times de Felipão sempre se dão bem em jogos eliminató-rios (mata-mata), como os da Copa. Sinceramente acho que podemos ganhar, já quanto a jogar bonito, esqueçam.

Antes da confirmação de Felipão no comando da seleção vários nomes foram ventilados e um deles era o do ex- técnico do Barcelona Pep Guardiola. Estou citando esse nome, pois considero que a presença de um técnico estrangeiro, seria uma revolução no modo de se tratar nosso futebol e podem ter certeza, Guardiola só não veio, pois não é brasileiro e ao meu ver isso é culpa da forma prepotente como tratamos nosso futebol, basta analisar os fatos que veremos claramente que hoje não só não temos o melhor futebol do mundo, como nem estamos entre os melhores, temos algumas seleções superiores técnica e taticamente. Ainda temos bons valores, mas os outros países também os têm e taticamente paramos no tempo.

O intercâmbio pode sim ser fundamental para evoluirmos e podem acreditar, embora muitos duvidem, nós temos muito que aprender sobre futebol com profissionais de outros países.

Acho que nossa evolução futebolística só acontecerá quando aceitarmos isso e deixarmos definitivamente de associar o fato de termos mais copas do mundo que todos, com jogar melhor que todos.

Não foi dessa vez que o Brasil escolheu um treinador por crité-rios técnicos. Mais uma vez um dos principais cargos do país, foi escolhido por política, numa clara tentativa de jogar pra galera, afinal era previsível que os “velhinhos” da CBF fossem chamar Parreira e Felipão, os dois últimos técnicos campeões mundiais pelo Brasil.

Faltam menos de dois anos para a copa e podem apostar que o Brasil, com qualquer time e com qualquer treinador, vai brigar pelo título. Ganhar ou não é outra história, lembrem-se que falamos de uma competição de sete jogos e com a fase eliminatória, portanto, nem sempre o melhor vence. Eu sinceramente vou torcer muito pelo Brasil. Acho sim, como falei acima que o novo treinador pode fazer um time forte e competitivo. Portanto, se você é do tipo que o que importa é ganhar, não perca as esperanças, agora se é do tipo que gostaria de ver o Brasil jogar pra frente com posse de bola, sufocando o adversário, que tal alugar um DVD da copa de 1970?

* Aarão Prado é músico, radialista e comentarista esportivo.

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