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Eleição na Aleac

Nas últimas semanas só se fala em uma coisa na Assembleia Legislativa do Acre: a eleição da mesa diretora da casa. Até agora cinco deputados já anunciaram ser candidatos (todos da situação) e a oposição ainda pode “embolar” mais o meio de campo, lançando um candidato apenas para “marcar posição”, já que o bloco oposicionista conta com apenas seis dos vinte e quatro deputados.

Dois fatos chamam atenção nesta eleição: a quantidade de pretensos candidatos e o discurso de todos “terem que esperar pela decisão do governador Tião Viana para lançar as candidaturas oficialmente”. O mandato de presidente é de apenas dois anos, mas nos últimos doze anos a Aleac só teve dois presidentes: Sérgio Petecão e Edvaldo Magalhães. A eleição era só para cumprir os trâmites legais, já que tudo era “acertado” bem antes. Quanto aos deputados terem que “esperar” pela decisão do governador, demonstra a total submissão do poder legislativo ao executivo, quando os dois poderes deveriam ser autônomos.

O lançamento de todas essas candidaturas, segundo um deputado da base governista, que não quer ter o nome revelado, seria uma manobra para que o governador Tião Viana, perceba que não há consenso em torno do nome de Élson Santiago. Os deputados querem evitar o “efeito Petecão”, que foi o presidente que mais tempo ficou no poder, com quatro mandatos consecutivos.

É no mínimo “triste” que deputados eleitos pelo voto direto do povo, tenham que armar manobras e agir com tanta submissão ao Palácio Rio Branco. A eleição da mesa deveria ser livre, que cada um pudesse lançar candidaturas e correr atrás dos votos dos colegas e que o mais articulado ganhasse. De resto era só cumprir o que determina o Regimento Interno da casa e tudo estaria certo. Mas a única coisa que os deputados conseguiram ter autonomia para decidir é que a eleição será antecipada de janeiro de 2013 para a primeira quinzena de dezembro.

Seria bom que a população que elegeu os deputados acompanhasse as três sessões da Assembleia Legislativa, rea-lizadas às terças, quartas e quintas. Venham ver de perto o que seu deputado está fazendo ou deixando de fazer. Venham ver se seu deputado é submisso, é “mandado” por alguém. Você que elegeu um deputado e acha que ele poderia ser um bom presidente, espere: ele vai primeiro “pedir” ao governador.  

Ia esquecendo: ser presidente tem suas vantagens, claro. São 20 por cento a mais no salário, carro e segurança, nomeação de cargos de chefia, maior estrutura de gabinete e o status. O presidente, ainda pode assumir o governo do estado, em caso de viagem do governador e vice, como ocorreu com Élson Santiago, esta semana.   
 
*Sandra Assunção é jornalista.
E-mail: sandraassunção42@gmail.com

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