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Fiscais de nós mesmos

Ontem de manhã eu perdi a paciência e dei três buzinadas de revolta pra um motociclista que me ultrapassou todo gaiato pela direita. Eu disse que perdi a paciência porque todo santo dia isso acontece muitas vezes e relevo, redobro a atenção. Nunca bati num ciclista ou motociclista, graças a Deus. Espero que continue sempre assim.  Esse cidadão olhou pra trás como se tentasse entender o porquê do estresse logo cedo. Será que não sabe? Sempre me pergunto: eles conhecem a lei do Código de Trânsito Brasileiro que proíbe ultrapassassem pela direita? Fui pesquisar – tenho essa terrível mania de pesquisar o que não sei –  e descobri que a regra está no artigo 199 do CTB.

Esquecer das regras simples que aprendemos por acreditar que dominamos a situação é comum à maioria das pessoas. Por causa desse ‘esquecimento’, dessa preguiça social de respeitar os limites do outro é que precisamos de freios. Eles vêm em forma de lombada, blitz, policiamento ostensivo e…radares. Ao ler ou ouvir essa palavra muitos tremem de medo ou de raiva. De medo da multa e de raiva por acreditarem que a ‘culpa’ é do sistema, do Detran, dos governos, do cosmos. Ninguém assume a própria responsabilidade. Na ladeira da Avenida Getúlio Vargas, por exemplo, onde o limite de velocidade é de 40 km por hora é comum que veículos desçam a 60 ou 80 km. Numa ladeira. Pense!

Tenho uma tática de esfriamento. Me mantenho na pista, na minha mão, dirigindo na velocidade determinada pra via. Nem um ponteirinho a mais, nem a menos. E curto a cara dos apressados de trás. Alguns saem chispando pneus quando conseguem me ultrapassar. Dou risada. Amo muito tudo isso. Sou cidadã consciente pra dar passagem pra ambulâncias, táxis ou ônibus, apesar de discordar das velocidades com que eles enfrentam as nossas ruas e avenidas mais estreitas da região central da cidade. Dou passagem porque penso nos passageiros.

Enfim, tudo isso é só pra dizer que breve, em dezembro ou no máximo em janeiro, os radares estão de volta!!! Assim com muita exclamação porque o assunto é sempre polêmico. Os locais onde foram instalados são, segundo pesquisas feitas pelo Detran, os pontos onde há o maior número de acidentes ou atropelamentos. A fiscalização eletrônica é necessária pra manter a segurança de pedestres em áreas próximas a escolas, parques, hospitais. Infelizmente a estatística assusta pelo fato de que os acidentes com vítimas, muitas vezes fatais, poderiam ser evitados se houvesse a autofiscalização. A responsabilidade individual de se respeitar os sinais de trânsito.

Se até as lombadas voltaram pra conter os malucos que entram nos bairros a 60 km por hora ou mais, quando o máximo permitido é 30 km, imagina os radares. No Acre, acidentes de trânsito são a segunda maior causa de internações. E são as mais caras porque têm os tratamentos mais prolongados. Simples assim. É por isso que autoridades de saúde e de trânsito tomam medidas mais drásticas pra preservar nossa segurança. E não adianta ficar dizendo que o Detran rouba em multas porque todo mundo sabe que o cidadão tem até um mês pra apresentar defesa e recorrer. O dinheiro arrecadado só pode ser investido em despesa com sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento.

* Golby Pullig  é jornalista
Email:golbypullig@gmail.com

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