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Sem essa de pais, padrinhos ou madrinhas

A vitória de Marcus Alexandre na última eleição na Capital é um desses fatos sobre o qual se pode dizer, mesmo que à luz da análise mais tímida, que não tem pai, padrinho nem tampouco madrinha. O quadro, com o movimento das peças no tabuleiro do xadrez político, deixa claro que era nítida a tendência da população em buscar novas caras e novas personagens capazes de se movimentar com desenvoltura e ainda com credibilidade na corrida pelo cargo de prefeito municipal. A vitória da Frente Popular no último pleito mostrou isso.

Neste sentido, Tião Viana foi buscar para a disputa o jovem Marcus Alexandre, engenheiro civil conhecido por sua capacidade de trabalho de forma eficiente e com extensa e relevante folha de serviços prestados na construção da infraestrutura do Acre. O mérito de Tião Viana consiste exatamente nisto: apesar de sua capacidade de trabalho e da extensa folha de serviços prestados ao povo acreano, Marcus Alexandre não era conhecido da grande maioria da população, posto que jamais fora candidato.

Pois bem. No momento das projeções das candidaturas dentro da Frente Popular para passar pelo crivo das bases e da direção dos partidos que integram a coligação mais longeva na história recente da política nacional, a engenharia política montada por Tião Viana provou que o perfil de Marcus Alexandre era o ideal para o momento político que o Acre vive, exatamente pela capacidade de continuidade do extraordinário trabalho do prefeito Raimundo Angelim, além de propor inovações. Isso falou mais alto e certamente contribuiu para o bom senso e manutenção do compromisso com o projeto maior que vem dando certo para o Acre e o Brasil. Com isso, o deputado federal Sibá Machado, em nome da unidade nos princípios, retirou a proposta de sua candidatura dentro do PT. A também deputada federal Perpétua Almeida, pelo PCdoB, também retirou logo após. O caminho estava, portanto, livre para a Frente Popular apresentar seu candidato a prefeito. E veio o embate propriamente dito. Tião Bocalom, o principal adversário na disputa, candidato por demais conhecido graças às diversas e tantas candidaturas e eleições que disputou, saiu na frente com mais de 30 por cento da preferência do eleitorado. Neste momento, Marcus Alexandre tinha, em todas as pesquisas, apenas um traço, zero. Era candidato pela primeira vez.

Não foi, portanto, surpresa que tenha feito uma campanha de nível elevado, limpa. Assim ganhou muitos pontos. Nos debates, se saiu muito bem e a cada dia ganhava mais e mais aceitação popular. Mostrou que tinha propostas as quais apresentava com desenvoltura e segurança. Paralelo a isso, as costuras e arquiteturas na montagem de um quadro pintado a muitas mãos, contando com parceiros das diversas áreas da sociedade acreana, trabalhada por Tião Viana, um governador que desfruta de uma credibilidade tão forte que quase beira aos 90 por cento de aceitação popular. Como vimos, Marcus Alexandre termina o primeiro turno da eleição com oito mil votos na frente de Tião Bocalom, mas, ainda assim, a eleição vai para o segundo turno.

A chamada oposição então resolve se unir pela primeira vez na tentativa de derrotar um pedaço importante do projeto de um Brasil moderno e comprometido com o tecido social historicamente mais desamparado e desasistido. Não queriam derrotar apenas o Marcus Alexandre, o PT ou a Frente Popular. Queriam derrotar Lula, o maior líder das Américas, um autêntico estadista em nível mundial, e ainda o governador Tião Viana, igualmente um líder de elevada estatura em nível local e nacional. Assim, aqueles que empunharam a foice da tentativa de degola de um projeto apoiado pelo povo, a chamada oposição se revelou no que há de pior em termos ideológicos, a direita raivosa, babante e venenosa. Sem um líder ideológico, fez seu ninho na oposição “bocaloniana”  e fez, como vimos, uma campanha agressiva, sem nenhuma base teórica, desnivelada e sem conteúdo.

Foi sim uma campanha de teor fascista que fez lembrar, nos tristes anos 40, a união  dos países do eixo (A Alemanha de Hitler, o Japão de Hiroito e a Itália de Mussoline) contra o mundo democrático de então. Ambos, os fascistas de lá daqueles tempos e os de cá da atualidade, foram derrotados. Os de lá, derrotados pelas armas; os de cá, pelo voto e a vontade popular, que são armas mais poderosas que o chumbo e o fogo.

Na campanha, Marcus Alexandre teve sim colaboradores, parceiros, militantes de primeira hora e outros que chegaram depois – mas chegaram e foram igualmente importantes! Foi a reunião de um conjunto de pessoas de bem que demonstraram bem querer ao povo, à cidade e ao Acre. Logo, a eleição de Marcus Alexandre, como já dito acima, não tem essa de pai ou padrinho ou madrinha. O pai e o padrinho de tudo isso é o projeto do Acre contido no projeto Brasil Moderno e que tem em Marcus Alexandre sua própria imagem e que ele tem a obrigação de cumprir e levar adiante porque, uma vez mais, a população demonstrou que o aprova.

Se não há pai ou padrinho, necessário se faz reconhecer, no entanto, que há sim, no caso, um arquiteto e condutor político desta vitória, o governador Tião Viana, que consolida sua grande liderança junto a uma população que atendeu o seu pedido de voto em Marcus Alexandre, um jovem engenheiro de 35 anos que aceitou o convite de ousar ser prefeito de Rio Branco, candidatando-se pela primeira vez a um cargo majoritário e vencer uma eleição disputada quase voto a voto.

Julgo então que está descartado o surgimento de outros pais, padrinhos ou madrinhas desta criança. Quem assim se apresentar não estará sendo justo com a história nem tampouco honesto.  

 * Carlos Paz é engenheiro agrônomo.

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