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Cruzeiro do Sul ganhará fábrica para produzir biscoitos de goma

Um dos produtos mais tradicionais de Cruzeiro do Sul está prestes a receber reforço no processo de produção. O famoso biscoito de goma, extraído da mandioca, bastante apreciado por consumidores locais e principalmente por turistas, é um dos produtos do Juruá que faz parte da história da região.
Secretário Edvaldo Magalhães se reuniu com as “biscoiteiras” de Cruzeiro e garantiu recursos para fábrica
Quem vai ao mercado da cidade logo percebe que no famoso “kit cruzeirense”, além do feijão e da exclusiva farinha de Cruzeiro do Sul, não pode faltar o biscoito mais famoso da região, incrementado com sabores naturais de frutas como o maracujá, cupuaçu e até chocolate.

Em recente visita ao Juruá, o governador Tião Viana foi procurado por um grupo de 30 mulheres, conhecidas como biscoiteras, que tiveram a iniciativa de criar uma associação e procurar ajuda governamental.

A missão foi dada ao secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Negócios Sustentáveis, Edvaldo Magalhães, que se reuniu com as biscoiteiras na comunidade Assis Brasil, na última quinta-feira.

Trouxe boas notícias. Atualmente, a venda de biscoitos é apenas uma complementação de renda. Com a interlocução do governo, a atividade pode se transformar em indústria. A possibilidade de aumento na escala de produção aumenta as possibilidades de tornar o empreendimento um negócio promissor.

Na varanda da casa de dona Marliz Maciel, Edvaldo Magalhães anunciou às mulheres da associação das biscoiteiras que será feita aquisição de uma área de terra de quase quatro mil metros quadrados, para a construção da Fábrica de Biscoito, com recursos garantidos pelo Governo do Acre.

“Esta fábrica será construída para atender todo e qualquer padrão de qualidade, inclusive com embalagens padronizadas e códigos de barras. Também teremos todo cuidado para que a tecnologia investida aqui, não interfira no sabor artesanal do nosso produto”, comentou Magalhães.

Contente e entusiasmado, o grupo de mulheres garantiu todo o empenho para o sucesso do negócio. Hoje, elas produzem cerca de 1,8 TON de biscoitos de goma por mês. Com a fábrica em funcionamento, a expectativa é que a produção possa duplicar. Em 30 dias será apresentado o projeto de construção da fábrica de biscoitos. (Assessoria Sedens)


Relações econômicas referenciam práticas de adoção

 VICTOR AUGUSTO
Durante dois dias, Rio Branco sediou o VII Encontro Norte/Nordeste de Apoio à Adoção (Enoapa) e o I Encontro Trifronteiriço de Adoção (ETA – Brasil Peru – Bolívia). O evento reuniu profissionais de diversas áreas para descobrir formas de romper com as fronteiras para estímulo à adoção consciente.
Procuradora Katia Rejane falou da importância de envolver diversas instituições na causa
“A proposta desses encontros é buscar otimizar tempo no processo de adoção, afim de possibilitar que famílias possam adotar crianças sem a burocracia que nos deparamos e envolver instituições e pessoas nessa causa”, disse a procuradora geral adjunta do Ministério Publico Estadual, Katia Rejane.

Um dos pontos discutidos no encontro foi sobre o planejamento familiar. A Assessoria Especial da Juventude, com trabalhos desenvolvidos em escolas da rede pública, mostrou um trabalho de conscientização, no qual formou mais de 500 alunos em alguns municípios acreanos.

“Com a formação desses mais de 500 alunos da rede pública, podemos ter a certeza de que contribuiremos para evitar a falta de planejamento familiar e a gestação em adolescentes, que, na maioria das vezes, não têm condições de manter os filhos e acabam entregando para adoção ou entregando para outras famílias criarem”, destacou o assessor especial da juventude estadual, Thiago Higino.

Uma nova situação foi exposta pelo Ministério Público durante o encontro. Sem condições de manter a educação, a saúde e o acompanhamento das crianças, muitos pais buscam referência no Educandário Santa Margarida. O contato com os familiares era feito somente aos finais de semana.

“As famílias não possuem estrutura para se manter”, constata a procuradora de Justiça Kátia Rejane. “Para oferecer uma oportunidade a essas famílias, fechamos uma inovadora parceria com o Sebrae e a Secretaria de Pequenos Negócios (Sepen), por meio da qual serão oferecidas qualificação e profissionalização”.

O Sebrae e a Sepen estarão em ações conjuntas, como oferecer a qualificação e estruturação para que as pessoas contempladas possam ter oportunidade de se manter no mercado de trabalho e manter sua renda.

“Hoje firmamos um novo passo para o empreendedorismo, que é a qualificação empreendedora para essas famílias, para que possam ter acesso a uma renda e manter a estrutura necessária para a família. O Sebrae irá oferecer toda a capacitação empresarial, qualificação e profissionalização, além de auxiliar na seleção das pessoas para se incluírem nesse processo” destacou a diretora técnica do Sebrae, Elizabeth Monteiro.

“Com a triagem e qualificação que o Sebrae fará dessas famílias e pessoas, caberá a nós do governo oferecer uma estrutura para que elas se mantenham, como a senhora Sandra Brito de Feijó. Ela era doméstica e participou de nossas profissionalizações. Hoje, ela mantem sua família e seus sete filhos com o próprio salão de beleza e já comprou transporte próprio. E queremos fazer isso por todas as pessoas que participarem” afirmou o secretário de Pequenos Negócios, José Carlos Reis.

OPINIÃO: Jurilande Aragão Silva*

Imposto na Nota. NÃO Veta, Dilma, NÃO Veta!

 Não se inicia nenhum comentário sobre o tema “Imposto ou Tributos”, sem que não se comece dando destaque aos absurdos aqui cometidos. Seguem abaixo algumas distorções que motive reflexão àqueles que iniciarem a leitura:

1- O Brasil é de longe o país que as empresas gastam mais tempo cumprindo obrigações com o fisco. São, em média, 2600 horas anuais. Ou seja, 108 dias calculando o que o governo leva do negócio. Na Suíça, são 15 horas. Aqui perto, no Chile, 316!

2- São 60 os tributos existentes. Uma sopa de letrinhas, onde se destacam: ICMS CSLL, ISS,PIS, COFINS, IR,IPI,IPTU, IPVA, CIDE…………………………,59,60

3- Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), entre a promulgação da Constituinte em outubro de 1988 e outubro passado, 2012, foram editadas 290.932 normas, somente na área tributária: 30 por dia nesses 24 anos. Se tudo fosse colocado em um livro, pessaria sete toneladas.

4- O IBPT também calcula que o setor privado gasta R$ 45 bilhões por ano com a manutenção de equipe e sistemas dedicados exclusivamente aos impostos. Na Petrobras, que paga R$ 82 bilhões de imposto por ano, 1000 pessoas dedicam-se a atender o fisco. Na Ambev, são 40, aqui, contra 10 na matriz, sediada na Bélgica.

5- Ainda no quesito grandeza, segundo o IBPT, no Brasil, trabalha-se cinco meses por ano para pagar impostos, gerando um comprometimento de 40,98% da renda bruta do trabalhador para os fiscos Federal, Estadual e Municipal. Isto significa que, este ano, apenas em 30 de maio, o trabalhador começou a trabalhar para si mesmo: são 150 dias para os três fiscos, um dia a mais que no ano passado e quase o dobro do período registrado na década de 70.

6- De acordo com os estudos conduzidos pelo economista Paulo Rabello de Castro, “Agenda para o Brasil”, o potencial de crescimento da economia brasileira é menor hoje por ser maior e crescente sua carga tributária.  Observa-se ainda que nesse movimento progressivo reduz-se, ano a ano, a parcela de lucros retidos, principal fonte de formação da poupança empresarial. Ainda segundo Paulo Rabello, o crescimento da carga tributária tem freado a taxa de eficiência da economia de modo tão significativo nos últimos anos que se poderia afirmar, sem risco de erro, que o Brasil perdeu, pelo menos um ano de PIB a cada década.    


Mas, o país vem fazendo consertos. Só que o trabalho é lento. Muito lento! Mas, estamos avançando. Para moralizar a gestão publica, direitos humanos, cidadania, igualdade entres as diferentes classes e, é claro, que ia chegar a vez do contribuinte.

· Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei da Ficha Limpa, Lei Maria da Penha, Lei de Acesso à informação, Lei da Transparência, Lei Seca, Lei das Cotas e Estatuto da Criança e do Adolescente.

Como se vê, os instrumentos vão sendo obrigatoriamente incorporados no nosso dia a dia. Alguns construídos nas esferas de entidades que buscam a participação popular, como no caso da Lei da Ficha Limpa, que levou até o parlamento mais de 1,3 milhões de assinaturas e obrigou o Congresso a sua aprovação.

Como disse o poeta Fernando Pessoa, por meio do heterônimo Álvaro de Campos, no início do seu maior poema Tabacaria, “… à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo…”, eu digo “para juntar a tudo isso”.

Em 2006, as associações comerciais de todo Brasil – somos quase três mil – a maior capilaridade assosiativista do mundo, sob o comando da Associação Comercial de São Paulo, demos início ao projeto “De Olho no Imposto” para angariar um milhão e meio de assinaturas, para fazer valer o parágrafo quinto do artigo 150 da nossa Constituição cidadã. A Carta Magna necessitava de uma entidade de força, com credibilidade: afinal, fazia ali quase 20 anos de sua promulgação. “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos a cerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços”.

Obedientes e fiéis seguidores, a partir de 2006 fomos às ruas, armamos barracas, levamos produtos com preços e as respectivas taxas de tributos fizemos a imprensa do Brasil inteiro noticiar. Aqui em Rio Branco, armamos barracas no calçadão da Benjamin Constant, dois sábados alternados, e assistimos a população, perplexa, não acreditando no que via. As imagens eram essas:

PRODUTOS X PERCENTUAL DE IMPOSTOS                   
Absorvente Higiênico – …………………………………….34%
Cachaça – …………………………………………………….82%
Muleta – ………………………………………………………40%
Açúcar – ……………………………………………………..32%
Caneta -……………………………………………………. 48%
P. Higiênico-……………………………………………….. 40%
Agua – ………………………………………………………..38%
Casa Popular -……………………………………………. 48%
Pasta de Dente- …………………………………………….35%
Almoço em Rest. – …………………………………………32%
Cerveja- …………………………………………………….56%
Soro-………………………………………………………… 30%
Ar- condicionado- ………………………………………….48%
Conta Luz- …………………………………………………..48%
Transp. Coletivo – ………………………………………….34%
Biscoito – …………………………………………………….37%
Conta Tel.- …………………………………………………..46%
Vinho-………………………………………………………… 55%
Liquidificador -……………………………………………….. 44%
Luminária-……………………………………………………. 44%
Maq. Lavar Roupa – ………………………………………….48%
Xarope – ……………………………………………………….35%
Bateria Carro-………………………………………………… 49%
Vela- …………………………………………………………….41%
Pilhas/ Bateria- ………………………………………………..52%
Pneus- ……………………………………………………………36%
Terno- ……………………………………………………………36%

Em 2007, as mais de 1,5 milhões de assinaturas. Inclusive, oito mil daqui da terra de Galvez, chegaram no Congresso e foram abraçadas pelo presidente do Senado à época, senador Renan Calheiros.

De imediato, a lei foi aprovada no Senado e aí partiu para Câmara em 03-07-2007. Se a via dolorosa de Jesus foram 9, a do PL 1472/2007 foram 69. Até dia 13 passado, os motivos eram “devolvido ao relator até a retirada de pauta” e outras coisas menos angustiantes. Foram 5 anos, 4 meses e 10 dias.

Pois é! A notícia positiva lá de cima é que semana passada, dia 13 de novembro, foi finalmente aprovado o projeto de lei que obriga a divulgação do percentual de impostos e contribuições que incide no preço das mercadorias e serviços. A exposição dos tributos terá que ser feita na nota fiscal ou no painel eletrônico instalado no local visível. Com isso, o consumidor saberá, no ato da compra, o peso da carga tributária! “O que isso representa?”, perguntarão alguns.

Não é o seu caso, nobre leitor, pois se você lê um jornal já está capacitado para não fazer essa pergunta, mas o seu Admastor lá do seringal Oco do Mundo terá repetidas vezes a informação que na compra de seu chinelo, da sua lata de óleo de soja, da sua barra de sabão está pagando de 30 a 50% de impostos. Com isso, os prefeitos, governadores e até os presidentes de plantão, quando nos seus discursos serão mais contidos. O “eu fiz” pode ceder lugar para “nós fizemos”. Afinal, Seu Admastor agora sabe que o posto de saúde, a escola com merenda, até o bolsa família vem dos impostos pagos nas compras dos produtos. Saber quanto paga de imposto é tão importante quanto a Lei da Ficha Limpa e a Lei da Responsabilidade Fiscal.

Mas nem tudo é calmaria. Do dia 13 ao dia 25, já surgiram os profetas do “não dá pra fazer”. Até o digníssimo ministro Mantega já profetizou que “vai ser muito difícil incluir todos os impostos”. Alega que “existe um problema operacional” e algumas coisinhas a mais. Argumentos próprios de quem não quer fazer! Apesar de declarar apoio à transparência, alguns integrantes do governo reconhecem a inconveniência de ter o gasto com imposto descrito ao final de uma compra.

Na verdade, temem que o nível de críticas sobre a alta carga tributária aumentaria! E aí poderão sugerir para a presidenta Dilma vetar tudo! (Deus me livre!) E tem mais: se existe dificuldade, é por conta dessa complexa rede que se compõe o sistema tributário brasileiro. A partir daí, poderemos buscar uma revisão. Poderemos até alterar o artigo 6: em vez de “Esta lei entra em vigor 6 meses após a data de sua publicação” passa a ser de 12, ou 16 meses de sua publicação. Vai uma ideia: “esta lei entra em vigor dia 2 de janeiro de 2015”, primeiro dia útil de um novo governo!!! Quem sabe pode ser o segundo da DILMA!!! (essa é para amaciar!) NÃO veta, Dilma! NÃO veta! Essa Lei dará início à tão desejada Reforma Tributária!!!!

Jurilande Aragão Silva*
Diretor Presidente da ARRAS IMÓVEIS
Presidente da ACISA – Associação Comercial,
Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre.
Membro Titular do Conselho Deliberativo
Estadual do Sebrae/AC.
Membro Titular do Conselho da COPIAI.

PS: A ACSP (Associação Comercial de São Paulo), que não dorme em serviço, afirmou já ter desenvolvido um software que faz a apuração de todos os tributos, que serão distribuídos gratuitamente!

Entrevista: Silvio Da Rin

Itinerário de um drama

ITAAN ARRUDA
O river movie “Paralelo 10” é o décimo sexto filme do cineasta Silvio Da Rin. As gravações terminaram há dois anos. No III Festival Pachamama – Cinema de Fronteira, o público do Acre teve contato com um meticuloso trabalho de pesquisa que trata de um assunto ainda pouco conhecido: o drama da vida dos índios isolados.

O nome “Paralelo 10” é uma referência à localização da região onde está um dos poucos grupos humanos que permanecem sem fazer contato com o que o cineasta chama de “sociedade hegemônica”.
Por meio de narrativas, o documentário apresenta o que pensam as comunidades paralelas aos “índios brabos” e mostra como a Funai tem executado a política do “não contato”, por meio do trabalho do sertanista José Carlos Meireles e do antropólogo Terri Aquino.

Com uma fotografia, em alguns momentos, intimista e um tratamento de áudio cristalino, “Paralelo 10” foi uma das vedetes do festival. Antes de uma palestra sobre o filme ocorrida na Biblioteca da Floresta, Silvio Da Rin falou ao Acre Economia.
Silvio Da Rin aborda drama dos índios isolados e trabalho da Funai em relação ao assunto, no documentário “Paralelo 10”

ACRE ECONOMIA: O que te motivou a fazer esse filme? Por que Paralelo 10 foi necessário?
Sílvio Da Rin: A realização desse documentário partiu de uma dupla descoberta. Uma dupla constatação. De um lado, o Brasil era país do mundo onde havia maior número de índios sem contato regular. Ao mesmo tempo, eu descobri que existia uma categoria profissional que até então eu desconhecia que era dedicada exatamente a isso. Historicamente foi dedicada a atrair e de fazer contato com índio e que refletindo e amadurecendo as consequências do seu trabalho chegou a uma conclusão de que Funai deveria mudar o Norte de sua política. E, ao invés de atrair e contatar, pacificar e eventualmente remover os índios de seus territórios ancestrais, passaram a proteger. O entendimento é de que, ao localizar territórios onde índios, que não tenha contato com a sociedade hegemônica habitam, procurar delimitar e homologar essa terra para os isolados. Sem fazer contatos. As frentes de atração, as frentes de contato passaram a ser denominadas frentes de proteção etno-ambiental. O nome é auto-explicativo. Trata-se de proteger, ao mesmo tempo, etnias e grupos indígenas com seus costumes, sua língua, sua indumentária e o meio ambiente. Porque ninguém pode preservar o meio ambiente do que aqueles que dependem diretamente dos frutos por meio da caça, da pesca, da coleta, da atividade extrativista, feita em baixíssimo impacto porque é feita para subsistência das famílias desse grupo indígena.

ACRE ECONOMIA: Na fase de produção, quais foram as suas primeiras necessidades?
Sílvio Da Rin: Eu rapidamente me dei conta de que precisava de um case. Eu precisava de um caso exemplar para poder chegar a um reduzido conjunto de personagens. Não que esses personagens fossem representar a categoria dos sertanistas. Porque cada homem, cada profissional, cada pessoa tem a sua experiência original, irredutível. Mas, eu precisava do case para dar conta de uma experiência bem sucedida em uma região sujeita a impacto como costumam ser as áreas de fronteira. Agressões que vêm do país vizinho muitas vezes: madeireiros, garimpeiros, narcotraficantes etc. Esse case era necessário para criar uma empatia com o espectador. O documentário é, antes de tudo, cinema. E o cinema afeta, atinge o coração e a mente dos espectadores quando os empatiza. É o drama humano que costuma criar essa empatia. Eu procurei um personagem que atendesse a um conjunto de características: tivesse extensa experiência na atividade, atuasse em uma área complexa, problemática, sujeita a impactos e, ao mesmo tempo, fosse uma pessoa carismática, um bom fabulador e, depois de um período de pesquisa, estava preparando as filmagens para dezembro de 2007 quando fui chamado por Gilberto Gil para exercer o cargo de secretário nacional do áudio-visual. E eu não poderia, sendo a autoridade do audiovisual do ministério, movimentar recursos públicos para a realização de um filme. Então, tive que adiar o projeto por três anos. E, no segundo semestre de 2010, quando eu saí do Ministério da Cultura, eu retomei a pré-produção. Tive um grande apoio do Governo do Acre, de instituições acreanas, especialmente da Usina de Artes e do então secretário de Cultura, Daniel Zen e fizemos um levantamento e chegamos então aqui em meados de dezembro e partimos para Feijó.

“O documentário é, antes de tudo, cinema. E o cinema atinge o coração e a mente dos espectadores quando os empatiza. É o drama humano que costuma criar essa empatia”.
ACRE ECONOMIA: O que motiva Paralelo 10 não é filmado. Que dificuldades isso trouxe para a execução do documentário?

Sílvio Da Rin: O fato de o filme girar em torno dos índios isolados e os índios isolados não terem sido filmados não nos causou dificuldade nenhuma. E é algo absolutamente natural. Se nós apoiamos essa política do ‘não-contato’ obviamente nós não poderíamos procurar o contato. A política adotada hoje pelo governo brasileiro, pela Funai, pelos sertanistas é de só fazer contato em casos de extrema necessidade ou quando o grupo manifesta desejo desse contato. Não necessariamente deveria ser assim. Os isolados aparecem no filme por meio de fotos aéreas que foram feitas por meio de uma incursão em que o Meireles estava presente.

ACRE ECONOMIA: Houve filmagem também.
Sílvio Da Rin: Eu não procurei esse material filmado porque achei que a melhor maneira de apresentar os isolados, as malocas, as aldeias era por meio das oficinas que o Meireles e o Terri [antropólogo Terri Aquino, outra personagem de destaque no documentário Paralelo 10] promoveram em aldeias kulina e ashaninka. Então, as mesmas imagens que esses índios viram são as mesmas imagens que eu dou a ver ao espectador. Essa é uma condição… eu diria até que é um pressuposto do filme. Não causou nenhuma dificuldade. Pode causar alguma frustração no espectador, mas nós procuramos organizar a narrativa de modo a dar um ritmo ao filme em que fosse construído uma espécie de epílogo ao filme que arredonda essa narrativa. Do modo a minimizar a expectativa que alguém viesse a ter contato direto com esse personagem elíptico que são os índios isolados. O meu objetivo evidentemente é dar a conhecer essa política do ‘não contato’.

ACRE ECONOMIA: A presença do índio no documentário fica fortalecida, então, pela sua própria ‘ausência’.
Sílvio Da Rin: Existem vários modos de conotar proximidade dos isolados na região. É claro que o material sonoro… o aproveitamento dos sons da natureza e os relatos dos índios aldeados kulinas, ashaninkas e das comunidades de não índios sobre a relação das ameaças que esses índios isolados podem constituir… como lidar com essa ameaça de modo a não desencadear genocídios, processos conflitivos, sangrentos, que são parte constitutiva da história do Acre… então, eu acho que esses depoimentos e essa relação deles com o Meireles pedindo assistência, contestando o apoio que a Funai indiretamente dá aos índios isolados ao criar terra em que os índios aldeados não podem entrar e são as melhores áreas para caça e para pesca e isso favorece uma melhor condição de vida para os isolados que eventualmente atacam os índios aldeados… isso tudo dá ao espectador algumas referências: quais são as condições de vida existentes na região? Qual a possibilidade desses conflitos serem resolvidos? Qual o objetivo da Funai ao protege-los? Como é a relação dos isolados com os que habitam a região? Tudo isso contribui para o espectador perceber em que situação os isolados vivem.

ACRE ECONOMIA: Por quais processos de transformação você passou quando entrou no barco e ao sair dele?
Sílvio Da Rin: A experiência amazônica… um mergulho na Amazônia é uma experiência necessariamente transformadora. Acho muito difícil você percorrer durante três semanas, conhecer as experiências daqueles que vivem nas cabeceiras dos rios, conhecer os conflitos que acontecem ali, viver a condição amazônica que é, por excelência, líquida e não ser transformado. Então, eu fui tão afetado pela experiência que decidi que o meu projeto seguinte seria também na Amazônia.

ACRE ECONOMIA: Você pode adiantar um pouco do que vem a ser esse projeto?
Sílvio Da Rin: Eu estou preparando um projeto para filmar uma reserva de desenvolvimento sustentável na Amazônia, baseado em alguns personagens de sua população.

NOTAS ECONÔMICAS

Estratégia
Com apenas as prefeituras de Cruzeiro do Sul, Brasileia, Rio Branco e Acrelândia no azul, os parlamentares federais têm que fazer mágicas para garantir emendas às outras cidades. As prefeituras inadimplentes são impedidas legalmente de receber as verbas. A estratégia é usar o Governo do Estado para que convênios sejam realizados.

É economia!
A edição do Acre Economia desta semana traz uma entrevista com o cineasta Silvio Da Rin. Muitos podem se perguntar que relação existe entre cinema e Economia. A dúvida expõe a pressa. Com mais calma, percebe-se que as políticas públicas analisadas no documentário tentam preservar a Cultura e o Espaço de grupos ainda não contatados.

É Economia! II
Essa relação é essencialmente econômica. O Brasil, no que se refere a essa política de proteção a índios isolados, é referência mundial. O documentário mostra como o trabalho desenvolvido pelo sertanista José Carlos Meireles e pelo antropólogo Terri Aquino tem sido importante até para frear a ação de madeireiros ilegais na região.

Empreendedorismo
Durante o VII Encontro Norte/Nordeste de Apoio à Adoção (ENOAPA) e o I Encontro Trifronteiriço de Adoção (ETA – Brasil Peru – Bolívia), um convênio com o Sebrae apontou caminhos para criar a cultura do empreendedorismo nas famílias.

Também amor
O ato de adotar é realizado, na maior parte das vezes, pela emoção. Não há critérios lógicos. O problema é que muitas famílias não avaliam as consequências econômicas do gesto. Algumas passam “por apertos” que podem ser minimizados com uma postura empreendedora. É isso o que busca a parceria do poder público com o Sebrae.

Construcard
A Caixa Econômica Federal reforça presença nas linhas de crédito focadas para o setor da construção civil. A assessoria de imprensa do banco informa que de segunda-feira (26) a sexta-feira (30), “os clientes CAIXA que realizarem compras utilizando o crédito, terão benefícios especiais, como a taxa de juros mais baixa do mercado”.

Construcard II
As compras podem ser feitas em 18 lojas de materiais de construção e acabamento, móveis planejados, marcenarias e depósitos participantes. O crédito pode ser pago em 96 meses com carência de 6 meses. De fato, são opções tentadoras.

O verbo
Mas, qualquer adesão a esses tipos de acesso ao crédito é preciso fazer planejamento. A Caixa é uma instituição federal. Ela quer, por meio do acesso ao crédito, aquecer setores estratégicos da economia. Mas, é preciso saber se o seu bolso, leitor, está pronto para isso. Planejar! Planejar! Planejar! Esse é o verbo.

Retórica
A divisão de emendas parlamentares é sempre um momento muito especial. Parlamentares da situação, oposição, governador do estado: tudo junto e misturado. A retórica na boca de todos é que “são parlamentares dos 22 municípios” etc. etc. A vontade é bem outra. Na verdade, uma cena de pura retórica, mas que tem garantido maior consistência e impacto na vida comunitária com a distribuição dos recursos federais.

Até julho
E vem do senador Jorge Viana o alerta. Já que as torneiras estão apertadas e o dinheiro raro, os prefeitos que não forem comedidos nos gastos, podem ter problemas mais cedo do que imaginam. “Se gastarem dinheiro nos três primeiros meses de 2013, não chegam a junho”, afirmou.

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