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Em conferência, Brasil Kirin descarta investimentos no Acre

A holding japonesa Kirin, que adquiriu a Schincariol em novembro do ano passado por R$ 6,5 bilhões, descartou possibilidade de investir na Zona de Processamento de Exportação do Acre. “Não está em nossas prioridades” diz Gino Di Domenico, presidente da Brasil Kirin.
kirinDe janeiro a outubro, a empresa registrou crescimento de 12% no faturamento. Só no segmento cerveja, aumento foi de 9,9%
A afirmação foi feita por uma áudio-conferência a qual o Acre Economia teve acesso exclusivo entre os periódicos da região. Os principais veículos que fazem cobertura de economia participaram da entrevista coletiva.
“A marca Schin é uma importante marca nas regiões Norte e Nordeste, mas qualquer possibilidade de ampliação para o Norte ainda não está entre as nossas prioridades, não apenas no setor de alcoólicos como também entre os outros setores da holding”, sentenciou Domenico.

A Schincariol já tinha fortes investimentos no Nordeste, inclusive com produtos específicos para a região. O Nordeste, avalia Domenico, é um mercado em expansão no país. “Não dá para desprezar um mercado que detém 15 por cento do PIB do Brasil”, afirma o executivo.

Sendo uma holding japonesa, com investimentos em vários setores da indústria, inclusive em fármacos, a utilização da estrutura da Zona de Processamento de Exportação do Acre seria geograficamente estratégica para o grupo.

Mas, de acordo com o que foi divulgado recentemente pela empresa, o foco da nova companhia Brasil Kirin é o consumidor. “A nossa marca está voltada para o consumidor e não na concorrência”, diferenciou Domenico. O grupo não quer expandir internamente no Brasil para produzir o que já é fabricado pelo grupo em outros países. “Nós temos que atuar com o olhar ‘do’ cliente e não ‘no’ cliente”.

Domenico esclareceu que a empresa “não trocou de CNPJ” e que, portanto, continua com as mesmas responsabilidades administrativas. Com 16,6% de market share no segmento cerveja e 6,83% no segmento refrigerante.
O Brasil está entre as cinco maiores operações, totalizando 5% do faturamento do grupo Kirin nos 15 países em que atua.

De acordo com o Sistema de Controle de Produção de Bebidas, “de janeiro a outubro deste ano, a empresa registrou um crescimento de 12% no seu faturamento e 9,9% em volume no segmento de cervejas”.

Brasil Kirin aposta na regionalização
A partir de agora, a Brasil Kirin, a nova empresa do segmento de bebidas, integra um grupo global com mais de 41 mil funcionários no mundo, presente em mais de 15 países, e faturamento de mais de R$ 52 bilhões ao ano.
De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, a subsidiária da Kirin Holdings Company, a Brasil Kirin, “tem suas marcas distribuídas por 11 centros de distribuição próprios e 194 revendas para cerca de 600 mil pontos de venda em todo o Brasil. São 13 unidades fabris responsáveis por produzir cervejas, sucos, refrigerantes e águas”.

Nova logomarca – A nova logomarca da empresa é um ideograma inspirado nos quatro elementos da natureza. “As cores refletem a força do verde e do amarelo do Brasil e o vermelho da marca japonesa”, explica a assessoria da companhia. “O ideograma completo representa água, em japonês, principal recurso utilizado na produção de bebidas”.


Portfólio

 A Brasil Kirin tem em seu portfólio as seguintes marcas de bebidas:
Alcoólicas: Nova Schin, Schin No Grau, Devassa, Baden Baden, Eisenbahn, Cintra e Glacial.
Não alcóolicas: Água Schin, Schin Tônica, Schin Refrigerantes, Itubaína, Mini Schin, Fruthos e Skinka.


 

Operação Delivery: “O problema é econômico, social e expõe distúrbios”, diz psicóloga

ITAAN ARRUDA
A exploração sexual de crianças e adolescenes é um tema que alimenta uma das maiores polêmicas do Acre dos últimos anos. A Operação Delivery traz para o debate uma situação que muitos julgam “normal”, usando fatores culturais como defesa.
DSC03435Rutilena Roque: 15 anos de trabalho naVara de Infância e Juventude e atende casos em que sexo e juventude estão em desarmonia
A psicóloga do Tribunal de Justiça do Acre, Rutilena Roque, discorda do argumento. Com o currículo recheado por 15 anos de trabalho na Vara da Infância e Juventude, ela sabe, como poucos, as consequências traumáticas para adolescentes que são vítimas da exploração sexual. “Ficam traumas para o resto da vida”, constata a psicóloga.

Ela também refuta a tese do senso comum de que as meninas sujeitas à exploração sexual são “libidinosas” (para usar um termo publicável). “Elas são vítimas e, no extremo, se elas se oferecerem, cabe aos adultos ter o discernimento de rechaçar”, pontua.

Muito tem se falado ultimamente sobre os usuários da rede de exploração sexual de adolescentes no Acre. Pouco tem se falado sobre as meninas. Quem são? Que histórias têm? Como se comportam? No discreto ambiente do café do Palácio da Justiça, a psicóloga respondeu essas perguntas ao Acre Economia.

Rutilena Roque: 15 anos de trabalho na Vara de Infância e Juventude e atende casos em que sexo e juventude estão em desarmonia

Acre Economia – Por que uma menina, uma adolescente se envolve com um homem adulto, que teria idade de ser pai ou até avô dela?
Rutilena Roque – Uma vez eu fiz essa mesma pergunta a uma adolescente de família bem humilde. Ela disse: ‘Pô… eu tenho vontade de comprar uma calça, um sapato, uma roupa. Ele me dá o dinheiro e eu compro’. E eu rebati, perguntando se valeria a pena se expor daquela forma, a estar se envolvendo com esse prazer daquela forma em busca desse bem material…

Acre Economia – Esse é um problema de natureza econômica e social?
Rutilena Roque – É um problema de ordem econômica e social e expõe distúrbios. Mas, é preciso ter cuidado aí. Isso não acontece só com as classes inferiores, não. Não há distinção. É claro, no entanto, que as mais pobres estão mais vulneráveis.

Acre Economia – O que faz esse assunto estar mais presente hoje em dia…
Rutilena Roque – Mas, isso eu me pergunto. ‘Será que hoje está acontecendo mais?’ Se nós fizermos uma retrospectiva histórica, veremos que essa relação sexual entre a pessoa adulta e adolescentes acontecia. Em algumas culturas, a iniciação sexual da adolescente era feita pelo pai. E isso era normal. Mas, na nossa cultura, isso não é normal. É preciso contextualizar. Hoje, há leis que protegem, há imprensa, há redes sociais que democratizaram a divulgação de informações. O que acontece hoje é que se está denunciando mais.

Acre Economia – Não aumentaram os números de casos…
Rutilena Roque – Sim. Denuncia-se mais. Mas, isso sempre existiu. Eu trabalho em vários casos de violência doméstica. Principalmente, envolvendo a violência sexual.

Acre Economia – Ainda falando sobre as questões culturais, que dificuldades de análise existem para poder justificar a ideia que que a iniciação sexual precoce é ruim para a adolescente?
Rutilena Roque – Veja você um aspecto. A questão do toque, por exemplo. Se uma pessoa da confiança da criança faz o toque na genitália, essa criança vai ter prazer. Um prazer inconsciente. Se isso se repete, alguém pode apressadamente dizer. ‘Por que a criança não fala ou não se manifesta?’ Ela não fala, não reclama, não se manifesta porque a criança não tem esse discernimento. Cognitivamente, ela não tem consciência de que aquilo não é certo, que é proibido, que aquele que está fazendo é o pai. A criança não tem esses limites. A violência sexual acontece geralmente com pessoas próximas. Apenas 2% ou 1% acontece com estranhos.

Acre Economia – E quando não há freio, não há limites impostos?
Rutilena Roque – Na segunda infância, por volta dos seis anos, se o estímulo é contínuo, a criança cresce querendo buscar aquele prazer. Cada vez mais. Isso passa também pela puberdade.

Acre Economia – Há nesse momento, um argumento muito comum que se ouve que é o seguinte: ‘Ah! Essas meninas já são mulheres. São safadas’…
Rutilena Roque – O problema é que elas estão vivendo uma fase, a adolescência, que já é uma fase conflituosa por natureza. Se se aceita a teoria freudiana, tem-se a seguinte situação: o Ego é a mediação entre o ID [estrutura neuro-psíquica responsável pela libertação dos extintos; ação sem limites; relaciona-se com o prazer] e o Super Ego [estrutura relacionada com o ponderamento, respeito aos limites, uso da razão]. Na adolescência, os jovens estão sob a égide do ID. Mas, é nesse momento que cabe o discernimento e a responsabilidade do adulto. Nesse momento, é o adulto que, com lógica, serenidade, usando a razão, tem que estabelecer os limites. Ele sabe que transar com uma menina que tem idade de ser sua filha ou sua neta e que tem menos de 18 anos é proibido por lei. Por mais que essa menina se insinue, é ele quem tem que concretizar aquilo que é o correto. Agir com Ética. E se negar. Não responder positivamente àquela insinuação.

Acre Economia – E o usuário desse “serviço”… qual é o perfil psicológico dele?
Rutilena Roque – Claro que cada situação tem sua particularidade. Mas, normalmente, ou eles têm algum problema de ordem sexual e se acham com sentimento de inferioridade em relação aos demais: acham que não podem conquistar uma mulher; que se ele for partir para uma paquera ele não vai conseguir; ou existe a questão da auto-imagem: ele se acha um cara feio. Aí, ele compra para ter. Na nossa sociedade atual-mente, a questão sexual está vulgarizada, está banalizada.

Acre Economia – E onde entra o componente econômico?
Rutilena Roque – Como eu falei, esse problema ocorre em todas as classes sociais. Mas, é evidente que as mais pobres estão mais vulneráveis. As famílias são desestruturadas onde não há um suporte que acompanhe o adolescente, vigie o adolescente, saiba onde está, com quem está. Tudo isso, enquanto pai, temos que saber dos nossos filhos. E essas famílias, normalmente, não têm esse suporte.

Acre Economia – E o papel dos meios de comunicação?
Rutilena Roque – Bom, aí entra outro componente muito importante. Se o adolescente pertence a uma família desestruturada; se ele não recebe acompanhamento devido dos pais; se ele sente que os pais não se preocupam com eles… pior ainda: se uma pessoa de confiança iniciou sexualmente essa menina ou esse menino de forma tão precoce… aí você tem uma mistura ideal para desequilíbrios. E os meios de comunicação de massa mostram um universo repleto de tudo o que essa menina quer. É a roupa de marca, a calça, a bolsa, o cabelo, o perfume, o estilo de vida os valores fundamentados no consumo, que ela normalmente não tem acesso.

Acre Economia – As novelas…
Rutilena Roque – As novelas são exemplos péssimos! Os ‘reality shows’ também são péssimos! Essas meninas não têm acesso a isso. Aí o que acontece? ‘Ah! Eu saí com fulano e fulano vai dar tanto e, com tanto, eu consigo comprar tal coisa!’. Pronto, começou o ciclo. E as meninas de classe mais abastadas também vão pelos mesmos motivos. Quando se envolve questão sexual, tudo o que lhe contarem é possível. Principalmente, em se tratando de questões sexuais, o homem vira bicho, em busca do prazer.

Acre Economia – E as sequelas desse problema? Que probabilidades de trauma existem em relação às adolescentes?
Rutilena Roque – Há sequelas graves. Algumas ficam com problemas afetivos e até mesmo sexuais para a vida inteira. É preciso atentar para a valorização do diálogo, da conversa. A conversa não se perde. A palavra não se perde.


 

Amazon Polímeros pode ser a primeira a se instalar na ZPE

ITAAN ARRUDA

A Zona de Processamento de Exportação do Acre pode ter a primeira empresa instalada nos próximos meses. A informação foi transmitida pela assessoria de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, dos Serviços, da Indústria e dos Serviços Sustentáveis. Amazon Polímeros, indústria de rotomoldagem, deve ter o processo concluído no Conselho Nacional das ZPE.
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A diretora executiva da Zona de Processamento de Exportação, Ofélia Machado, apesar de entusiasmada com a possibilidade de instalação da primeira empresa, não detalhou quando o investimento iria efetivamente se concretizar. “Em breve”, desconversou Machado.

A indústria de rotomoldagem é um segmento que abastece outras áreas industriais. Para simplificar: a empresa faz máquinas para alguns tipos de indústrias.

A Amazon Polímeros é uma empresa vinculada à Rotomec, líder no Brasil no segmento de rotomoldagem. Em release distribuído à imprensa, a Secretaria de Desenvolvimento Florestal, dos Serviços, da Indústria e dos Serviços Sustentáveis afirma também que há possibilidade de instalação de uma segunda empresa.

Trata-se da Acreflex, uma empresa do setor de colchões. A Acreflex foi uma das primeiras a demonstrar interesse em instalação na Zona de Processamento de Exportação acreana.

Missão brasileira – Em outubro passado, uma missão brasileira esteve na Coreia do Sul verificando o perfil administrativo da zona de exportação local. Representantes de cinco ZPE’s brasileiras participaram da viagem.
“Essa viagem finalizou a primeira etapa do Termo de Cooperação Técnica firmado entre o governo brasileiro e o governo coreano. O próximo passo será atrair indústrias coreanas para as ZPE’s no Brasil”, declarou a diretora executiva, Ofélia Machado.


NOTAS ECONÔMICAS

ZPE
O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação finalmente tira o pé do freio e deve liberar a instalação da primeira indústria na área alfandegada. A responsabilidade pela demora na apreciação dos planos de negócio deve ser dividida entre a burocracia e o ambiente de crise sistêmica porque passa a economia do país.

Primeira
O suplemento Acre Economia compactua com a proposta da ZPE e deseja que esse projeto do Governo do Acre tenha a sustentabilidade tão necessária ao fortalecimento da economia regional.

Mal explicada
A performance dos parlamentares federais do Acre na votação dos royalties do pré-sal destinado à Educação ficou mal explicada. Ou propositalmente mal divulgada. A coordenação da bancada federal tem o dever de se explicar.

Adultos I
A entrevista com a psicóloga da Vara da Infância e Juventude Rutilena Roque é cristalina pela responsabilização dos adultos em todos os níveis de comprometimento quando ao assunto é formação e educação de crianças e jovens.

Adultos II
Muito se discutiu nos últimos dias sobre a criminalização dos alimentadores da rede de exploração sexual de adolescentes. Pouco se falou das vítimas. O Acre Economia quis saber um pouco sobre esse ambiente conflituoso da adolescência e o papel dos adultos no processo.

Adultos III
Vale a pena conferir a entrevista com a psicóloga. O problema ocorre em todas as classes sociais. Existem as classes mais vulneráveis. Para valorizar o diálogo como ferramenta de defesa e prevenção, ela ensina. “A palavra não se perde”.

Complexo
O Complexo Industrial Florestal de Xapuri voltou a reaquecer os motores. Apresentado como inovação, o projeto teve todos os motivos para dar errado. Erro no escopo; compra de maquinário errado; portfólio limitado de produtos; problemas com os gestores.

Complexo II
O secretário de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães, se esforça para tornar o empreendimento viável. O novo grupo de administradores fez ajustes. É torcer para dar certo!

Brasil Kirin
Está no mercado a mais nova marca no segmento cervejeiro. A Brasil Kirin já chega grande, presente em 600 mil pontos de venda em todo país e com produtos diferenciados em várias regiões.

Não é prioridade
De acordo com o presidente da Brasil Kirin, Gino Di Domenico, a região Norte “não é prioridade” para ampliação da companhia no país. A Kirin é uma empresa da capital aberto. A companhia não divulga a perspectiva de market share, atualmente calculada em 16,66% do mercado cervejeiro e 6,83% do segmento refrigerantes.

R$ 52 bilhões
A Brasil Kirin integra um grupo global com mais de 41 mil funcionários no mundo, presente em mais de 15 países, e faturamento de mais de R$ 52 bilhões ao ano.

13 fábricas no Brasil
Subsidiária da Kirin Holdings Company e maior fabricante do setor no Japão, a Brasil Kirin tem suas marcas distribuídas por 11 centros de distribuição próprios. São 13 unidades fabris responsáveis por produzir cervejas, sucos, refrigerantes e águas.

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