Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Condições desumanas de haitianos desesperam representante do Acre

A situação dos haitianos em Brasiléia, no Acre, beira a calamidade. O representante da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) na cidade, Damião Borges de Melo, está desesperado com a falta de recursos para atender aos imigrantes, cada vez mais numerosos. Há poucos dias eram 200. Até ontem eram 350 abrigados em uma pequena casa sem energia elétrica há 2 meses, onde existe
“Ainda hoje chegaram mais 133 , conta Damião. Seis serão levados ainda nesta quarta-feira por uma empresa mineira e amanhã mais 32 seguem para uma indústria com unidades no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. “Quando as empresas levam os trabalhadores. Peço que deixem algum dinheiro para a alimentação dos que ficam e assim vamos levando”, lamenta Damião, acrescentando a preocupação com a chegada do final do ano e o provável recuo nas contratações. “Não sei o que será desse povo. Eles estão sofrendo aqui o mesmo que se estivessem no Haiti”.

Ainda nesta semana deve chegar um alívio para todo esse sofrimento. O MDS destinou R$ 270 mil para o Governo do Acre atender aos haitianos em Brasiléia. A expectativa do órgão é de que a verba sirva para pagar despesas como alimentação e moradia durante os meses de dezembro deste ano e janeiro e fevereiro do próximo ano. A  Portaria 244, de 21 de novembro passado, estabelecendo a suplementação de verba foi publicada na última quinta-feira (22) no Diário Oficial da União. No início do ano o Estado recebeu R$ 360 mil do MDS para a mesma finalidade.

O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Nílson Mourão, informou que a verba já foi empenhada em Brasília e, seguindo os trâmites, deve estar na conta da Secretaria de Estado de Assistência Social amanhã. Os recursos serão destinados ao Fundo de Assistência Social, que pode desenvolver ações humanitárias pra pessoas vulneráveis nas fronteiras. Ele afirmou que em poucos dias também estará pronto outro imóvel, num antigo clube, bem maior, para abrigar os imigrantes.

Damião disse que conta muito com essa possibilidade, pois no imóvel atual a fossa está aberta e ele teme que as pessoas adoeçam pela falta de higiene.

Caos social – O problema é que os haitianos não param de chegar. Diferentemente do que avaliou o presidente do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), não há recuo no volume de entrada, segundo Damião. Para ele, se o Governo Federal não tomar uma medida pra conter esse fluxo haverá um caos social. Dos que chegam ao país em busca de uma vida melhor, só 20% estão saindo para trabalhar.
Damião foi designado há 2 anos para cuidar da questão dos haitianos. “Eles só têm a mim, e eu não tenho mais o que fazer”, disse. “Neste momento, eles estão se alimentando só de manga, porque está na época. Dá para acreditar nisso?”, contou, afirmando ainda que não tem mais como fazer campanhas de pedido de ajuda, pois está neste ritmo desde o início da chegada em massa dos imigrantes, a partir de outubro de 2010. Nesse período, já passaram por Brasiléia 3,7 mil haitianos. (Evelyn Pedrozo, da Rede Brasil Atual)

Sair da versão mobile