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“Provas são irrefutáveis”, afirma agente público

ASSUEROUma fonte que participou das investigações da Operação Delivery foi categórica. “As provas são irrefutáveis”, disse, antes de fazer uma discreta sugestão a quem vai julgar o processo. “Não condena se não quiser”.

As afirmativas acabaram coincidindo com uma suposta relação que vazou para a imprensa entre a condução do processo de investigação com problemas de natureza política.
O agente público ouvido por A GAZETA demonstrou tranquilidade ao dizer que “qualquer investigador sério, de qualquer lugar do país, se tivesse que fazer essa operação usaria o mesmo processo e chegaria às mesmas conclusões”.

Foram quatro meses de investigação. Com gravações durante 24 horas por dia de uma rede de aliciadores composta por sete integrantes, a Polícia Civil e a Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (vinculada ao Ministério Público) simplesmente foram saber quem era os “clientes”.

Os policiais sabiam que, dada a importância social e econômica de alguns dos usuários dos “serviços”, teriam que estar amparados por provas concretas. Elementos que comprovassem definitivamente o crime de manter relações sexuais com adolescentes com mais de 14 anos e menos de 18. “O trabalho da Decco e da Polícia Civil foi feito”, diz repassando a responsabilidade para a Justiça.
Tanto a Decco quanto a Polícia Civil pediram a prisão preventiva de 13 pessoas que faziam uso dos “serviços” da rede de aliciadores. Mas, o juiz da Segunda Vara da Infância e Juventude, Romário Divino entendeu que apenas três pessoas davam fundamento ao pedido de prisão.

Alegou critérios como assiduidade, regularidade e outros conceitos subjetivos para não exigir a prisão dos outros dez.

Justiça concede habeas corpus a Marcelo Moniz Mesquita
MARCELLO MONIZ MESQUITA MARCELO BATERIANo fim da tarde de ontem, o desembargador Francisco Djalma concedeu outro habeas corpus. Desta vez, foi para Marcelo Moniz Mesquita, acusado de favorecer a prostituição e exploração sexual de adolescentes.

Moniz não estava no Acre na segunda feira, quando teve a informação de que Assuero Veronez e Adálio Cordeiro haviam sido presos pelos mesmos motivos. Ficou fora do Estado até que seu advogado conseguisse o habeas corpus e evitasse a prisão preventiva.

Na exposição de motivos, o desembargador Francisco Djalma alega que os réus são primários na prática do crime de que são acusados, não têm antecedentes criminais e moram em Rio Branco.
Os três, no entanto, não podem manter nenhum tipo de comunicação com as vítimas, não podem viajar para fora da cidade por mais de trinta dias sem autorização judicial.

A decisão de soltura dos três é tecnicamente chamada de monocrática (feita por uma só pessoa). Na próxima semana, o pleno do Tribunal de Justiça se reúne para julgar o mérito do processo.

CUT e movimentos sociais protestam contra soltura de pecuaristas

SANDRA ASSUNÇÃO
}Liderados pela Central única dos Trabalhadores (CUT), dirigentes sindicais, líderes de movimentos de direitos humanos, das mulheres, crianças e adolescentes, realizam amanhã, quinta-feira, no auditório da Assembleia Legislativa, um protesto contra a decisão do Poder Judiciário, de soltar os fazendeiros Adalho Cordeiro e Assuero Veronez, acusados de exploração sexual de adolescentes, e liberados na noite de segunda feira.

A presidente da CUT, Rosana Nascimento, diz que ao determinar a soltura dos dois, o judiciário, demonstra a total falta de compromisso com as crianças e adolescentes acreanos. “Se o próprio judiciário determinou as prisões é porque havia provas para tal. Depois o mesmo judiciário entende que não há provas. Nós como mães, sociedade, não podemos ficar calados diante dessa soltura”, declara Rosana.

Membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, deputados e vereadores foram convidados para o ato, que vai contar ainda com a participação de estudantes. “Quem se sentiu ultrajado com essa soltura que se junte a nós nessa quinta feira a partir das dez horas da manhã e vamos protestar. Criminoso tem que estar preso”.

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