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Operação Delivery prende pecuaristas acusados de exploração sexual

 A Polícia Civil do Acre iniciou hoje pela manhã o cumprimento de dois mandados de prisão, expedidos pelo juiz Romário Divino, dos pecuaristas Adalho Cordeiro Araújo, 79, e Assuero Doca Veronez, 62. Ambos acusados de pertencer a uma rede de exploração sexual de adolescentes. O cumprimento dos mandados de prisão, realizado de forma simultânea, foi um trabalho feito em parceria com a Polícia Federal e Ministério Público.

 Adalho Cordeiro Araújo é um pecuarista de destaque na região e também no país. Assuero Doca Veronez é presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e também presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Acre.

 Todo trabalho de investigação foi realizado pela Polícia Civil e pela Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (DECCO), vinculada ao Ministério Público do Estado do Acre.
Os dois pecuaristas presos hoje foram ouvidos na Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado, realizaram exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal e encaminhados ao presídio Francisco de Oliveira Conde onde aguardam pronunciamento da Justiça.

 A Operação Delivery é resultado de um trabalho conjunto entre a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Acre. No dia 17 de outubro, foram presos os aliciadores, as pessoas que agenciavam os encontros. A rede era formada por sete pessoas.

 Essas sete pessoas foram monitoradas 24 horas por dia durante quatro meses. A partir daí, percebeu-se a intricada rede de trabalho necessária para garantir a exploração sexual de meninas. Algumas eram maiores de 18 anos. Outras tinham entre 14 e 17 anos. Nem todas eram pobres ou miseráveis.

 Na ocasião, a direção da Polícia Civil e os delegados que comandaram a investigação informaram em entrevista coletiva que algumas meninas “pertenciam à classe média”. Essas meninas não se prostituíam diariamente. O trabalho era esporádico, mas dentro de um sistema de operação, com hierarquia e articulação por parte da rede de aliciadores.

 Foram 2.880 horas de gravação com autorização judicial que expõem a forma de atuação do grupo. Todo material está reunido em um grande dossiê que detalha os diálogos dos aliciadores com outras pessoas que usavam da rede de exploração sexual de adolescentes.

 Em material distribuído à imprensa ainda hoje pela manhã, a polícia informa que não está descartada a possibilidade de “outras prisões de pessoas envolvidas com exploração sexual e favorecimento à prostituição de crianças e adolescentes”.

Por que o nome “delivery”?

 Delivery é uma palavra inglesa que pode ser traduzida como “entrega”. A ação da rede criminosa trazia esse “serviço” ao cliente pedófilo. Geralmente, as adolescentes eram deixadas em motéis ou em casas afastadas do centro para garantir discrição ao criminoso que usava os serviços.

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