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Meu velho Rio!!

O rio só é belo porque suas margens são tecidas para promoverem o encontro das águas com a humanidade, e não o choque com a argila, e se ele morre a vida se esvai junto com ele. E nessa linha de raciocínio, não podemos esquecer que vivemos no Acre, cercados pela natureza, em plena Amazônia Sul ocidental, com rios perenes.

Esses rios são fontes vitais para a vida humana. A água é o líquido mais precioso do mundo. Sem  ele a vida fenece. As ações humanas que desprezam o valor da água se tornam absurdas e até mesmo inconseqüentes, e se persistirmos em esquecer as margens dos rios, vamos de olhos vendados ao encontro do Abismo. Os gestores e os políticos, não devem fazer planejamentos de crescimento econômico sustentável sem considerar e priorizar as fontes naturais dos cursos de água. Isso porque, como já se disse, água é sinônimo de VIDA. É como diz o adágio popular: “Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca”. Por isso tudo, é imperio-so indagar: o quê se tem feito em prol da vida do Rio Acre? Ou perguntando de outra forma: qual a preocupação de nossos parlamentares com os rios regionais e, em particular, o Rio Acre, que é o veio mais intenso da bacia hidrográfica trinancional da região? E sobre seu corpo implantou-se instrumentos de ocupação enferrujados, míopes e cegos. Esses remendos, originados do nosso desleixo vem lhe abrindo fendas, desencadeando aflições e dores intermináveis.

Para responder essas indagações, recorre-se à memória recente das festividades de final de ano, ocasião em que foi comemorado, em grande estilo, pompas e folguedos a destinação de emendas parlamentares para os diversos setores produtivos, econômicos, industriais e humanitários. Esquecem, esses ilustres e “iluminados” senhores e senhoras, que uma sociedade não prospera, não cresce, não vinga, sem o líquido precioso que se chama ÁGUA!

Ninguém pode esquecer que a água alimenta e restabelece o curso da vida, igualmente o AMOR enche de brilhos os olhos dos apaixonados, tal como a felicidade que inunda de sorrisos as faces mais indiferentes e sombrias.    

O fato é que o rio, que acolhe, num abraço ardente, as águas, suporta o rigor do clima, a perversão dos resíduos humanos, o medo da motosserra, o conflito de uso e o desmoronamento de suas margens. Todavia, não aguenta a perversão humana, o descaso, o desrespeito, o alheamento, o desleixo, o abandono daqueles que devem zelar pelo bem da população. Sem água, repito, não há VIDA neste rio que ainda corre, quando deveria parar.  

O Rio Acre, que sustenta a vida regional, alimenta e sacia a sede de 480.000 pessoas, é responsável pelo progresso da pecuária, da agricultura, da piscicultura, da fauna, da flora, enfim, de todos os biomas que nos cercam. Então, ele não merece um olhar de carinho, um projeto político, as “pompas e folguedos” que embalaram o cenário desta terra de Galvez a Chico Mendes, neste final de 2012? O orçamento do Estado foi aprovado no 12.12.12, nele, não consta rubrica com recursos financeiros para investimento na gestão do Rio Acre e seus afluentes. Será que nossos ilustres representantes na Assembleia Legislativa não sentem que o Rio Acre está se asfi-xiando na miséria da escassez?    

Este nosso grito, ecoa pelos rios e igarapés do Acre, e está assentado na repulsa daquilo que se viu, bem como daquilo que foi amplamente noticiado como “ações políticas brilhantes” de nossos representantes no Congresso Nacional, ocasião em que destinaram – como atos heroicos – milhões de reais de emendas parlamentares para os mais diversos fins. Água eles não bebem?! Alguém destinou recursos financeiros para a vida dos mananciais de água? Como fazer crescer o Acre em tantas áreas humanas se nesta terra não se preservar e se cuidar da água?

O eco desse nosso grito não é solitário, vem em sintonia com grandes pensadores desde a antiguidade.  Para, Leonardo da Vinci, o grande pintor francês, “água é o veículo da natureza. Para Tales de Mileto, filósofo da Grécia Antiga, “A água é o princípio de todas as coisas”. Para Henry David Thoreau, poeta naturalista estadunidense, A água é a única bebida para um homem sábio”.
E, neste Natal, o maior presente que o rio Acre pode receber é o carinho, o respeito, o zelo e o cuidado de todos nós. Isso por que nossas vidas estão irmanadas com ele, assim como a natureza de um fio umbilical. Não se pode, pois, esquecê-lo. Também não se pode deixar de agradecê-lo pela VIDA. Obrigado, rio Acre. Você é a fonte para a humanidade celebrar o nascimento das águas, Feliz Natal.

claudemirmesquita@yahoo.com.br

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