A Federação do Comércio do Acre calcula em 17,28% a redução das vendas de motocicletas em 2012. Os empresários acreditavam que o bom ano de 2011 fosse ser repetido, mas o cenário de crise aos poucos vai se consolidando e negando, na prática, qualquer discurso oficial.
“Foi uma trombada”, constata o empresário Marcelo Dias, proprietário da Star Motos, a maior concessionária especializada em duas rodas do Estado. A queda nas vendas também é realidade nas cidades do interior. “A redução no volume de vendas foi maior”, assegura Dias.
“De novembro a novembro, a redução no mercado de duas rodas está entre 30% a 35%”, contabiliza Marcello Moura, proprietário da Recol Motors, concessionária Yamaha.
Dois fatores se destacam na análise dos empresários para tentar entender a redução no volume de vendas. O primeiro fator são os incentivos do Governo Federal ao mercado de veículos com quatro rodas. “Tudo gira em torno do veículo de quatro rodas”, percebe Dias.
O segundo fator tem relação com a restrição ao crédito. Com menos dinheiro circulando no mercado, os bancos e agentes financiadores passaram a valorizar mais o produto e a cobrar mais caro pelo dinheiro financiado.
Ter acesso ao crédito ficou mais difícil, sobretudo por causa do aumento da inadimplência nos últimos dois anos. A inadimplência nos financiamentos para veículos de duas rodas bateu na casa dos 30%.
Carro, sim. Motos, não
Com uma inadimplência alta, os bancos e financeiras separaram as carteiras de crédito para motos e carros. O resultado disso é uma situação surreal, confirmada pelos dois empresários, proprietários das maiores concessionárias acreanas: há rotineiros casos de clientes que tentam financiar uma moto e não conseguem. Atravessam a rua, e conseguem financiar um carro de valor até três vezes maior.
Resultado: nas concessioná-rias, pátio lotado de motos de baixa cilindrada, as mais acessíveis ao consumidor de renda mais baixa. O consumidor de motos no Acre tem renda média que varia entre R$ 700 a R$ 1,2 mil. Sem financiamento, fica praticamente impossível adquirir uma moto.
Mas, os gerentes de concessionárias de Rio Branco asseguram que a restrição ao crédito atinge consumidores em todas faixas de renda. “As financeiras estão muito restritivas ao financiamento de motocicletas”, afirmou o presidente da Federação do Comércio do Acre, Leandro Domingos.
As grandes marcas como Yamaha e Honda paralisaram ou diminuíram ritmo de produção ao longo de todo o ano de 2012. Em cadeia, isso acabou afetando o mercado de componentes. A Honda, por exemplo, que normalmente efetiva 10 dias anuais de férias coletivas, este ano ampliou para 20 dias. Tudo como forma de baixar custos.
O Governo Federal, como medida protecionista do mercado nacional, decretou aumento de impostos sobre componentes importados para montagem de motos de até 250 cilindradas. Aumentou de 12 para 35%.
Marcas que ainda tinham componentes em estoque ainda estão segurando a montagem e venda neste fim de ano. Mas, em 2013, as possibilidades de fecharem as portas aumentam.
“Trabalhamos com a expectativa de que, no segundo semestre de 2013, as vendas voltem a aquecer o mercado”, anseia Marcello Moura, da Recol Motos (Yamaha).
“Vamos trabalhar com uma expectativa bem real para 2013”, complementa, quase combinando no tom da conversa, o concorrente da Star Motos (Honda), Marcelo Dias.
Manejo Florestal garante aumento da renda de moradores do Antimary
Famílias que moram nas quatro Florestas Estaduais: Antimary, Mogno, Gregório e Liberdade, receberam, na quarta-feira, 19, um bônus no valor de R$ 500 como prêmio por colaborar com a preservação da floresta. No total, foram beneficiadas 604 famílias, que receberam R$ 302 mil.
Na solenidade de entrega dos bônus, o secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães, apresentou um resultado importante do programa de Manejo Florestal executado na Floresta Estadual do Antimary: famílias que, em 2006, tinham uma renda anual de R$ 1.755,50, em 2012, graças ao manejo, conseguiram uma renda anual de R$ 23.842,56.
Isso representa um novo momento para famílias, que, em 2006, eram obrigadas a sobreviver com pouco mais de R$ 146 por mês. Em 2012, conseguiram algo em torno de R$ 1.986 mensal. Um aumento de 1.258% na renda anual de 2006 para 2012.
Para Edvaldo Magalhães, o resultado é fruto do empenho e da dedicação dos governos da Frente Popular, que investiram e acreditaram no Manejo Florestal não somente como uma forma de preservar a Floresta, como também de garantir melhorias na qualidade de vida dos povos da floresta.
“O governo tem dado atenção especial para esse programa e, com certeza, ainda iremos alcançar outros bons resultados”, destaca.
Ele lembra que o governador Tião Viana, desde quando assumiu o Governo do Estado, vem dando atenção especial para as Florestas Estaduais, garantindo as condições necessárias para que as famílias possam utilizar da forma correta as riquezas da natureza.
Um exemplo de como o manejo tem melhorado a qualidade de vida dos moradores é a família de Marivaldo de Freitas, que conseguiu, inclusive, construir uma nova casa, maior e mais confortável. Ele faz questão de deixar claro como o modelo de manejo implantado nos últimos anos fez bem para os moradores.
“Com o manejo, nós ganhamos muito. Agora, as coisas estão dando certo. E foi o manejo que trouxe isso. É dinheiro para o povo, ramal arrumado, Saúde e Educação. Eu tenho orgulho de dizer que sou morador do Antimary”, comemora.
O governador Tião Viana recebeu a notícia com alegria e disse que a intenção do governo é garantir melhorias para as famílias que moram nas florestas estaduais, de modo que possam ter acesso a serviços de Saúde, Educação, Lazer e outros com qualidade.
Governo atua como intermediador
O Programa de Manejo Florestal do Antimary, com duração de 12 meses, foi aprovado pelos próprios moradores durante reunião realizada no dia 1º de setembro, com a participação dos moradores, do secretário Edvaldo Magalhães e da empresa do Complexo Industrial de Xapuri.
Pela proposta pela empresa, será feita a exploração e o processamento de mil hectares de floresta que estão na responsabilidade de três associações da região: Associação dos Seringueiros da Floresta Estadual do Antimary (Asfea), Associação Unidos da Floresta Estadual do Antimary (Aufea) e Associação Verdes Florestas do Igarapé Sossego (Avefis).
Para assegurar o direito dos moradores, o Governo do Estado, através da Sedens, acompanhou toda discussão para a elaboração do programa. Cada família receberá mensalmente R$ 880 durante os doze meses, totalizando R$ 10.566.
Moradores agradecem parceria com o governo
O presidente da Associação Amigos da Natureza, pastor Aurimar Rosa Campos, fez um relato das dificuldades enfrentadas pela comunidade no passado, afirmando que as famílias vivem um novo momento com o apoio do governo.
“Hoje estamos realizando um sonho. Se olharmos para trás, vamos recordar uma triste história de exploração e sofrimento. Mas hoje estamos vivendo um novo momento. Com muita esperança de que teremos dias bem melhores”, disse.
O presidente da Associação Unidos da Floresta do Antimary, João Camilo de Assis, disse que os moradores estão animados com as melhorias.
“Agora nós podemos sonhar com uma vida melhor para nossos filhos. Temos a oportunidade de viver com mais dignidade, com respeito e valorização. O manejo tem sido importante para todos nós”, disse.
OPINIÃO: |
Castanha-do-brasil: cadeia produtiva se destaca no agronegócio acreano
Márcio Muniz Albano Bayma*
Nos últimos anos, poucas cadeias produtivas apresentaram tantas mudanças positivas quanto a da castanha-do-brasil no Estado do Acre. Essas mudanças foram motivadas por uma sequência de políticas públicas e pela estruturação de uma cooperativa de produtores. Dados preliminares indicam que para a safra 2012-2013 as estimativas de comercialização do produto continuam favoráveis.
Fazendo uma abordagem quanto à distribuição e ocorrência da produção de castanha-do-brasil, os estados da região Norte (Amazonas, Acre e Pará) são os maiores produtores do país. Entre 2005 e 2008, o Acre era o maior produtor da região, a partir de 2009 o Amazonas registrou um aumento de 76% em relação ao ano anterior, alcançando a primeira posição, seguido pelos estados do Acre e Pará.
Contudo, em 2011, o Acre registrou o maior volume de produção de todo o período analisado, passando de 12,3 mil toneladas em 2010 para 14 mil toneladas e mantendo-se como o segundo maior produtor do país, ficando atrás somente do Amazonas, onde se registrou um volume de 14,6 mil toneladas. Mato Grosso, o único estado produtor que não faz parte da região Norte, registrou 2,3 mil toneladas, tornando-se o quinto produtor do país.
Diversos fatores contribuíram diretamente para o incremento na produção observado no Acre nos últimos anos. Dentre eles destacam-se a criação da Cooperativa Central de Comercialização de Extrativista do Acre (Cooperacre); a tributação aplicada pela Secretaria de Fazenda do Acre à saída da castanha-do-brasil com casca para outros estados; a ampliação da capacidade instalada nas agroindústrias do estado; a divulgação do produto em grandes centros do país por meio de feiras e rodadas de negócios; a desvalorização do dólar frente ao real nos últimos anos; o menor nível de exigências de procedência e qualidade para comercialização do produto internamente quando comparado ao que é praticado para exportação; a oferta de treinamentos, realizados por instituições como a Embrapa Acre, sobre Boas Práticas na Produção da castanha-do-brasil, para diversos agentes da cadeia produtiva da região Norte, dentre outras.
Nesse contexto e com base em séries históricas da Secretaria de Fazenda do Estado do Acre (Sefaz/AC), observa-se nos últimos anos uma redenção da comercialização da castanha-do-brasil com casca, um aumento no volume comercializado e no valor faturado do produto sem casca com tendência de crescimento no mercado interno. Esse incremento ocorreu a partir do ano de 2008.
Assim, nos últimos dois anos, o comércio da castanha-do-brasil sem casca se concentrou fortemente no mercado nacional, com um crescimento registrado de 348%, em relação ao volume comercializado, e de 661% em relação ao valor faturado. Especificamente em 2011, foram comercializadas 858 toneladas do produto ao preço médio de US$ 8,05/kg. Em 2012 essa tendência está se mantendo, uma vez que, considerando os dados registrados até o mês de setembro, já foram comercializadas 698 toneladas de castanha-do-brasil beneficiada, com um faturamento superior a R$ 11 milhões (Sefaz/AC, 2012).
Ainda no que diz respeito ao mercado interno de castanha-do-brasil sem casca, em 2011 foram importadas 159 toneladas da Bolívia e 16 toneladas do Peru e, até o mês de 2012, já foi registrada a entrada de mais 206 toneladas provenientes da Bolívia e de 18 toneladas do Peru, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC/Aliceweb2),
No que se refere à exportação de castanha-do-brasil sem casca, realizada a partir do Estado do Acre entre 2000 e 2011, observa-se que nos anos de 2003, 2005, 2008 e 2011 não foi registrada nenhuma operação. Acredita-se que fatores como a ampliação dos critérios de fiscalização sanitária pelos países importadores, a crise internacional financeira e ainda o fortalecimento do real frente ao dólar, registrado nos últimos anos, contribuíram diretamente para esse cenário. Os principais compradores de castanha-do-brasil, fresca ou seca, sem casca proveniente do Acre foram, em 2009, a Alemanha e, em 2010, a Itália, para onde foram comercializadas 32 toneladas do produto, segundo dados do MDIC/Aliceweb2.
Apesar da não realização de operações comerciais no mercado externo em 2011 com castanha-do-brasil sem casca, produzida no Acre, o mercado interno vem crescendo desde 2010, mesmo com o registro de importação da Bolívia e, em menor escala, do Peru. Outro fator que indica o aquecimento do mercado é o preço médio pago pelo produto, que se manteve em torno de US$ 8,05/kg nas transações realizadas em 2011 e até o mês de setembro de 2012 (Sefaz/AC).
Dessa forma, considera-se que a cadeia produtiva da castanha-do-brasil do Acre, dentro do período analisado, passou por mudanças estruturantes as quais contribuíram para que assumisse a segunda posição dentro desse segmento no cenário nacional em relação ao volume produzido. Mesmo com as restrições sanitárias e financeiras atualmente existentes no mercado externo, conseguiu se inserir no mercado interno, o qual tem registrado crescimento contínuo em volume e valor faturado com a comercialização em maior escala da castanha-do-brasil sem casca, agregando maior valor ao produto final. E, por fim, espera-se que diante desse cenário favorável, o extrativista possa ser o maior beneficiário dos ganhos registrados recentemente.
* Márcio Muniz Albano Bayma é economista, M.Sc. em Economia Aplicada, analista da Embrapa/Acre.
Cenário de crise econômica fortalece articulação política
ITAAN ARRUDA
A crise econômica aos poucos começa a mostrar algumas conveniências. Nas eleições de outubro, a Frente Popular teve perdas em cidades importantes. Algumas simbólicas, como Xapuri e Brasiléia. O grupo liderado pelo governador Tião Viana perdeu em 13 das 22 cidades do Acre.
Mas, erra na análise quem pensa que isso tira o sono do mais importante frequentador do Palácio Rio Branco. O motivo é simples e tem ordem inversa: 19 das 22 prefeituras do Acre estão com sérios problemas financeiros.
Por esse aspecto, o contexto de crise torna mais lustroso o pires dos prefeitos rumo à Casa Rosada e facilita as negociações. As dificuldades de ordem econômica trazem mais comodidade ao governador Tião Viana que, na prática, vai substituindo as ações das prefeituras pelas ações de governo.
O Governo do Acre já anunciou, por exemplo, a execução de obras de saneamento nas cidades isoladas (Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa e Jordão) no valor de R$ 2,1 bilhões até 2014, com investimentos do Banco Mundial.
Na última plenária do Partido dos Trabalhadores, o senador Jorge Viana usou da tribuna e fez uma análise estranhamente realista. O tom do discurso tentou mostrar que o partido teve perdas significativas nas últimas eleições e que era preciso reagir.
Quem conhece o senador Jorge Viana, sabe que o discurso destoou de sua sempre calculada sinceridade com os microfones abertos.
No fim de novembro, o governador Tião Viana reuniu todos os prefeitos eleitos em cerimônia realizada no Palácio Rio Branco. No mundo virtual das apresentações em power point, os milhões iam e vinham em várias cores.
Na prática, 19 dos 22 convidados em sua frente sabiam que herdaram uma máquina municipal praticamente falida. Em um estado como o Acre, a política dá o tom de tudo. Inclusive da economia. Só a política pode motivar os prefeitos a tentar mudar o quadro adverso. Não foram eleitos impunemente. Sabiam porque estavam lutando.
No Brasil, a concentração de investimentos massacra ainda mais estados pobres como o Acre. Nos cálculos do IBGE, 80% do PIB estão concentrados em apenas oito estados. Nos estados mais pobres estão apenas 3%, entre eles o Acre.
Nesse cenário, a figura do governador Tião Viana ganha uma visibilidade e uma importância que extrapola qualquer sigla partidária. Um terreno estratégico para um 2013 politicamente estratégico.
Quando o rito atrapalha a democracia
ITAAN ARRUDA
Não houve nada de anormal ou ilegal na escolha do conselheiro Valmir Ribeiro como presidente do Tribunal de Contas. Tudo ocorreu dentro da legalidade, como referendou o Ministério Público Especial de Contas.
Também não se contesta a competência do administrador de empresas Valmir Ribeiro. Ao contrário, Ribeiro carrega a imagem de “um gestor equilibrado e aberto ao diálogo”. A escolha realizada na sede do TCE na última quinta feira, no entanto, surpreende justamente pelas ausências; por aquilo que não aconteceu.
A renúncia da conselheira Dulcinéia Benício de Araújo teve uma explicação que transita entre o cinismo e a falta de transparência. “Houve um consenso entre todos os conselheiros de que o nome de Valmir Ribeiro é o nome ideal para assumir no biênio 2013/2014”, esquivou-se.
A partir daí, a palavra “consenso” foi repetida como um mantra, a tentar encobrir as reais causas da recusa. A conselheira Naluh Gouveia também pegou carona no frágil argumento. “Por causa do consenso”, afirmou quase em tom divertido.
Em dezembro de 2014, já com o nome conhecido do próximo governador do Estado do Acre, outra eleição para presidência do TCE será realizada.
Foi perguntado à conselheira Naluh se ela também se negará a assumir caso tenha oportunidade. “Não. Aí, a gente vai ter que sentar direitinho e conversar”. No próximo biênio, novamente Dulcinéia Benício pode assumir a presidência. Caso renuncie novamente, Naluh Gouveia é a “conselheira da vez”.
Ética – Há uma forma de observar o problema que ameniza a decisão de Dulcinéia Benício. O argumento de natureza Ética carrega implicações que expõe um problema estrutural das Cortes de Contas em todo país.
Dulcinéia Benício teria sé-rios problemas de conduzir o julgamento de contas de um governo do qual ela mesma fez parte e que, em boa medida, muitas decisões trazem a sua própria digital.
Como julgar a gestão de Jorge Viana, o homem que lhe deu amparo e guarida na corte? Caso aprovasse todas as contas do gestor, Dulcinéia Benício poderia estar julgando em causa própria. Caso desaprovasse as contas, estaria atestando condutas inadequadas respaldadas por ela mesma tempos atrás.
Por esse prisma, a decisão de Dulcinéia Benício foi acertada. Foi lógica. Coerente. Nem de longe, uma situação que fica explicada pela palavra “consenso”.
Mulher de fé, ela apelou para uma imagem bíblica na tentativa velada de explicar a decisão. “O presépio é um símbolo de humildade”, tergiversou. “Se Deus se fez Menino naquele lugar tão simples é porque quis nos dizer que é possível servir de diversas formas”.
Novas escolhas
O que a renúncia de Dulcinéia Benício expõe é a maneira inadequada na forma de escolha dos conselheiros. Como julgar chefes do Poder Executivo quando o julgador fez parte deste governo?
As indicações políticas mostram seus efeitos justamente nesses momentos. Perde-se a oportunidade de ter uma condução técnica e legalista em nome de um “consenso” adequado às conveniências.
As escolhas de todas as cortes, inclusive, seguem esse princípio norteado pela política e não pela técnica. Seja no Supremo Tribunal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça, Ministério Público e Tribunal de Contas.
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva vive o revés da moeda. Quando presidente, determinou ao então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para indicar um ministro no Supremo Tribunal Federal. “Quero um ministro negro”, disse o presidente, segundo o que se noticiou na grande imprensa.
Cortes como o Supremo Tribunal Federal (ou STJ), há que se convir, são bem diferentes das cortes regionais, muito mais vulneráveis às implicações políticas de província. Além disso, uma imprensa mais atuante e com cobertura especializada.
O episódio da renúncia de Dulcinéia Benício demonstra a inadequação dessa forma de escolha dos conselheiros. Seria preciso reformular a lei para que a democracia fosse priorizada.
“Entre os conselheiros, ficou entendido que esse não seria o melhor momento para eu ou a Dulce assumirmos”, confessou, ainda em plenário a conselheira Naluh Gouveia. O que quis dizer a conselheira com a expressão “melhor momento”?
A busca pelo “consenso” é tornar as relações interinstitucio-nais menos traumáticas e mais “harmoniosas”? Quer dizer que se escolhe um conselheiro que tenha o perfil mais adequado ao perfil do governador de plantão?
“Vocês não imaginam o desgaste e a energia necessários para fazer com que hoje nós tenhamos acesso a dados bimestrais”, disse o conselheiro Ronald Polanco que deixa a presidência agora em 31 de dezembro.
As escolhas das Cortes de Contas deveriam estar fundamentadas em critérios técnicos, respeitados os princí-pios republicanos. Isso não quer dizer, de forma alguma, que a composição do pleno não deva ter pessoas oriundas da política partidária. Afinal de contas, o TCE é uma extensão do Parlamento.
Dos sete conselheiros, o ex-governador Jorge Viana nomeou três. Flaviano Melo nomeou dois; Orlei Cameli outros dois.
O que se cobra é que as interferências de natureza política tenham raízes nos órgãos de controle social e não nos gabinetes dos governantes, sejam eles governadores ou presidentes.
Polanco será o interlocutor com Palácio Rio Branco
O conselheiro Ronald Polanco vai ter uma função estratégica na gestão do presidente Valmir Ribeiro. Será ele o articulador entre o TCE, o parlamento e o Palácio Rio Branco.
Como ex-deputado pelo PT e uma forte liderança entre os trabalhadores extrativistas na região do Vale do Alto Acre, Polanco tem proximidade com o grupo político liderado pelo governador Tião Viana.
Para emplacar uma gestão “democrática e profícua” como anunciou após o juramento, Valmir Ribeiro vai precisar desse esforço diplomático junto ao Palácio. Formalmente, Polanco nega (ou não assume) essa condição. Mas, sabe que ela já está consolidada.
Nomeado pelo ex-governador do Acre, Flaviano Melo, o conselheiro Valmir Ribeiro já foi presidente do TCE nos dois últimos anos do governo de Orleir Cameli. Tem instrumentos técnicos para acompanhar a gestão dos gastos públicos de forma muito mais próxima do que seus antecessores.
NOTAS ECONÔMICA |
Não aceito
Semana passada, neste mesmo espaço, foi feito um desafio aos empreendedores do Acre que tivessem sentido aumento nas vendas durante o ano de 2012, que explicasse aos leitores a fórmula do sucesso. Ninguém se dispôs a contar a história.
Falta personagem
Não surpreende. Para fazer esse relato, faltam personagens. Por mais que as entidades de classe que representam o comércio digam o contrário, as vendas no varejo foram péssimas este ano.
Distância perigosa
As entidades de classe que representam o comércio têm que ficar atentas. Tudo bem que ficar falando em crise a cada instante não contribui em nada para superar dificuldades. Mas, tentar driblar a realidade usando de retórica pseudo-otimista cria uma distância perigosa entre a entidade e os comerciantes. Um passo para que não se sintam mais representados. Dizer a verdade nunca atrapalha.
Natal estratégico
Esse Natal será uma referência estratégica para os empreendedores do Via Verde Shopping. Com custos fixos altos e sem volume de consumo (ao menos no mesmo nível), não se admire o leitor se houver algumas desistências já a partir de janeiro.
O problema é outro
Poucas pessoas reclamam da qualidade do empreendimento Via Verde Shopping. O espaço é bom, limpo, iluminado, do tamanho adequado. O problema não é o shopping em si. Longe disso. O problema é a falta de dinheiro, que não está circulando. É simples!
Sem âncoras I
O senador Jorge Viana fez defesa do amigo Lula. Nada mais lógico. Sem entrar no mérito se o ex-presidente sabia ou não sabia; se ordenou ou não a prática do mensalão, o fato expõe uma sutileza: jornais, jornalistas não formam opinião (ou ao menos isso tem que ser muito relativizado).
Sem âncoras II
Se isso fosse uma regra, Lula teria sofrido impeachment e hoje seria vaiado em praça pública. O leitor, ouvinte, internauta ou telespectador pensa por si. Não carece de “âncoras”.
Na torcida
Acre Economia na torcida para que a Federação das Indústrias faça a tradicional pesquisa de janeiro, mostrando como foi o comportamento do setor durante o ano anterior. O economista que assinou o estudo deste ano faz doutorado em São Paulo. Mas, não será pela ausência de uma pessoa que um instrumento de trabalho tão importante não seja feito.
CNI
Até mesmo a Confederação Nacional das Indústrias precisa desses estudos para saber pontualmente quais são os gargalos do setor em todas regiões do país. Pesquisa é uma ferramenta de trabalho. É um termômetro. Brigar com os número é sempre ruim. Ou alguém tem medo dos números reais?