Djames Nascimento da Silva. Esse é o jogador mais amado e odiado da recente história do Rio Branco FC. Mais conhecido como Testinha, ele é considerado um dos melhores jogadores da história do futebol local e está entre os destaques da região Norte. Aos 35 anos, Testinha garante que não vai deixar de jogar na próxima temporada.
Começou a jogar no Rio Branco em 1993 e ficou até 1997, quando conquistou a cobiçada e inesquecível Copa Norte em cima do Clube do Remo/PA. No mesmo ano foi para o Porto/POR. Em 2000 retornou para o Brasil e jogou o Campeo-nato Paulista pelo América de Rio Preto. Teve uma passagem de três anos e meio pelo Coritiba/PR. Quando acabou o contrato, ainda atuou pelo Cianorte e CSA/AL. Em 2007, voltou para o Rio Branco, onde estava até este ano.
Em entrevista exclusiva ao jornal A GAZETA, Testinha fala sobre o polêmico pênalti contra o ABC/RN, em 2007, os constantes fracassos do Rio Branco na Série C e garante que está pronto para voltar a mostrar seu bom futebol nos gramados da região. Aposentadoria? Ainda não. Confira os principais trechos da entrevista abaixo:
A GAZETA: Testinha, você teve uma contusão grave este ano e não pode atuar durante a temporada. O que aconteceu?
Testinha: Infelizmente fiquei o ano todo sem atuar, tive um esporão no pé e isso me atrapalhou muito durante o ano, mas agora é esquecer 2012, esquecer o que passou.
A GAZETA: O ano de 2007 é inesquecível para o torcedor acreano – jogo entre Rio Branco e ABC, pela Série C. O que passou na sua cabeça no momento daquele pênalti, com o Arena da Floresta lotado?
Testinha: Não passou nada. Acho que é coisa do momento. O jogador de futebol, que tá ali dentro, corre o risco de acontecer isso. Infelizmente, eu bati o pênalti e perdi. Acontece com os grandes jogadores, mas passou, pra mim é passado e não vou ficar lembrando daquele pênalti perdido. O pênalti foi no começo do jogo, se a gente tivesse que ganhar, tinha tempo para fazer gol, mas é melhor esquecer.
A GAZETA: Em 2009, contra o ASA/AL, pela Série C, mais um fracasso do Rio Branco. Naquele jogo, o que se comentava é que você não estava 100% para entrar em campo. É verdade isso?
Testinha: Durante a semana daquele jogo eu senti uma lesão na parte posterior da perna, mas fiz um teste antes do jogo e não senti nada. Lógico que eu não estava 100% , mas dava pra jogar. Infelizmente, mais uma vez a equipe não esteve bem naquela partida. Quando não tem que ser, não tem jeito. A gente batalhou durante os 90 minutos e não conseguimos o resultado positivo pra conseguir o acesso. Acho que não adianta a gente ficar lamentando. O Rio Branco tem que continuar o trabalho que uma hora vai chegar a vez da gente.
A GAZETA: Você fez parte do elenco do Rio Branco nesses últimos anos. O clube tem fracassado constantemente na reta final da Série C. Tem alguma explicação para esses fracassos?
Testinha: Acho que isso não acontece só com o Rio Branco. Tem muitos clubes que vem há vários anos tentando o acesso, mas nem tudo é como a gente quer. O Paysandu é um exemplo. Vinha tentando e conseguiu só esse ano. Como falei, tem continuar trabalhando sério pra presentear o torcedor acreano com o acesso.
A GAZETA: Falando em torcida, você tem uma relação um tanto quanto contraditória com o torcedor estrelado. Um jogo você sai vaiado, em outro aplaudido de pé. Como você vê essa relação com a torcida?
Testinha: Da minha parte não tenho ressentimento. O futebol é dessa forma e o jogador que tem personalidade sabe que é assim. O torcedor é assim. Não tenho nada contra o torcedor, muito pelo contrário, agradeço muito a torcida acreana por todos os anos estar indo ao estádio torcer pelo Rio Branco. Não guardo mágoa de ninguém. Às vezes, tem jogo que o jogador não está bem, a equipe também não, e o torcedor vai cobrar, isso é normal. A gente lá dentro tem que saber administrar isso, saber levar. Da minha parte, tenho um carinho muito grande pelo torcedor daqui e enquanto eu puder estar ajudando, vou dar o meu máximo.
A GAZETA: Qual foi o título mais importante da sua carreira?
Testinha: A Copa Norte de 1997, pelo Rio Branco. Foi um título que marcou bastante para o clube, para o Estado, para os jogadores que participaram e também para a torcida. Também tenho outros títulos estaduais do Paraná, jogando pelo Coritiba.
A GAZETA: Nos jogos que você atuou em Belém/PA, recebeu vários elogios da imprensa paraense. Você se considera uma referência no futebol do norte?
Testinha: Acho que é difícil responder essa pergunta. Como falei, tem muitos torcedores que gostam muito de mim, do meu futebol e têm outros que a gente não agrada, mas isso é normal, acontece em toda parte do mundo. Procuro sempre fazer o melhor, dar exemplo. Se as pessoas estão falando é porque alguma coisa boa a gente está passando.
A GAZETA: Testinha 2012 não jogou devido a uma lesão. E o Testinha 2013, vai pendurar as chuteiras ou vai continuar jogando?
Testinha: Minha intenção é continuar jogando. Ainda me sinto em condições de jogar. Com certeza vou trabalhar bastante nesse início de ano para que eu possa atuar em 2013. Não sei em qual equipe ainda, mas minha vontade é de continuar. Não penso em parar agora não.
A GAZETA: Já tem algum contato?
Testinha: Aqui do Estado ainda não. De fora tem algumas equipes que já me procuraram, mas meu pensamento é de não sair mais, a não ser que apareça uma proposta muito boa. Estamos conversando e analisando.
A GAZETA: Existe a possibilidade de permanecer no Rio Branco?
Testinha: O Rio Branco sempre me acolheu. Tenho muito respeito, muito carinho, devo muito ao clube. Se me procurarem, vou conversar. Agora não posso falar nada porque ainda não conversei com ninguém do Rio Branco. Pretendo jogar aqui ainda.