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“Estamos vivendo um caos na saúde indígena no Acre”, diz líder do movimento indígena da Casai

Casai14Após bloquearem a entrada da Casa de Saúde Indígena (a Casai) na quarta-feira, dia 12, para denunciar o descaso em que vivem, os índios realizaram um acordo. Os principais motivos do protesto são a demora no agendamento de consultas e exames, condições precárias de higiene, esgoto a céu aberto e falta de água. A casa de apoio, que suporta apenas 80 pessoas, conta com a presença de 136 índios hoje, de todos os municípios do Acre e até de outros estados.

Segundo Chiquinho Arara, líder do movimento de protesto, há anos que os problemas ocorrem no local. “Manifestamo-nos pelo mau atendimento à saúde dos povos indígenas. A situação já vem se agravando há mais de 2 anos, com problemas relacionados principalmente a consultas e exames no setor externo, que estavam sendo perdidas. Fizemos isso para que o poder público tomasse providências. A estrutura se encontra em péssimo estado, as pessoas ficam no relento. É um total abandono. Quem vem pra cá é porque está doente e precisa de cuidados. Não temos espaço para acomodar todos. Os quartos são quentes e nenhum ventilador funciona, dormimos em um calor insuportável. Quem dorme fora, fica na chuva. Isso é desumano. Estamos vivendo um caos na Saúde Indígena não só em Rio Branco, mas em todos os municípios”.

Antônio Pereira Lira, administrador da Casai, explicou que o local irá passar por uma reforma para sanar os diversos problemas. “Ficou decidido, em reunião com o Ministério Público Federal (MPF), que em 30 dias, os índios irão se mudar para outro prédio provisoriamente, ficando no local de 8 a 10 meses enquanto a Casai passa por reformas. O principal problema é que a casa não suporta tanta gente. Não temos espaço. Iremos fazer uma triagem agora nesta mudança, porque muitos aqui não estão doentes. Um índio vem com a família inteira para cá e isso aqui é uma casa de passagem. Só podemos manter quem precisa de tratamento de saúde”.

Chiquinho explicou que a administração da Casai se esforça para que os problemas sejam solucionados, mas não tem o apoio do distrito. “A administração da Casai depende muito da gestão do chefe do Distrito, o Raimundo Costa. Ele não dá as mínimas condições para que os administradores possam executar um trabalho de acordo com as necessidades. O Antônio Lira tem vontade de fazer as coisas, mas não depende só dele. Todos os administradores pediram demissão porque não têm como ficar num local que se há muito a fazer, mas sem condições. Agora só nos resta aguardar este prazo para que tenhamos um resultado. Deixamos claro que, se não acontecer nada, vamos nos manifestar novamente”.

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