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Para Antônio de Alcântara em Jundiaí

Antônio AlcântaraO Corpo de Baile La Ballerina ficou famoso depois de conquistar 95 prêmios ao longo de 18 anos de atividade nas décadas de 80 e 90. Saiu de cena, mas algumas daquelas antigas bailarinas voltam hoje ao palco para homenagear o coreógrafo, produtor, fotógrafo e ator Antônio de Alcântara, morto há alguns meses.

Elas se unem a Eliana Brega, que foi a dona do La Ballerina, na coreografia “Eu Tive Um Sonho”, de Felipe Sacon (hoje integrante do Corpo Estável de Dança de Jundiaí). Quem abre espaço para a dança é a Academia Monalisa Pizzolato, do Vianelo, que realiza seu festival de encerramento do ano no Teatro Polytheama – manhã será a vez do La Bella Arte se apresentar.  

Especializado em danças brasileiras, Antônio de Alcântara formou-se na Universidade Federal da Bahia e trabalhou em diversas escolas do país. Ele também colocou Jundiaí no mapa ambiental ao coordenar, em 1989, o espetáculo “Henakaniê – Tributo a Chico Mendes”, como resultado de um curso que misturou teatro, dança, coral e música erudita na parceria com Mikhail Malt, Marco Antonio Cunha e a própria Eliana em um resultado surpreendente no Parque da Uva.

“Ele foi minha referência na dança, o causador do meu amadurecimento como coreógrafa. Nossa homenagem é no palco, enviando uma energia de luz”, afirma Eliana Brega, 57 anos.

Inquietude / Alcântara morreu aos 58 anos no dia 19 de novembro em Rio Branco, no Acre, onde residia há algum tempo e praticava o seu lado fotógrafo com um mapeamento visual dos rios amazônicos daquele estado. De certa maneira, continuou praticando a ponte criada em Jundiaí quando ajudou a montar um curso com “happening” há mais de 20 anos, onde ao lado de outros artistas colocou um grande grupo de pessoas para homenagear o líder dos povos da floresta. Mas também, em forma de coral, as vítimas de um trágico acidente com vazamento de óleo de Cubatão na música chamada “Vila Socó”.

Seu idealismo transbordava nas coreografias, muitas com movimentos arriscados que tiravam o fôlego do público. Em Jundiaí, desenvolveu os trabalhos “O Beco” (1984), “Sol Virado Mundo Virado” (1985), “Somos Todos Irmãos” (1986), “Esplendor” (1991) e “Offering” (1993), que foram levados para diversos festivais, in-cluindo o evento Enredança (Encontro Regional de Dança), que persistiu por muitos anos na cidade.

Entre os nomes revelados pelo grupo La Ballerina, além do próprio Sacon, estão Antônio Bianchi, Mônica Negro, Karime Nivoloni, Érica Bearlz e muitos outros.

Expectativa / Como nos esportes de alto rendimento, a dança também é um desafio para o tempo. Mas a homenagem pode surpreender pela referência a um outro momento da dança jundiaiense e também ao talento do coreógrafo, que chegou a lecionar em escolas como o Ballet Ismael Guiser e o Ballet Stagium, em São Paulo.

O espetáculo da Monalisa Pizzolato, onde acontece o número especial, é realizado por uma escola surgida na geração seguinte da dança na cidade. Criada em 1997, a academia também acumula momentos criativos como as danças de diversos países em “Volta ao Mundo” (2003) e os grupos de flamenco que tiveram o segundo lugar no Festival de Dança de Jundiaí (2007). O espetáculo será às 20h (rua Barão de Jundiaí, 176, de R$ 16 a R$ 24). (Agência Bom Dia)

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