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Sítio arqueológico mostra primeiros momentos de ocupação em Rio Branco

Garrafas Sitio Arqueológico - F.Alexandre Noronha 2Na última sexta-feira, dia 7, durante obras de esgotamento sanitário realizado pelo Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) na Rua 24 de Janeiro, em frente à Tentamen, foi encontrado um sítio arqueológico. O material histórico dele mostra os primeiros momentos de ocupação de Rio Branco. Foi a primeira vez que um sítio ar-queológico é identificado na zona urbana da Capital.

Segundo a arqueóloga Cris-tiane Martins, diversos objetos foram achados no local. “Este material, pela análise preliminar, é constituído de garrafas de vidro, objetos de porcelana inteiros e fragmentados e alguns objetos de ferro. Ele está depositado em uma profundidade de aproximadamente 1m e 30 cm abaixo do asfalto atual. Esse tipo de vestígio é muito comum nos centros portuários da região amazônica. Em alguns outros Estados, as obras de urbanização oportunizaram esses achados em centros urbanos, que é o caso de Macapá, Belém e Maranhão. Acreditamos que há muito mais vestígio arqueológico aqui. Toda a cultura material que era utilizada durante a colonização ainda deve estar soterrada. Vamos realizar intervenções para delimitar esse sítio e procurar outros vestígios”.

Grande parte dos objetos encontrados é originária da Europa. “Temos garrafas de 1814, 1915 e da década de 40, objetos de momentos diferentes. É importante esclarecer que não são as datas de uso desse material, que não foi produzido aqui. Foi trazido na época da colonização do Estado, onde os primeiros ocupantes de Rio Branco trouxeram uma cultura material que lhe serviam no cotidia-no e que não eram encontradas aqui. As garrafas têm inscrições inglesas, holandesas, árabes, portuguesas e italianas. Vamos contratar um profissional para fazer um estudo qualificado, que possa nos auxiliar na produção de conhecimentos e para responder todas as questões”, disse Cristiane.

As obras serão acompanhadas por uma equipe do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Elias Mansour (FEM), afirmou Libério Souza, coordenador do departamento. “Essa intervenção do Depasa irá se estender até a Via Chico Mendes. O trecho trabalhado é de aproximadamente 26 metros. Então, a partir de agora, o departamento irá acompanhar e monitorar. Vamos poder elaborar e propor um programa de arqueologia para fazer a coleta sistemática desses vestígios e um programa de educação patrimonial para informar aos moradores locais sobre a existência desse sítio”.

Com o achado, o passado pode ser melhor compreendido, explicou o coordenador. “Grande parte dos produtos que vinham para o Acre era engarrafados, como o azeite, remédios, refrigerantes, bebidas alcoólicas, perfumes. Temos vários tipos de garrafas, de todos os tamanhos e formas. Conseguimos identificar o perfil das pessoas que usavam o espaço, que tinham um determinado poder aquisitivo, fazendo a leitura de classe social e uso do espaço urbano. Temos a compreensão do passado a partir dos objetos encontrados”.

Os objetos encontrados poderão ser expostos em breve. “Estamos fazendo um trabalho de limpeza e catalogação. Já identificamos 153 garrafas inteiras e diversos fragmentos. Após a realização de todo o trabalho, queremos expor este material no espaço da FEM, que é destinado a exposições. A comunidade e os alunos poderão ter acesso a esses fragmentos do passado, conhecendo um pouco e compreender mais de perto os tipos de materiais que as pessoas usavam em seu cotidiano”, finalizou Libério.

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