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Juíza nega pedidos do MP/AC e mantém obras da Cidade do Povo

ReginaA juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública, Regina Longuini, negou as propostas do Ministério Público do Acre de paralisar as obras da Cidade do Povo. “O caso traz à baila conflito entre princípios constitucionais”, diz a juíza. “De um lado tem-se a defesa do meio ambiente, enquanto princípio da atividade econômica e, de outro, o princípio da dignidade da pessoa humana, o direito à moradia digna”.

Em uma Ação Civil Pública, o MP mostra que há “incertezas científicas” quanto aos impactos ambientais da obra que pretende edificar mais de 10.600 casas e que, nos cálculos do governo, deve beneficiar aproximadamente 60 mil pessoas.

O Ministério Público do Estado do Acre alega que o Aquífero Rio Branco seria diretamente impactado com o empreendimento. O Governo do Acre afirma que o projeto atinge apenas 0,0008% do aquífero.
Na decisão, a juíza lembra que a Ação Civil Pública apresentada pelo MP informa que o município de Rio Branco também agiu de forma inadequada ao “desrespeitar o Plano Diretor” e autorizar as obras em uma Zona de Ocupação Controlada.

O MP, pelo que informa o despacho judicial, denuncia que a Câmara de Vereadores alterou o Plano Diretor e mudou a classificação da região de Zona de Ocupação Controlada para Área de Promoção de Habitação.
O presidente da Câmara, vereador Juracy Nogueira, foi procurado pela equipe de A GAZETA para se pronunciar sobre o assunto. Não atendeu às ligações e nem retornou as mensagens deixadas.

“Essa pauta era do município, não da Câmara”, diferenciou o assessor de imprensa do parlamento, Antônio Muniz. “O município alegou à época que o Código de Conduta estava defasado e precisava ser atualizado”.
O Ministério Público denunciou também na Ação Civil Pública que havia “vícios na expedição” das licenças prévias e de instalação. Tudo feito para agilizar o início das obras da Cidade do Povo.

Mãos à obra – “O Ministério Público contestou o nosso EIA/Rima, mas a decisão judicial comprova que aquilo que havia sido contestado foi contemplado pelas ações de Governo”, defendeu o procurador do Estado, Rodrigo Neves. “Não existem elementos para parar a obra”.

O Governo alega que já foram investidos R$ 2 milhões no empreendimento e que a ação proposta pelo MP compromete financiamentos e articulações já iniciados junto ao Bando de Desenvolvimento Econômico e Social.
A juíza Regina Longuini, além da tutela antecipada também negou a “inversão do ônus da prova”. Na prática, a juíza Longuini tanto negou as argumentações do MP alegando falta de elementos que comprovassem as irregularidades quanto negou também a condição proposta pelo MP de que o Governo teria que comprovar que o empreendimento respeita a legislação ambiental.

“Não se observa o desequilíbrio das partes em produzir provas”, argumenta Longuini. “O Ministério Público não tem até aqui nenhum dificuldade em angariar provas”. Regina Longuini substitui o juiz titular da 1ª Vara da Fazenda Pública, Anastácio Menezes, afastado por motivo de saúde.

Ministério Público monta comissão para rebater argumentos
O Ministério Público do Estado do Acre não quis se pronunciar sobre o assunto. Uma comissão vai ser formada para analisar “ponto a ponto” a decisão judicial e montar estratégias jurídicas para contestação. Uma nota pública deve ser elaborada para que o MP demonstre a veracidade dos argumentos apresentados na Ação Civil Pública.

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