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Arquilau Melo: “o trabalho já estava sendo um fardo”

ArquilauO corregedor do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Arquilau Melo, anunciou aposentadoria em sessão do pleno realizada ontem. “O sonho acabou”, disse, lembrando a famosa frase do Beatle John Lennon. “Quando o trabalho torna-se um fardo, é hora de sair”. Alguns companheiros de toga não aguentaram a emoção diante da surpresa da declaração de aposentadoria.

A mais emocionada era a decana do TJ acreano, Eva Evangelista, companheira de jornada de Melo nos 27 anos de magistratura; dezenove só no Tribunal de Justiça. Arquilau Melo assumiu todos os postos de comando no tribunal onde ingressou em 1994 pelo critério merecimento.

Foi três vezes corregedor, um feito incomum nas cortes de Justiça do país. Coordena o Projeto Cidadão desde 1997, uma ação do TJ em parceria com outras instituições de governo que leva os serviços judiciários às comunidades mais isoladas.

Casamentos coletivos, retiradas de documentos, resoluções de problemas com a Justiça. Ações rotineiras da Justiça ao alcance do cidadão acreano que deram destaque à justiça acreana em todo país.

“É hora de dar lugar aos mais jovens”, disse o sexagenário Arquilau Melo. “Eu já não tenho o entusiasmo para exercer essa função. Chegou ao limite. Está repetitivo. Não consigo mais me recriar, me reinventar aqui dentro”.

Arquilau Melo sai por vontade própria. Poderia permanecer no desembargo por mais dez anos. “Vou cuidar de outras coisas na vida”, sugeriu. A ideia de deixar o Tribunal de Justiça já vinha sendo planejada há dois anos.

Por ter militado na imprensa na década de setenta (quando integrou a equipe do jornal “O Varadouro”), existe a possibilidade real de voltar a colaborar com o jornalismo. “Mas, eu quero ser repórter”, entusiasmou-se. Não resistiu e gargalhou quando tentou responder se faria a cobertura do judiciário.

Cheirar e voltar – O nome de Arquilau Melo já foi sondado para compor o cenário de quadros políticos com mandato no Acre. Sobre o assunto, fala sem saudade e cria uma imagem dramática. “A política… eu cheirei e voltei”, lamenta-se. “Eu cheguei perto da política. Senti mau cheiro e recuei. Não tenho estômago. Política se faz com um grupo grande e esse grupo grande tem muita gente boa, mas tem muita gente que temos que endossar e fazer muitas concessões”.

No fim do mês de janeiro, Arquilau Melo deixa definitivamente o Tribunal de Justiça do Acre.

Saída abre nova vaga para a magistratura
A saída do desembargador Arquilau de Castro Melo abre nova vaga para a magistratura. A vaga é por merecimento (produtividade). Atualmente, são sete os desembargadores mais antigos da magistratura acreana.

Maria Penha Sousa Nascimento (juíza de Direito Titular do Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Rio Branco); Laudivon de Oliveira Nogueira (juiz de Direito Titular da 1ª Vara Cível, designado para exercer a função de Juiz Auxiliar da Presidência, biênio 2011-2013); Luís Vitório Camolez (juiz de Direito Titular da Vara de Órfãos e Sucessões da Comarca de Rio Branco); José Augusto Cunha Fontes da Silva (juiz de Direito Titular do 1º Juizado Especial Criminal da Comarca de Rio Branco); Júnior Alberto Ribeiro (juiz de Direito Titular da 3ª Vara de Família da Comarca de Rio Branco); Elcio Sabo Mendes Junior (juiz de Direito Titular da Vara de Delitos de Drogas e Acidentes de Trânsito da Comarca de Rio Branco); Lois Carlos Arruda (juiz de Direito Titular da 3ª Vara Cível).

A Escola da Magistratura e a Corregedoria do Tribunal são as instâncias que elaboram a lista tríplice.

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