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OPERAÇÃO DELIVERY: Duas adolescentes dizem que foram pressionadas por delegado

Delivery21212Duas das 11 testemunhas de acusação “mudaram” completamente o depoimento em juízo, no segundo dia de audiências de instrução processual do caso Delivery. As adolescentes disseram que o delegado que as interrogou para formulação do inquérito “pressionou para que o depoimento ficasse do jeito dele”. As duas aparentavam tranquilidade diante dos promotores e dos advogados de defesa.

As adolescentes disseram ainda que em alguns momentos o delegado “desligava a gravação” feita por uma câmera de vídeo (a câmera é instrumento usado em procedimento padrão para comprovar a veracidade e autenticidade do depoimento).

“Isso não é verdade”, assegura o coordenador da investigação, Nilton César Boscaro, da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado. “O trabalho foi realizado na maior legalidade possível e o que eu estou falando pode ser comprovado pelas gravações realizadas. As gravações falam por si”.

A equipe de delegados não era grande, o que facilita a checagem da informação por parte do Ministério Público. Apenas três delegados fizeram todo o recolhimento de informações nas provas testemunhais.

Todo inquérito elaborado pela Polícia Civil e pela Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado foi fundamentado com base em dois elementos: provas documentais (gravações telefônicas com autorização judicial) e provas testemunhais (depoimentos).

Alguns advogados de defesa alegavam desconhecer “a forma como esses depoimentos foram colhidos” e que “não havia nada de novo nas declarações feitas até agora”.

O argumento “não haver nada de novo nas declarações” é estranho partindo de advogados da defesa dos acusados. Não haver novidade é fortalecer a veracidade do inquérito. Já o argumento que questiona a “forma como foram feitos os depoimentos” ganhou uma aliada a partir do depoimento da adolescente feito ontem.

Câmara Criminal – Diferente do primeiro dia, ontem todas as 11 testemunhas programadas para depor compareceram. Hoje, são esperados mais 10 depoimentos das testemunhas de acusação. As audiências de instrução processual hoje ocorrem apenas pelo período da tarde porque alguns advogados de defesa precisarão estar presentes na sessão da Câmara Criminal que acontece hoje pela manhã.

O julgamento do HC de Marcelo Moniz Mesquita, outro acusado de favorecimento de prostituição de adolescentes envolvido na Operação Delivery não deve ocorrer hoje.
A defesa de Marcelo Moniz pediu o afastamento da desembargadora Denise Bonfim, alegando que ela já havia julgado previamente o acusado na última sessão da Câmara que tratou do assunto ano passado.

Esse pedido da defesa não foi julgado ontem pelo pleno do Tribunal de Justiça. Por isso, o relator, desembargador Francisco Djalma, ainda não concluiu a questão.

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