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Sede da Comissão Pastoral da Terra é invadida quatro vezes só neste mês

 Pela sétima vez, a sede da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Rio Branco foi invadida. Esta é a quarta invasão somente no mês de janeiro. Na semana passada, computadores, data-show, documentos e outros objetos foram levados. Ontem foi somente deixado mensagens com ameças nas paredes do prédio.

 A CPT foi fundada em junho de 1975 sob o patrocínio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para tratar da situação dos trabalhadores rurais e dos conflitos no campo, sobretudo na Amazônia. A CPT busca qualificar as denúncias, garantindo a credibilidade dos fatos, para acionar as autoridades (Ministério Público, Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) ou organismos internacionais (OIT, OEA, ONU).

 Segundo Maria Darlene Braga, coordenadora da CTP, há a omissão das autoridades, que já receberam denúncias sobre o ocorrido. “Na semana passada entraram duas vezes aqui. Já havíamos procurado as autoridades. Todas as providências já tomamos. Registramos boletins de ocorrência, inquéritos já foram instaurados.  Ontem nos organizamos para realizar um ato e quando chegamos ao local, mais uma vez vimos que a sede havia sido invadida. Dessa vez, eles deixaram um recado na parede, dizendo que nós íriamos pagar”.

 As ameaças são constantes, ressaltou a coordenadora. “Em junho de 2011 recebemos telefonemas com ameaças. Na época em que várias pessoas estavam sendo ameaçadas de morte nos Estados da Amazônia, os criminosos ligaram e nos falaram que estávamos na lista para morrer. Depois disso, houve uma sequencia de invasões, furtos e intimidação do nosso trabalho”.

 Darlene acredita que um dos voluntários ou funcionários efetivos da comissão possam sofrer atentados. “A impressão que dá e que eles querem algum documento, porém os confidênciais estão em locais seguros. Fizemos esse movimento ontem para ter uma maior visibilidade e cobrar dos órgãos que cumpram o seu papel e agilizem as investigações. Tememos que algum de nós sofra algum tipo de violência, só falta isso. Eles já deixaram todos os recados. Estamos com medo”.

 A Polícia Civil esteve no local para iniciar as investigações. De acordo com o delegado Roberth Alencar, todas as técnicas possíveis serão utilizadas para solucionar o caso. Inicialmente o trabalho da perícia é importante para tentar coletaros indícios de digitais no local, como também com policiais em campo tentando colidir as informações, já que algumas vezes o local foi furtado. Estamos juntando as informações e tentando encontrar uma motivação para esses furtos reiterados, para dar uma solução para o que se refere à identificação da autoria. Pela frase, há algum tipo de sentimento contra a alguma das pessoas que integram a CPT. A polícia civil está tentando identificar a autoria e fazer a solicitação de prisão ao judiciário, para que isto não aconteça mais. Estamos mantendo várias linhas de investigação para que possamos elucidar o crime”. 

 O Secretário de Justiça e Direitos Humanos Nilson Mourão afirmou que a equipe da CTP deverá ser protegida. “O que vem ocorrendo aqui é evidentemente ação política em função dos quadros dos conflitos pela posse da terra e sobretudo pela fiscalização nos projetos de manejo florestal que ocorrem no Acre. Estivemos reunidos com a equipe da CPT e eles nos pediram proteção. O governo federal tem um programa de proteção para os defensores de direitos humanos. Entramos em contato com a equipe nacional, que já chegou e hoje teremos uma reunião formal para seguirmos os procedimentos e normas estabelecidas. A proteção é integral, não existe nenhum caso em que as pessoas que estão sendo protegidas sofrerem algum atentado ou serem vítimas, desde que se siga todas as normas. A equipe da CTP corre risco de vida”.

Deputados e lideranças políticas manifestam seu apoio à direção da CPT, após novo arrombamento

JOSÉ PINHEIRO
O deputadoSibá Machado (PT) esteve na manhã de ontem, 30, na sede da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em solidariedade aos líderes e membros da entidade pelos fatos ocorridos recentemente.

Sibá lembrou que levará o caso ao conhecimento das autoridades em Brasília/DF, pois fatos como este são uma ‘afronta’ às instituições que lutam pelo direito coletivo.

“Com certeza, levarei ao plenário da Câmara. Vamos divulgar isso em Brasília/DF e solicitar apoio para que o poder público federal possa dar cobertura de vida aos integrantes da CPT aqui no Acre. Isso é uma ação de prevenção”, disse o parlamentar acreano.

Durante o manifesto, integrantes da CPT denunciaram conflitos pela posse da terra na região de fronteira do Acre com o AM.

Nesse sentido, Sibá Machado (PT) afirmou que o secretário estadual de Direitos Humanos, Nílson Mourão, está sugerindo uma visita a essas áreas de conflito para o real conhecimento da situação.

Outra parlamentar solidária à entidade foi a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), que não pôde estar no Manifesto em Apoio aos Integrantes da CPT, mas informou através de sua assessoria que seu mandato está à disposição dos líderes e membros da Comissão Pastoral da Terra.

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