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A origem da pupunha domesticada

A Gazeta do Acre por A Gazeta do Acre
19/02/2013 - 03:44
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Dentre as mais de 550 espécies de palmeiras nativas das Américas do Sul, Central e do Norte, apenas a pupunha (Bactris gasipaes) é considerada como espécie completamente domesticada. O açaí-de-touceira, atualmente amplamente cultivado na Amazônia, ainda está em estágio inicial de domesticação.

Conceitualmente, a domesticação de uma planta consiste em um longo processo de seleção conduzido pelo homem com o objetivo de adaptar a planta para suprir suas necessidades de alimentos, materiais de construção, medicamentos e outros produtos. Por essa razão, geralmente as plantas domesticadas são geneticamente distintas de seus progenitores selvagens e, na maioria das vezes, totalmente dependentes do homem para sua sobrevivência, não conseguindo se reproduzir na natureza sem a intervenção humana. Isso explica o fato de roçados cultivados com culturas perenes, como café, abacate e mamão, geralmente não prosperarem quando deixados sem os cuidados básicos de podas e limpezas do terreno onde são cultivados.

O processo de domesticação e disseminação do cultivo da pupunha foi realizado por indígenas sul-americanos muito antes da chegada dos primeiros europeus. Quando isto aconteceu, a espécie já se encontrava distribuída por toda a Amazônia, norte da América do Sul e parte da América Central. Os frutos, que podem ser usados na alimentação humana e de animais domésticos, foram a principal razão para a domesticação da espécie. Somente nos últimos 30 anos é que seu cultivo foi expandido para a costa atlântica brasileira, especialmente para a produção de palmito, que rivaliza em qualidade com o palmito extraído de algumas espécies de açaí na Amazônia e da palmeira Jussara, na Mata Atlântica. Esse interesse comercial fez com que a espécie tenha atingido um status de cultivo industrial.

Apesar da sua importância econômica, até recentemente existiam discordâncias quanto à classificação botânica da pupunha. Ocorre que muitas plantas cultivadas de pupunha, com variações no tamanho e na cor dos frutos, foram descritas como espé-cies ou variedades distintas. Da mesma forma, algumas plantas morfologi-camente similares à pupunha cultivada, mas que cresciam espontaneamente na floresta também foram descritas como espécies distintas. Até o famoso botânico alemão Martius contribui para a confusão ao criar o gênero Guilielma para batizar plantas de pupunha cultivada que ele havia encontrado no Maranhão nos idos de 1824.

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A confusão quanto ao correto nome científico da pupunha foi resolvida em duas etapas. A primeira, em 1991, quando o pesquisador americano Roger Sanders fez um estudo filogenético e comprovou que o gênero Guilielma proposto por Martius não diferia do gênero Bactris, que havia sido proposto em 1777. Posteriormente, em 2000, o pesquisador inglês Andrew Hen-derson fez uma revisão taxonômica do gênero Bactris e propôs que o nome científico mais apropriado para as plantas cultivadas de pupunha seria Bactris gasipaes variedade gasipaes. O nome das plantas selvagens morfologicamente similares às cultivadas passou a ser Bactris gasipaes variedade chichagui.

Entretanto, ainda pairam algumas dúvidas para se esclarecer como ocorreu a domesticação da pupunha e algumas perguntas ainda não estão completamente respondidas. Qual ou quais os ancestrais selvagens foram usados pelos indígenas para desenvolver a pupunha domesticada? Isso foi feito de forma isolada em uma única região ou ocorreu de forma simultânea em diferentes localidades na América do Sul e Central?   

Para alguns pesquisadores, a domesticação ocorreu uma única vez em algum lugar do sudoeste da Amazônia, em uma região que compreende parte do Acre, e regiões adjacentes da Amazônia boliviana e peruana. Para outros esse evento único ocorreu no noroeste da Amazônia colombiana. Finalmente, uma hipótese completamente diferente advoga que a domesticação ocorreu mais ou menos simultaneamente em diversas localidades na América do Sul e na América Central.

Estudos filogenéticos que realizamos em meados da década de 90 indicam que sob o ponto de vista anatômico e morfológico pelo menos uma espécie de pupunha selvagem, Bactris dahlgreniana, amplamente distribuída no sudoeste da Amazônia, norte de Mato Grosso e sul do Pará, é estreitamente relacionada com as plantas cultivadas, sugerindo que estas últimas podem ter sido selecionadas a partir da primeira.

Dados históricos apóiam o sudoeste da Amazônia como o centro de domesticação da pupunha. O botânico suíço Jacques Huber, então funcio-nário do Museu Goeldi e amplo conhecedor da Amazônia, já havia encontrado a pupunha cultivada e seus parentes selvagens quando visitou o alto Rio Solimões, no Brasil e re-giões adjacentes no Peru. Quando, por volta de 1904, ele encontrou as mesmas plantas ao longo do Rio Purus, se convenceu de que a pupunha selvagem, que ele batizou de Guilielma microcarpa, conhecida pelos nativos como ‘pupunha brava’, era a mais provável ancestral da pupunha cultivada.

O botânico brasileiro Barbosa Rodrigues, ao visitar a região da Chapada dos Guimarães por volta de 1900, encontrou uma espécie de pupunha selvagem em matas de galeria locais, mas não observou a pupunha cultivada, que conhecia de sua viagem ao Pará, realizada por volta de 1870. Como não havia observado pupunha selvagem no Pará, ele propôs que os indígenas que habitavam as cabeceiras dos rios Xingu e Tapajós provavelmente domesticaram a pupunha e levaram sementes da mesma para o baixo Amazonas. Análises genéticas realizadas nos últimos anos apóiam a hipótese de dois eventos de domesticação ocorridos no sudoeste da Amazônia, coincidindo com as proposições de Jacques Huber e Barbosa Rodrigues.

Por hora, existe quase um consenso no meio acadêmico de que a pupunha brava, cujo nome científico mudou de Guilielma microcarpa para Bactris dahlgreniana, é a espécie com maiores chances de ter dado origem à pupunha cultivada. Inclusive seu nome popular deriva do fato da mesma ser em quase tudo idêntica à pupunha cultivada, com exceção dos frutos, que são muito menores e não tem valor comercial. Se a pupunha brava for, no futuro, confirmada como a ancestral da pupunha cultivada, os indígenas responsáveis por esse processo merecem nossa admiração. Afinal, eles partiram de uma espécie cujos frutos mediam menos de 2 cm de diâmetro e desenvolveram variedades cultivadas com frutos medindo até 8 cm de diâmetro. Uma façanha e tanto considerando que o processo foi feito de forma intuitiva.

* Evandro Ferreira é engenheiro agrônomo e pesquisador do INPA/Parque Zoobotânico.

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