A Operação Diáspora, que esfacelou um dos braços do PCC em Rio Branco, mostrou mais uma vez que as polícias estão compromissadas com o seu ofício. Mas há outra faceta por trás do entusiasmo dos policiais que pode estar passando invisível aos olhos de grande parte das pessoas: a falta de infraestrutura para trabalhar de uma forma, senão ideal, pelo menos mais confortável, e que vem minando há algum tempo o ânimo de muitos pelo enfrentamento à bandidagem.
Não são raras às vezes em que flagramos situações vexatórias de poli-ciais pela falta de condições materiais de trabalho. A última delas aconteceu há pouco mais de duas semanas, quando um grupo de populares ajudou a empurrar uma radiopatrulha que teimava em pegar no tranco. Na mesma ocasião, se ouviam burburinhos chateados de que os coletes à prova de balas desses policiais estariam vencidos.
E quanto às armas de choque Taser. Infelizmente não existe pra todos também. Lamentável, pois poderia ter evitado o falecimento do peão José Lima Carneiro, 33, na sexta-feira, morto dentro de casa a tiros de pistola por um sargento, depois de uma crise de histeria da vítima. Os militares alegaram que a pistola de choque foi pedida, mas quando chegou “estava sem cartucho”.
Agora, sofrerão processos administrativos e penais. Não raro, atos heróicos também são dignos de registros. Quando um policial sai para trabalhar, só no que pensa é fazer seu trabalho bem feito e voltar para casa. Mas precisa de um mínimo de segurança.
Da parte do governo, a investida contra o PCC foi mais uma resposta, de tantas já dadas, de que não há mais espaço para o crime organizado. As ações endossam o desejo geral da população por ordem e mostra à marginalidade que dias tenebrosos, como os que foram os do final da década de 80, ficaram para trás.
Há muito tempo não víamos imagens de policiais dentro de presídio, esmiuçando cada canto de cela, numa frenética dedetização do crime organizado, que a todo custo infesta os mais recônditos dos espaços prisionais.
O Estado assume o controle a que lhe é atribuído. Lembremos, no entanto, que o aparato policial deve agir na sua plenitude.
* Resley Saab é jornalista.
E-mail: [email protected]