A Amazon Imóveis forma o primeiro condomínio de propriedades privadas para comercialização de créditos de carbono no Acre. A data prevista é março quando chegam os consultores e empresários de organismos certificadores para avalizar os empreendimentos.
As propriedades estão localizadas ao longo da Estrada Transacreana, no município de Sena Madureira (ao longo do Rio Iaco e Caeté) e em propriedades de Feijó e Tarauacá.
A Amazon Imóveis trabalha com as empresas certificadoras Carbon Securities, Carbon Found e a Carbon Company, todas norte-americanas. O trabalho segue orientação dos padrões referenciados pelo Instituto de Mudanças Climáticas e pela lei do Sistema Estadual de Incentivo a Serviços Ambientais, o Sisa.
“No Acre, somente agora o comércio de carbono está começando a despertar a curiosidade dos empreendedores”, afirma o diretor administrativo da Amazon Imóveis, Almir Santana Ribeiro, um curioso sobre o assunto que percebeu a possibilidade de tornar rentável a política de preservação das florestas. “Quando vi que muita gente não aprovava a ideia; que houve uma reação muito negativa por parte das pessoas, pensei: Vou correr atrás disso que vai dá certo!”
O diretor administrativo cita como exemplo o manejo florestal. “Antes, se nós falássemos em manejo florestal para fazendeiro, corríamos o risco de sermos apedrejados”, lembra. “Hoje, a maioria faz o manejo e ganha dinheiro com isso”.
Foi justamente por tentar criar uma nova referência junto aos fazendeiros para valorizar o imóvel que o comércio de carbono começou a chamar atenção do então corretor. “Hoje, o Acre tem legislação que trata da comercialização do carbono, tem um sistema de serviços ambientais e isso se diferencia dos outros estados”, afirma o diretor Ribeiro. “Se diferencia, por exemplo, do Amazonas que não tem nada disso”.
Em março será instalada uma estrutura na própria sede da Amazon Imóveis para assessorar os empreendedores do futuro condomínio para comércio de carbono e outros possíveis interessados.
Projeto Purus – O comércio de carbono já é uma realidade no Acre. Ao menos para o empresário Normando Sales. Ele formulou o pioneiro Projeto Purus: uma saga que durou 11 anos, recheada de avanços e recuos, mas que, em janeiro, teve confirmada a certificação no mercado voluntário norte-americano (VCS e CCBS).
Apenas nove projetos no mundo são registrados nessas duas modalidades de certificação. A área do Projeto Purus está localizada no município de Sena Madureira e beneficia diretamente 19 famílias. O prazo de execução do projeto é de 30 anos.
O projeto de Normando Sales não recebeu assessoria da Amazon Imóveis. Foi uma proposição restrita dos só-cios Felipe Moura Sales (filho de Normando) e Wanderley Cesário Rosa.
“Se desejarem, as famílias poderão usufruir de escola, posto de saúde, novas metodologias de aproveitamento e utilização da terra, o que possibilita aumento significativo nas suas rendas e novas perspectivas financeiras; além da criação de brigada anti-incêndio, que será ministrada aos moradores pelo Corpo de Bombeiros, como também uma estrutura de barco com capacidade para até 15 toneladas, o qual apoiará no escoamento da produção”, afirmou, por e-mail, o empresário Normando Sales.
Uma nova possibilidade de investimento
O carbono como uma commodity tem como referência histórica o Protocolo de Quioto, um tratado internacional cuja formulação se iniciou no Canadá em 1988 e terminou no Rio de Janeiro em 1992. Uma rápida conversa com o presidente do Instituto de Mudanças Climáticas, Eufran Amaral, elucida algumas questões. Aqui, os principais trechos:
O que é crédito de carbono?
O crédito de carbono é originado de uma floresta. É um serviço ambiental prestado por um determinado ecossistema. No nosso caso, a floresta. Hoje, no mundo, nós estamos vivendo em um planeta que está aquecendo ano a ano. E está comprovado cientificamente que a causa é antrópica. Ou seja, a causa é a ação humana. E um dos principais gases para o aumento desse efeito estufa é o CO². Por que o carbono é importante? Porque na medida em que eu aumento a emissão de CO², eu vou aumentar essa camada de efeito estufa e o planeta vai aquecer.
E o que isso tem a ver com a propriedade lá no Purus, por exemplo?
Tem tudo a ver. O que eu faço na minha propriedade, na minha colocação, na minha terra, tem impacto para o planeta. Por que alguém lá na Europa quer comprar crédito de carbono? Primeiro, para que ele contribua para reduzir essas emissões e possa vincular, no caso de uma empresa, a uma atividade sustentável.
Como isso funciona?
De duas formas. Uma é o sequestro de carbono: simplificadamente, o plantio de árvores. A árvore é quem faz o sequestro de carbono. Existe um cálculo. Cada tonelada de carbono equivale a um crédito de carbono. Isso se chama mecanismo de desenvolvimento limpo. Isso é antigo. Veio do protocolo de Quioto e foi uma forma que os países acharam para que nós possamos contribuir para diminuir essas emissões. Agora, existe uma outra coisa que está sendo discutida mais recentemente: o REDD.
O que é isso?
De forma muito simples, Redd é desmatamento evitado. A sigla significa Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal. Nós sabemos hoje, por causa do Zoneamento Ecológico Econômico, que cada hectare nosso de floresta tem 123 toneladas de carbono.
Mas, como isso se transforma em dinheiro?
Essa área que tem um projeto de Redd precisa ser certificado e é certificado internacionalmente, com empresas especializadas. Algumas que veem só a questão do carbono e outras que analisam a questão social. No caso do Projeto Purus, houve as duas certificações. Anualmente, isso precisa ser conferido. A partir daí o crédito pode ser comercializado.
De que forma?
Eu tenho o crédito. Primeiro: agora, eu tenho no meu “cofre” uma moeda que eu não tinha: crédito de carbono. Eu posso fazer vendas para empresas. Parte das empresas pode ter as compensações via Redd.
Mas, isso não credencia às empresas a poluírem mais?
Isso é um preconceito. O estado ou o país que têm uma meta de redução só vão cumpri-la com aplicação de melhoria tecnológica e apenas parte dessa meta pode ser via Redd. Isso acaba com o preconceito de dizer que o empresário vai pagar e vai continuar poluindo. A maior parte, geralmente, mais de 80%, é aplicação de tecnologia. E outra parte via Redd.
E o dinheiro?
Então, governos, empresas, investidores, fundos internacionais que querem comprar para investir. Ele pode comprar o seu crédito de carbono a US$ 5 dólares e vender a US$ 6 ou US$ 7 dólares. Em mercado, todo mundo procura ganhar. Esse mercado é o que se chama de ‘mercado voluntário’ porque não é regulado internacionalmente.
Quais avanços o Acre representa?
Hoje, no Acre, nós temos um instituto que regula, monitora, registra, avalia e cria as regras. E do outro lado nós temos uma companhia [Companhia de Desenvolvimento de Serviços Ambientais], uma empresa pública de direito privado. É quem faz os negócios. Até março, a companhia vai ter a diretoria formada. Esse arranjo institucional da segurança para quem faz o projeto, para quem compra o crédito: uma segurança baseada em uma lei.
Para terminar: você já ouviu alguém falar que o mecanismo Redd desterritorializa, perde-se o controle sobre o território?
Esse é um grande preconceito. A lei do Sisa [Sistema Estadual de Incentivo a Serviços Ambientais] vincula ao serviço prestado. A empresa não vai ser dona do território. O contrato tem relação com os serviços gerados em termos de carbono. Nada tem a ver com território. Outra coisa: só se faz um projeto de Redd se a comunidade aprovar de forma consensuada.
Amazon Polímeros anuncia R$ 7,5 milhões de investimentos na ZPE
Amazon Polímeros Indústria, Comércio, Importação e Exportação Ltda, especializada em fabricação de artigos plásticos pelo sistema de rotomoldagem, produtora de compostos de polietileno linear e policloreto de vinila não plastificado. Trata-se da primeira indústria que vai se instalar na Zona de Processamento de Exportação do Acre (ZPE).
O proprietário da Amazon Polímeros, Carlos Andrade, está comemorando não somente a aprovação do seu plano de negócios no Conselho Nacional das ZPE’s, como também a possibilidade de se instalar num estado que está em pleno desenvolvimento e oferece muitas oportunidades, como eles mesmo define o Acre.
Otimista, o empresário afirma que inicialmente serão gerados quase 70 empregos diretos, com uma produção mensal de 800 toneladas para exportacão e 200 para o comércio local. “Nós não somente acreditamos no Acre, como também estamos confiantes que aqui faremos muitos e bons negócios”, afirma.
Inicialmente será feito um investimento de R$ 7,5 milhões para a instalação e o funcionamento da indústria, que terá os mais modernos equipamentos do setor, garantindo assim, um produto de qualidade e competitivo.
O otimismo de Carlos Andrade com o Acre é tanto, que além da Amazon Polímeros, em parceria com outros dois empresários acreanos ele vai instalar no Distrito Industrial uma nova indústria: a Total Lev.
A ideia é aproveitar o produto que será industrializado na Amazon Polímeros e fabricar vários produtos que serão comercializados tanto no mercado local como também podem ser exportados para os estados vizinhos.
“Estamos criando uma estrutura para que, ao invés de mandarmos a matéria-prima para outros estados, possamos comercializar o produto acabado. Estamos fazendo um investimento de R$ 2 milhões e acredito que o sucesso nesse projeto é garantido”, destaca.
Apoio do governo
A Amazon Polímeros será não somente a primeira indústria a se instalar na ZPE do Acre, mas ficará na história como a primeira indústria instalada em uma ZPE do Brasil. E para conseguir o feito, Carlos Andrade lembra que contou com o apoio do secretário da Sedens, Edvaldo Magalhães e de sua equipe.
“O esforço de toda equipe e do secretário Edvaldo Magalhães merecem destaque. O processo de alfandegamento da ZPE não é tarefa fácil. Exige muito compromisso, dedicação e esforço. E isso não faltou a eles. O Governo do Estado está de parabéns e tenho certeza que agora outras indústrias vão se instalar rapidamente na ZPE”, comemora.
As vantagens do Acre
Há mais de 30 anos no mercado, Carlos Andrade é um empresário experiente e que não costuma investir em projetos arriscados e perigosos. A instalação da Amazon Polímeros na ZPE do Acre se concretiza, segundo ele, pelas facilidades de comercialização com outros países e as garantias do bom momento do Estado.
Nem mesmo os problemas com a energia preocupam Carlos Andrade. “Recebi a certeza do governador Tião Via-na que esses problemas estão sendo superados e que teremos sim, uma energia de qualidade na ZPE. Essa certeza aliada as outras vantagens que temos aqui, foram fundamentais para a minha decisão”, assegura.
Aliança do Pacífico coloca em xeque competitividade do Mercosul?
O Brasil não fez um gesto à altura do que exige os últimos movimentos da Aliança do Pacífico. Na última semana, os presidentes do Chile, Colômbia, México e Peru cometeram uma ousadia: criação de uma zona de livre comércio até março deste ano.
Fundada ano passado, a Aliança do Pacífico é uma evidente contraposição ao Mercosul. E chega de forma agressiva. Durante a semana que passou, executivos de grandes empresas, industriais e técnicos do governo do Peru realizaram uma rodada de negócios que percorreu parte dos Estados Unidos. Nova Iorque, Chicago e San Francisco foram regiões consideradas “estratégicas” pela imprensa peruana.
Todos analistas que escreveram sobre o tema nos últimos anos são quase unânimes em avaliar uma tendência mais “liberal” (ou menos estatizante) dos países que compõem a Aliança do Pacífico e, segundo os economistas, isso pode fazer muita diferença em um comércio internacional enfraquecido e um Mercosul praticamente anestesiado.
Os problemas sistêmicos da economia Argentina contaminam o Mercosul e trazem um problema que a diplomacia ainda não conseguiu equacionar, sobretudo com uma presidência vacilante e com cacoetes de um esquerdismo nada atrativo para investimentos privados.
Só pelo fato de baixar a zero mais de 90% dos produtos comercializados entre os países membros já dá uma demonstração da agressividade com que o bloco deve atuar a partir de março deste ano.
Polarizar a situação entre Aliança do Pacífico como “direitista” a Mercosul “esquerdista” facilita o entendimento mas não dá conta de explicar a complexidade das relações comerciais. Mesmo porque a importância do Brasil é grande e influencia, mesmo indiretamente, o comércio do novo time em alguns setores.
NOTAS ECONÔMICAS |
Janeiros
Janeiro passou e… a Fieac não apresentou a pesquisa sobre a atividade industrial no Estado em 2012. Uma pena. Se a fez, não divulgou. Espera-se que tenha realizado ao menos para o consumo interno.
No entanto…
No entanto… se a Fieac não dá o tom regional, alguns números nacionais referenciam e ajudam a entender como está o contexto da indústria no país. O IBGE registrou queda de 2,7% na atividade industrial em todo país em 2012.
Mesmo com…
Esse desempenho foi frustrante por um aspecto bem simples: houve esforço pontual do Governo Federal para tentar alavancar o setor: BNDES disponibilizando R$ 37 bilhões em crédito; houve desvalorização cam-bial; renúncia fiscal… os cambau! Mas, a indústria brasileira não destrava.
Desestruturante
Uma parte da responsabilidade é do próprio Governo Federal que não consolida uma política industrial estruturante. Parece operar apenas no pontual, ao sabor dos humores da hora.
Sem pacto
O Acre Economia não compactua com essa pergunta em nenhum momento. Aliás, o propósito do suplemento é falar sobre a economia regional. Seja ela qual for.
Onde a indústria está
Onde houver relações comerciais e industriais na região, isso interessa ao suplemento. Por mais incipiente que seja a atividade industrial, há que se falar sobre ela. Mesmo que seja para informar sobre a fábrica de amarrar “mói” de cheiro verde. Não tem problema.
Varadouros
O que não dá é a iniciativa privada ficar sem saber qual rumo tomar. Uma coisa é certa: sem estudos periódicos e rigorosos qualquer rumo será adequado já que, ao menos por enquanto, todos os varadouros das empresas acreanas descambam para o barracão do Palácio Rio Branco. Não tem nenhum industrial querendo construir um caminho novo, não? Como diria o bom seringueiro… Égua!
Uma leitora
Leitora manda e-mail para o redator do suplemento. Um desabafo cortês de quem usa o sistema coletivo de transporte. Transcreve-se na íntegra (sem edição) para que as autoridades possam melhor avaliar a situação.
Hoje resolvi ‘pegar’ o ônibus em frente à Marisa, ali na Getúlio Vargas, pela simples razão de evitar o Terminal Urbano, que, para nós, usuários do transporte público, nada mais é do que uma sucursal do inferno.
Chego à parada um pouco depois das 11 da manhã, sol a pino, quase nenhuma sombra. Vamos lá, meio-dia se aproxima o tão esperado Santa Maria/Vila Acre. Uma multidão enlouquecida corre rumo à porta de entrada, mas precisa esperar porque algumas pessoas começam a sair. Todos que estão fora já começam a reclamar que o ônibus já está superlotado e que não vai dar para entrar. Todos se espremendo e empurrando entram, para compor aquele cenário cotidiano do descaso.
Uma senhorinha de cabelos brancos amarelados estava suando frio após quase ser esmagada ao entrar no Terminal. Reclamava da falta de educação dos jovens e da inexistência de uma fiscalização por parte das empresas, que deveriam garantir melhor acesso às pessoas da terceira idade. A sensação é de desespero. Um calor infernal num espaço mínimo onde mal dá para se segurar. Crianças e idosos esmagados, o ar é escasso, muita reclamação. Seguem os diálogos aleatórios:
– Nós estamos iguais sardinhas em lata!! Esse ônibus não era assim não, parece que piorou depois da eleição, diz uma senhora que tenta se segurar na janela.
– Piorou mermo! Só queriam que a gente votasse neles. Seu cobrador cadê os ônibus dessa linha?, pergunta uma jovem.
– Tiraram três ônibus dessa linha, mas um foi pra colocar no ramal, tipo assim, respondeu.
– É por isso que tá desse jeito. Mas ninguém faz nada! Se a gente começasse a quebrar ônibus e botar fogo num instante eles iam dar um jeito!, bradou um passageiro.
O clima foi de revolta e todos no coletivo começaram a reclamar e a xingar os homens ‘que mandam’.
Nessa altura do campeo-nato o ônibus estava superlotado. Só entrava e não saía ninguém. Em certo momento um homem grita lá no fundo:
– Motorista, pelo amor de Deus, não cabe mais ninguém aqui!
O motorista não atende ao apelo e cada vez entra mais passageiros, que vão sendo ‘socados’ dentro do coletivo.
O cobrador, gaiato, ainda tem o topete de dizer:
– Se quer conforto vai de táxi, mermão!!
E o homem, já nervoso, responde:
– Eu pago meus impostos, sou um cidadão e exijo meus direitos!!
Aí a revolta aumenta e uma passageira berra:
– Esses cobradores são uns safados! Nunca dão troco pra gente. Conheço uma que disse que faz a feira todo mês com o troco dos abestados. Todo dia deixo os dez centavos porque eles nunca têm!! E quantos mais deixam? Isso é uma ladroagem!!
O cobrador, calado, não se defende.
Pronto, agora além de massacrados e humilhados são roubados!!
Para quem não usa o transporte público em Rio Branco é realmente difícil imaginar esse cenário deplorável que faz parte do cotidiano de milhares de usuários.
Uma sugestão ao prefeito: que tal instalar no Terminal Urbano uma Ouvidoria?