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Cheia do Rio Juruá alaga casas e obriga moradora a sair de barco

Há mais de dez anos, a aposentada Luzia Rodrigues, de 82 anos, vive uma dura rotina no município de Cruzeiro do Sul (AC). Cada vez que o Rio Juruá atinge sua capacidade nesta época do ano, ela é obrigada a deixar a residência, que é tomada pela água.

Doente, com malária, a idosa diz que já está acostumada às enchentes. E que espera apoio das autoridades para poder se mudar do local. Nesta quinta-feira (31), ela teve de contar com a ajuda de parentes para deixar a residência, de barco, após a água atingir quase o nível das janelas. “Tenho muito medo, moro sozinha, vivo doente e todo ano é a mesma coisa. Só saí porque a água invadiu minha casinha e não tive como ficar.” Dona Luzia buscou abrigo na casa da neta.

Assim como ela, moradores dos bairros Boca do Moa e da Lagoa, à beira do rio, estão prestes a deixar suas residências, que já foram parcialmente atingidas pela cheia. Segundo o subcomandante do Corpo de Bombeiros, tenente Clodoaldo Pinheiro, responsável pela Defesa Civil do município, três famílias já pediram o apoio da corporação para uma possível remoção. Mas elas ainda não deixaram os locais.

Devido às fortes chuvas que têm atingido a cidade, o nível do Rio Juruá já ultrapassou a cota de transbordamento, que é de 13 metros.

Rotina de alagamentos
O pescador Raimundo Fernandes da Silva, de 48 anos, vive apreensivo com a subida do rio. Hoje com oito filhos, Silva diz que perdeu um menino de 5 anos afogado no Juruá. O garoto, que não sabia nadar, foi alvo de uma das cheias, que se repetem ano a ano. Com água se aproximando do nível da casa neste início de mês, ele diz que, apesar dos riscos, não pretende deixar o local com medo de saques.

A Secretaria de Assistência Social do município diz que já foram providenciados abrigos para as famílias que necessitarem ser removidas pela Defesa Civil. O órgão diz que a cidade foi colocada em alerta para dar apoio aos desabrigados.

O tenente Clodoaldo Pinheiro orienta os ribeirinhos a não navegar com excesso de carga, a reduzir a velocidade das embarcações e a utilizar obrigatoriamente coletes salva-vidas para evitar afogamentos.  (Francisco Rocha/ G1 AC)

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