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Aplausos às mulheres

A minha sexta-feira foi emocionante. Duas mulheres me impressionaram neste dia 8. A primeira, dona Branca, luta contra um câncer. A segunda, Eva, se recupera de uma infecção contraída ao dar à luz. Branca sorri, brinca e ainda dá bronca em quem insiste em chorar perto dela. Eva espera com resignação a sua cura ao lado da irmã, Érica, ambas inseparáveis.

As duas se recuperam em um hospital de Rio Branco. Do corredor enxerguei outras em leitos e lutas semelhantes. Uma delas olhava para cima como quem contemplasse uma liberdade imaginária, fora daquela maca. Talvez a esperança estivesse se descortinando dentro de sua mente, imagino eu, projetada sobre o teto da enfermaria. Fitava depois a porta da saída como se dissesse: “Meu lugar não é aqui. É na família”.

Quantas Brancas e Evas passam por dificuldades neste momento! Quantas mulheres desejariam deixar hospitais para estar perto dos seus!

Mas bastou apenas meia hora para que eu recobrasse a realidade e ratificasse o que todos sabem que é doce repetir: mulheres são realmente muito mais fortes que homens. Quanta disposição para sorrir na adversidade!

O aparelho que ajuda dona Branca a respirar não parece ser um empecilho. A matriarca, que por tanto tempo varou noites ao pé de um fogão fazendo guloseimas divinas, sob encomenda em sua casa no bairro Bosque, enfrenta dias conturbados com a mesma serenidade e a alegria que sempre lhe foi peculiares.

Ao receber um presente da minha esposa, Cláudia, uma Bíblia em miniatura fragmentada em versículos na qual se retiram aleatoriamente as parábolas, dona Branca mostrou ainda mais sua fortaleza. Focou os olhos numa das mensagens, a leu atentamente, levantou a vista e sorriu pra todos: “Eu acredito na minha cura”, disse. As duas (Branca e Eva) vencerão, não tenho dúvidas, porque seguem seus instintitos maternais.

Aliás, não há termo representativo melhor para definir nossas mulheres do que Eva, feita da costela de Adão, denotando igualdade com o homem. De outro modo não seria da costela, senão de um osso de uma perna ou de um pé. Simbolicamente, a mulher é a geradora de vida e a protetora dela. Por isso, a relação com os ossos da costela está diretamente ligada ao abrigo do coração.

Concluo então, em homenagem a todas as Brancas e Evas entre nós, com um trecho do poema Fanatismo, da portuguesa Florbela Espanca (1893-1930): “Ah! Podem voar mundos, morrer astros, que tu és como Deus: Princípio e Fim!…” Esta são elas, divinas. Que Deus abençoe vocês, mulheres. Hoje e sempre.

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