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Parece que nada é lido, porém, tudo é ratificado!

Estava aqui refletindo e lendo a coluna de um amigo de profissão. Não gosto da palavra ‘colega’. É uma opção minha. Mas, enfim, lendo a coluna do jornalista Luís Carlos Moreira Jorge, ele mencionava justamente aquilo que acredito que o parlamento acreano precisa fazer: parar de interromper as sessões para eventos que não devem extraordinariamente ao parlamento.

Essa semana foi um exemplo claro desse ‘relaxamento’ do parlamento acreano. Parece saudável receber, em plenário, o povo. E é. Mas acredito que as sessões são o momento de discussão, do embate e das soluções! E não para homenagear um grupo como a Ordem Demolay, superlotar o plenário de piscicultores para assistir a uma votação de projetos que ‘iam ser aprovados’. Refiro-me a estes eventos, pois não vejo o Congresso Nacional recebendo dentro do plenário o povo para aprovação de projetos. Fica nas galerias, mas dentro do plenário? Pode aparecer alguém dizendo, mas ali é a Casa do Povo. Ora minha casa é minha casa e nem tudo posso fazer nela. Tem de haver regras.

Saliento aqui que não faço críticas diretas aos personagens citados neste artigo. De modo nenhum, mas ao parlamento mesmo. Precisamos separar as coisas, senão a Aleac vai viver só de solenidades, de grandes expedientes interrompidos, de sessão suspensa. Faço aqui um parêntese quanto ao chefe daquele parlamento, o deputado Élson Santiago (PEN). Um exemplo de um bom acreano, sempre humilde. Não tem protocolo com ele. Mas acredito que está na hora dele começar a dizer ‘não’ para algumas coisas. Afinal, ele é quem manda na Casa. Mas sua atenção dispensada aos jornalistas, funcionários e o povo que visita o parlamento é algo bem peculiar e digno de ser registrado aqui.

Volto a insistir, também, que os parlamentares façam uso da tribuna, o povo que ouvir o que os senhores pensam. Dizem que tribuna não dá voto. Concordo em parte, mas por outro lado discordo desse pensamento e justifico com um velho ditado “quem não é visto não é lembrado”. O deputado tem sim que utilizar a tribuna. Na Câmara de Vereadores de Rio Branco, o presidente Roger Corrêa criou um calendário para que todos os vereadores tenham acesso à tribuna. Isso é salutar para a democracia. Eu faço a minha avaliação, o comerciante faz a sua, o colono que de repente está com o rádio ligado tira as suas impressões.

Em conversa com o deputado Wherles Rocha (PSDB), em certa ocasião na Aleac, ele me dizia o seguinte, que os projetos deveriam ter um tempo maior de tramitação para que os parlamentares pudessem avaliar melhor, principalmente, os que são externos ao parlamento.  Porém, o que se percebe é uma votação sem discussões de impactos dessas decisões. Parece que nada é lido, mas tudo é ratificado.

José Pinheiro é  jornalista.
jsp30acre@gmail.com

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