Famílias atingidas pela alagação em Rio Branco começam a viver um drama duplo. Se não bastassem os transtornos que a situação causa, muitos estão com receio de deixar suas casas por causa da ação dos ‘ratos d’água’, ladrões que agem à noite invadindo casas e levando desde telhas e madeira até bocais de lâmpadas.
A ação desses larápios já é de conhecimento da polícia há anos e com o nível das águas do Rio Acre em 15,10 metros, pelo menos 237 famílias, o que correspondem a 997 pessoas, já tiveram que deixar suas casas e estão abrigadas no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. Destas, 470 são crianças. A medição é das 18 horas de ontem.
Os que ainda têm receio de deixar os locais são porque possuem algum cômodo superior que está fora d’água, e que servem para guardar alguns poucos móveis na esperança que as águas baixem logo. “Se deixamos que a Defesa Civil leve nossas coisas, elas podem se danificar no caminho até os depósitos e se deixamos aqui, mas partimos, os ladrões vêm e levam. Por isso, decidi ficar aqui”, afirma Raimundo Nonato da Silva, morador do Bairro Taquari.
A situação fica ainda mais dramática porque por motivos de segurança, a Eletrobras/Acre cortou a energia nesses locais.
“O resultado é que estamos nos virando como podemos, à luz de vela”, diz Francisco de Assis Silva, também morador do Taquari.
Com o agravo da situação, a Polícia Militar poderá implantar patrulhamento ostensivo, inclusive à noite, a exemplo do que aconteceu no ano passado, para coibir esses delitos.
Na última medição de ontem, as réguas apontavam 15,10m, ou mais de 1m acima da cota de transbordamento, que é de 14,50m. Na enchente de 2012, o parque abrigou 1164 famílias. O rio passou 46 dias acima da cota de alerta. De acordo com o tenente-coronel George Santos, coordenador municipal da Defesa Civil, vários boxes estão montados caso seja necessário a retirada de mais famílias.
“Estamos montando a estrutura do abrigo de acordo com o nível do rio e da quantidade de famílias que se prevê entrar com determinada cota. Temos 150 abrigos livres. Se houver necessidade, iremos expandir a quantidade de boxes”.
Equipes do Corpo de Bombeiros, Emurb, Semsur e Exército estão realizando a retirada e o transporte das famílias. No Parque, estão presentes a Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria de Obras e Depasa. Um trabalho de recreação com as crianças é realizado pela Secretaria de Esportes e Fundação Garibaldi Brasil.
O coordenador destacou que o nível das águas do interior causa preocupação. “O nível baixou em Assis Brasil. Em Brasiléia, continua subindo e está em situa-ção de alerta. Em Xapuri e Capixaba baixou com pouca intensidade. A concentração de balseiros no Rio Acre é grande e o nível está estabilizando. Vamos continuar com as duas bases operacionais, no Corpo de Bombeiros e aqui no Parque de Exposições para atender as famílias. Continuamos atentos. Se a situação agravar, vamos conti-nuar retirando as famílias, até o dia 30 temos chuvas previstas”.
Nesse período, é necessário que a população das áreas atingidas siga algumas orientações. “Uma das orientações primor-diais é evitar totalmente o contato com essa água contaminada e ter muito cuidado com os animais peçonhentos, já que eles buscam refúgio nas partes secas”, explicou George.
O aposentado Severino Fernandes da Silva, 81 anos, é morador do bairro Taquari e está abrigado no Parque de Exposições. O idoso tem dificuldades para andar e foi retirado de casa dentro de uma caixa d’água. “A minha casa já alagou cinco vezes, mas essa é a primeira que venho para cá. Quase nem consegui sair de lá. Moro com a minha filha e meu genro, eles me ajudaram e retiraram todas as nossas coisas. A água cobriu tudo. Não tenho do que reclamar daqui, aqui está bom, me receberam bem, até a comida é boa, mas se Deus quiser até segunda-feira a água já tem abaixado e vou voltar para a minha casa”.
Prefeito vai de barco até comunidades atingidas pela cheia
O prefeito Marcus Alexandre visitou nesta terça, 26, bairros que foram afetados pela cheia do Rio Acre localizados à montante do manancial, como Airton Sena e Taquari, dois dos onze mais afetados nesta enchente. A visita foi realizada em canoa voadeira pelo Rio Acre. Acompanhado do coordenador Municipal de Defesa Civil, tenente-coronel George Santos, o prefeito avaliou a situação e espera, com base nas últimas projeções climáticas, que o rio não chegue a 15,50 metros nesta quarta-feira – ao contrário, considera que estabilize ou diminua de nível. A previsão no entanto é de que as chuvas sigam caindo na região até o próximo dia 30.
Duas constatações da inspeção do prefeito estão relacionadas à Ação de Inverno: as margens do Rio Acre estão bem menos poluídas com materiais não degradáveis e os igarapés suportam bem as últimas chuvas e não estão transbordando. A Ação de Inverno teve de ser readequada para que os trabalhadores e as máquinas da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) e da Empresa Municipal de Urbanização de Rio Branco (Emurb) pudessem prestar atendimento emergen-cial às famílias afligidas pela cheia do Rio Acre. E não são poucas: até às 18h desta terça-feira nada menos que 237 famílias (997 pessoas) tinham sido realocadas no parque de exposições Marechal Castelo Branco porquanto foram expulsas de casa pela invasão das águas. ”Estamos aqui para conferir como estão as famílias e vimos que a situação está sob controle”, disse Marcus Alexandre.
A Ação de Inverno foi lançada pelo prefeito Marcus Alexandre e o governador Tião Via-na no dia 2 de janeiro com intenso trabalho de limpeza, desobstrução de canais e bueiros, limpeza e recuperação de vias públicas. Isso determinou a redução do lixo normalmente predominante nas margens do Rio Acre e em seus canais durante as enchentes.
O rio seguia subindo até às 18h à razão de um centímetro a cada 3h, velocidade menor que a registrada na segunda-feira. À mon-tante do Rio Acre, o número de casas atingidas a cada cheia é menor uma vez que há um trabalho de grande eficiência por parte da Prefeitura desde há oito anos. (Ascom PMRB)
Governo do Estado e prefeitura seguem em trabalho integrado atendendo vítimas da enchente do Rio Acre
O governador Tião Viana e o prefeito Marcus Alexandre reuniram suas equipes ontem, 26, na sala de situação para avaliar a situação da subida do nível das águas do Rio Acre na Capital. De acordo com o major George, da Defesa Civil, o nível do rio esta estável, apresentando 15m08cm na medição feita às 15h. No Parque de Exposições estão abrigadas 226 famílias, sendo 944 adultos e 433 crianças.
O trabalho de remoção das famílias em áreas alagadas que esta sendo executado pela equipe do Exército, que esta colaborando com o Governo e a Prefeitura, tem sido elogiado pelas famílias. Durante a reunião o prefeito Marcus Alexandre ressaltou que todas as solicitações de remoção devem ser feitas pela comunicado por meio do 193, telefone do Corpo de Bombeiros. “Esse atendimento precisa ser direcionado apenas em lugar para que possamos ter o controle de quantas pessoas estão precisando de ajuda”, completou Alexandre. (Agência Acre)