O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, lembrou que, antes de anunciar a renúncia a 28 de fevereiro, Bento XVI emitiu um decreto ‘motu proprio’ (por iniciativa pessoal), que emenda a Constituição Apostólica ‘Universi Dominici Gregis’, promulgada a 22 de fevereiro de 1996 pelo antecessor João Paulo II e que fixava um prazo mínimo de 15 dias e máximo de 20 para a convocação do conclave.
A emenda autoriza o Colégio Cardinalício a ‘antecipar o início do conclave, uma vez confirmada a presença de todos os cardeais’. Esta condição verifica-se desde quinta à noite: os 115 cardeais eleitores (com menos de 80 anos, à data da resignação), chamados a escolher o novo chefe da Igreja Católica e de 1,2 mil milhões de fiéis, estão já todos no Vaticano.
Apesar das expectativas e pressões de alguns para uma eleição rápida de um novo papa, os cardeais quiseram tempo para refletir nos problemas da Igreja, no governo do Vaticano, alvo de fortes críticas, e para escolher o sucessor de Joseph Ratzinger.
O escândalo ‘Vatileaks’, de divulgação de documentos secretos de Bento XVI, marcou as ‘congregações’, com os cardeais não residentes em Roma a pedir mais informações sobre um caso que deixou evidentes questões financeiras e lutas de poder no Vaticano.
Os cardeais não discutem a escolha do futuro papa no pré-conclave, mas “durante encontros informais, para tentar informações que considerem necessárias e para refletir nos candidatos adaptados ao cargo”, disse Lombardi.
Dois campos começaram a formar-se entre os apoiantes de uma reforma do governo, sob a direção de um cardeal enérgico e independente, como o italiano Scola. O outro campo parece inclinar-se para uma Igreja centralizada, dirigida por um papa todo poderoso.
Sucessor favorito – De acordo com o jornal La Repubblica, o cardeal arcebispo de Milão Angelo Scola já reúne ‘cerca de 40 votos’ de cardeais eleitores, precisando de 77 (maioria de dois terços) para ser eleito. Scola é apoiado por “vários cardeais estrangeiros como o cardeal de Viena Christoph Schonborn e por muitos norte-americanos”, acrescentou.
A outra frente seria ‘o partido romano’, formado por uma maioria de italianos.
Ainda de acordo com o La Repubblica, o secretário de Estado cessante, cardeal Tarcisio Bertone, e o decano dos cardeais Angelo Sodano, ‘antigos inimigos’, poderão ter formado uma ‘aliança para apoiar a candidatura do brasileiro Odilo Scherer’, que escolheria para o cargo de secretário de Estado um ita-liano. (Sic Notícias)