Ajudando desde menina os pais seringueiros a viver de borracha no seringal Barrerão, em Feijó, Júlia Jerônimo da Costa jamais imaginaria qual seria seu futuro e muito menos que ele ultrapassasse a densa floresta feijoense.
“Nunca imaginei chegar até aqui onde estou”, diz Júlia, enquanto olha o trânsito intenso de caminhões, carros, motos e bicicletas que circundam a rotatória na saída de Rio Branco rumo a Porto Acre. Ali, diariamente, depois das 16 horas, Júlia se transforma em grande atração com seu delicioso churrasquinho, que atrai todos que buscam a boa merenda do meio da tarde.
Pedestres e motoristas não param de chegar à procura do irresistível churrasquinho da Júlia, que ela serve acompanhado de um quinteto de dar água na boca: baião de dois, arroz carreteiro, vatapá, farofa e vinagrete. “O pessoal gosta muito dessa mistura”, afirma ela, que de ajudante de seringa foi para a cidade aprender a cozinhar. E a cozinhar muito bem, como atestam todos seus fregueses.
Chegando aos 16 anos na capital, Júlia virou cozinheira, garçonete e balconista de bares e lanchonetes, onde foi aprimorando o cardápio para satisfazer a todos os paladares. Durante seu primeiro casamento, a feijoense também ajudou o marido a cortar e a vender carne em açougue. Também foi vendedora de roupa e governanta em hoteis.
Hoje, com seu pequeno negócio de churrasquinhos, dois filhos adultos e segundo casamento, Júlia já é a cabeça da família em termos de renda, que ela viu crescer depois que foi ajudada pelo governo Tião Viana com equipamentos e cursos de empreendedorismo e de manuseio de alimentos. “A Secretaria de Pequenos Negócios do governo me ajudou a expandir o meu pequeno negócio e a melhorar a qualidade de vida da minha família”, assinala Júlia.
De uma renda inicial de 500 reais mensais, a filha de seringueiros já chega a faturar mensalmente até R$ 1500. Com isso, ela e o marido, cabeleireiro no bairro Tancredo Neves, já compraram todos os eletrodomésticos e equipamentos modernos para a casa.
Júlia já tem geladeira, fogão, freezer, televisão, som, micro-ondas, máquina de lavar, ar-condicionado e outros equipamentos domésticos. E já ensaia realizar o grande sonho dela e do marido: ter a casa própria. Até hoje moram de aluguel. “Vamos alcançar esse sonho, se Deus quiser”, aposta a feijoense, mostrando disposição para trabalhar de manhã, de tarde e de noite para chegar lá. No churrasquinho do Trevo ela é ajudada pela também incansável nora Suane.
Com 47 anos, morando no Xavier Maia, Júlia Costa é mais uma das mais de 6,5 mil famílias pobres de todos os 22 municípios acreanos que a Secretaria de Pequenos Negócios, comandada por José Reis e Silvia Monteiro, ajudou a ter renda e perspectivas de crescimento econômico e social.
Mais 80 mil pessoas podem melhorar de vida
Nos últimos dois anos, o programa de pequenos negócios do governo Tião Viana criou e ampliou mais 6,2 mil pequenos negócios para pessoas pobres nos 22 municípios do Acre. Com direito a cursos de formação profissional e de empreendedorismo, a grande maioria das pessoas cresce em suas atividades, ampliando suas rendas.
Cada pequeno negócio é tocado por um pai ou mãe de família, que têm em média quatro filhos. Com isso, os 6,2 mil pequenos negócios criados e ampliados no estado já representam a melhoria da qualidade de vida para mais de 24 mil acreanos. O programa tem gerado rendas mensais entre R$ 300 e até R$ 4 mil.
Para este ano, a estimativa da Secretaria de Pequenos Negócios é de criar e ampliar mais 20.597 pequenos negócios, o que vai implicar na inclusão social de mais 80 mil acreanos. Além disso, pretende inovar criando 8.489 pequenos negócios em serviços para oportunizar empregos aos trabalhadores que se encontram desempregados. Além de repassar os equipamentos, o governo forma e aperfeiçoa costureiras, cabeleireiros, pintores, roçadores e pipoqueiros, entre outros profissionais.