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Governo arca com R$ 9 mil por dia para alimentar mais de 700 haitianos

HaitianosO pesquisador Foster Brown e um grupo de colegas visitaram a casa que serve de abrigo para os haitianos em Brasiléia, neste último final de semana. Lá, ele constatou, junto ao representante da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Damião Borges, que há mais de 700 haitianos vivendo no município, a espera de uma chance no mercado de trabalho brasileiro.

Entre este grupo de haitianos, há cerca de 120 que são mulheres e crianças. Mais de 400 deles ainda estão sem CPFs, esperando pela regularização para se lançarem com tudo nas oportunidades de emprego pelo país afora. A Polícia Federal, com uma estrutura limitada, só consegue processar 10 novos registros de pessoa física por dia. Só com o CPF é que eles podem sair em busca de outros documentos, como a carteira de trabalho, por exemplo.

Mas não são só imigrantes do Haiti que ocupam o abrigo em Brasiléia. Segundo os registros in loco do professor Foster Brown, há 14 estrangeiros do Senegal, 2 da Nigéria (ambos países da África), 7 da República Dominicana (país vizinho do Haiti, no Oceano Atlântico e Mar do caribe) e 1 de Bangladesh (na Ásia).  Para arcar com as despesas na alimentação de todos eles, o Governo do Acre está tendo de arcar com um custo de R$ 9 mil por dia, com comida e água.

Ao todo, a PF já emitiu, nos primeiros 2 anos do fluxo migratório do Haiti (2010 e 2011), CPFs para mais de 1.599 haitianos em Brasiléia. No ano passado, foram mais 1.900 haitianos que chegaram ao Acre. Neste ano, o desejo dos imigrantes para vir ao Brasil através do Estado tem sido num ritmo maior ainda. Entre 1º de janeiro até 15 de março, Foster Brown conta que a PF já emitiu mais de 1800 CPFs para haitianos no Acre, fora os 400 que estão na ‘lista de espera’.    

O pesquisador e professor de mestrado da Ufac conta que o que mais tem preocupado o gestor da Sejudh em Brasiléia é a baixa na procura pela mão de obra destes haitianos por parte dos empresários de outros estados. Enquanto isso, cerca de 30 haitianos chega por dia ao Estado. Damião contou a Foster Brown que acredita que em torno de 40% destes imigrantes podem arcar com suas viagens para ir a grandes centros urbanos do Brasil. Mas os demais 60% não podem. Por isso, esperam por uma ‘forcinha’ de empresários para começarem a trabalhar.

“Se diminuir a busca de haitianos e continuar a chegada rápida deles, é possível que vá expandir rapidamente a população de imigrantes em Brasiléia, além da capacidade institucional para cuidar deles”, alertou Foster Brown.

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