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Crise da nova idade

Esta semana completo mais um ano de vida. Nos últimos dias, venho refletindo muito sobre a minha nova idade. Talvez seja pelos cabelos brancos, o terror de toda mulher e que vem aumentando repentinamente (para a minha tristeza). Ou pela grande responsabilidade que carrego, mesmo com pouca idade.

Me acho tão diferente das jovens que têm a mesma idade que eu. É claro que ninguém é igual, cada um tem sua característica, mas quando as vejo, sinceramente, me sinto uma velha (não fisicamente, é claro). Atitudes diferentes, vida diferente. Às vezes fico pensando se não estou ‘pulando’ uma fase, se não estou deixando de vivê-las ou até mesmo se não estou conseguindo cumprir etapas.

Sempre fui muito independente, por isso decidi começar a trabalhar aos 16 anos. Então, a responsabilidade chegou na melhor idade, mais conhecida como adolescência, período de transição entre a infância e a idade adulta. É nesse momento em que tudo muda: nas emoções, atitudes, relações entre família e amigos, campo intelectual e no principal, liberdade e responsabilidade. O tempo passou e a crise da nova idade chegou. Eu estou ficando velha. E agora, o que devo fazer? Qual roteiro devo seguir? Será que estou fazendo o certo? As minhas dúvidas e incertezas do futuro se somam ao sentimento de apego à infância e adolescência. Naquela época, tudo era possível, não sofria tanta pressão…

Consegui conquistar grande parte das coisas que muitos almejam, tenho uma formação superior e um emprego. A sociedade não valoriza quem você é, mas o que você faz. Porém, eu quero mais. Ao despertar para a realidade, sinto um grande vazio. Infelizmente as coisas não são como a gente pensa. Sinto conflitos internos e todos os dias penso em coisas diferentes, mas eu sei que milhares de pessoas passam pela mesma situação. E isso não é nada mais que a pressa para resolver tudo. É, quem disse que a vida não é complicada? Dúvidas são constantes e me deixam atrapalhada.

Apesar da crise, sei que existe um tempo para tudo. É melhor dar um “chega pra lá” na insegurança. A juventude ainda está aí, há muito para se viver. Fora ansiosidade, questionamentos e interrogações desnecessárias. É melhor aceitar e evitar crises mais intensas no futuro, atravessá-las e tirar o maior proveito possível. O melhor é se reinventar a cada idade. Como diria Lulu Santos: “Hoje o tempo voa, escorre pelas mãos. Mesmo sem se sentir, não há tempo que volte, vamos viver tudo o que há pra viver. Vamos nos permitir”.

Evely Dias – evelydias@gmail.com

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