Na última quarta-feira, 10, fui até o Alto Acre para acompanhar a agenda dos deputados estaduais nas cidades de Brasiléia e Epitaciolândia. A comitiva de parlamentares foi “ver de perto” os imigrantes haitianos. Minha primeira experiência como repórter especial, mas garanto ao caro leitor, que foi uma experiência eu diria boa, mas ao mesmo tempo triste. Boa pelo fato de ser jornalista eu puder de algum modo contribuir para a inserção daqueles indivíduos em nossa sociedade, mas eu diria triste pelo fato de ser humano e ouvir tantas histórias de sofrimentos.
Poucos falam espanhol, língua mais ou menos compreendida por muitos de nós brasileiros. Muitos falam seus dialetos, outros falam o criolo, segundo fui informado por haitianos é o idioma oficial do país. E eu me pergunto isso é mais uma complicação na vida dessas pessoas aqui no Brasil. Afirmo, também, que é necessário que o Ministério do Trabalho fiscalize os empresários que contratam esses imigrantes para que eles não sejam violados nos seus direitos. Não podemos permitir que os haitianos sofram discriminação em nosso país. Não podemos tratá-los como seres de outro planeta, são pessoas que apenas tem cultura e modos diferentes dos nossos. Digo isso porque ao ouvir um discurso de um parlamentar, não citarei nomes é um direito meu, e quero fazer valer o meu direito, mas foi um discurso que me chocou pelo modo, eu diria preconceituoso, quanto aos irmãos haitianos.
Precisamos sim é criar mecanismos para evitar a entrada dessas pessoas no Brasil, aliás, mais que isso, evitar a saída deles do Haiti. Descendo as escadarias da Aleac, encontrei o nobre deputado Luís Tchê, e ele me dizia: “Zé, precisamos, na realidade é reconstruir o Haiti, porque senão eles continuarão vindo”. Concordo com esse pensamento. O Brasil poderia fortalecer sim, junto com a Organização das Nações Unidas, o processo de reconstrução do Haiti. Agora esse negócio de fechar as fronteiras, isso pode provocar reações piores do que já estão. Ao fechar as fronteiras com a Bolívia estamos colocando em risco os 17 mil estudantes que lá estão. Acredito que é uma atitude precipitada e ao mesmo tempo burra. É preciso colocar os Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores para funcionar. Assinar decretos e outras medidas apenas ameniza o caso, mas não resolve.
O deputado Edvaldo Souza (PEN) defendeu a ida até Brasília de um grupo de parlamentares, interessados fielmente a causa e se unir com a bancada federal. A propósito, a bancada federal acreana parece dispersa quanto a esses interesses. Só vi a movimentação da deputada Perpétua Almeida e dos senadores Aníbal e Jorge Viana.
Finalizando, o que não pode é continuar aquele aglomerado de pessoas, com as condições mínimas de higiene e expostos a todo tipo de doenças. Não poderia de deixar de registrar o modo simples, carismático e atencioso do deputado Eduardo Farias (PCdoB) com os haitianos. É digno de registro.
JOSÉ PINHEIRO, jornalista da equipe de A GAZETA
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