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Salve o milho!

Lourival Marques*
José Fernandes do Rêgo*
O milho é um velho “amigo” dos povos americanos. Nascido no México há cerca de 8 mil anos, espalhou-se por toda a América. Já alimentava generosamente as populações nativas  quando  Cristovão Colombo aportou, em 1492, na ilha de Guanaani. A história mostra que os povos precolombiamos foram civilizações do milho. Os Astecas, os Maias e os Incas, com seu uso, constituiram-se e desenvolveram-se como nações.

Antes da colonização européia, nas terras do Brasil, as comunidades indígenas já cultivavam e usavam o milho como alimento.   

Os povos que habitavam o espaço do Acre, no período anterior à ocupação pelos seringais, tinham no milho uma importante fonte de subsistência.

Hoje, é fundamental, indispensável mesmo, à alimentação humana.  Além do uso direto na dieta da população, os animais que são fontes de proteína dependem do milho como ingrediente da ração.

É o cereal que mais se produz no mundo, seguido do trigo e do arroz. A produção mundial atinge a fantástica cifra de 840 milhões de toneladas por ano.

O Brasil produziu 71,4 milhões de toneladas, em 2012, experimentando um crescimento de 28,4%, em relação a 2011. Concorre com a soja cuja produção foi menor: 65,7 milhões de toneladas, no mesmo ano agrícola. Não obstante, os analistas da produção agrícola estão prevendo uma inversão dos números na safra 2012/2013.

É uma commodity de importância maior na produção agrícola do País. O Brasil, em 2012, exportou 24,3 milhões de toneladas e a previsão para o ano comercial 2012/2013 é de  19 mihões, número próximo da previsão dos E.U.A. de 20,96 milhões de toneladas. É circunstancial, mas sinaliza a forte competitividade  do cereal no mercado mundial.

Esse olhar para a história  e o contexto atual da produção do milho mostra que ele é uma estrela de grandeza e brilho similar à soja.

No Acre, a produção de milho aparecia, até o final dos anos noventa do século passado, sem pretensões maiores no mercado. Um pequeno excedente era comercializado.
A produção começa a ter expressão mercantil com os incentivos dos governos da Frente Popular do Acre. Os números atestam o início desse impulso da produção. Em 1998, o Acre produzia 32.904 toneladas, em 2010, 81.125 toneladas. Um crescimento de 146%.

Conforme os caminhos abertos pelo governador Tião Viana  para elevar o Acre a um novo patamar de desenvolvimento econômico, o aumento da escala de produção, o progresso tecnológico e a elevação da produtividade tornaram-se requisitos primordiais de transformação da economia. Neste cenário todos os caminhos levam à industrialização: especialmente à agroindústria e à indústria florestal.

Os avanços conseguidos nas cadeias produtivas da avicultura, da suinocultura e da piscicultura, em escala, criaram uma importante demanda de insumos e, dentre eles, o milho como ingrediente da ração animal.

Nesse quesito, já existem empreendimentos do governo Tião Viana e da iniciativa privada que promovem um salto no desenvolvimento das regionais do Estado. São exemplos da nova estruturação da economia estadual: o Complexo de Piscicultura, em Rio Branco; a Granja Carijó, em Senador Guiomard; o Acre Aves e o Projeto Dom Porquito, em Brasiléia; e o Núcleo Industrial de Piscicultura de Cruzeiro do Sul.

No Acre, não será possível pensar na criação de pequenos animais, no abate e processamento industrial, em larga escala, sem um grande desenvolvimento da lavoura de milho. Os altos custos de  transporte elevam o preço da ração importada e, por consequência, do produto de origem animal. O milho é necessário porque participa com cerca de 50% na composição da ração.

Com este propósito, e visando a criação de oportunidades para a agricultura familiar, o governo Tião Viana promoveu o desenvolvimento da cadeia produtiva do milho, principalmente na mecanização do preparo do solo, do plantio e da colheita; na correção das terras e no armazenamento.

Para enfrentar o desafio da mecanização, o governo adquiriu 364 máquinas e implementos agrícolas para realizar serviços de aração, gradagem, plantio e colheita para agricultores familiares e médios produtores agrícolas em 18 municípios. Em nenhum tempo, o Acre viu um esforço de mecanização deste tamanho.

A produção de milho, como resultado dos incentivos do governo Tião Viana, teve um crescimento de 20%, em dois anos, passando de 81.125 toneladas, em 2010, para 96.687 toneladas, em 2012. No mesmo período, em áreas mecanizadas, a produção cresceu de 20.0000 para 64.000 toneladas.

O IBGE estima, em 2013, uma  produção de 115.601 toneladas. Mantido este ritmo de crescimento da produção, como é plausível, o Acre praticamente torna-se autossuficiente em milho já que a necessidade de abastecimento interno é estimada em 120.000 toneladas/ano.

No Acre, a produtividade do milho é de 4,0 toneladas por hectare, em áreas mecanizadas. A produtividade média era 1,3 t/ha, em 1998. Em  2010, atingiu 2,0 t/ha. A mecanização, o uso de sementes certificadas, a correção de solo e a aplicação de fertilizantes permitiram elevar a produtividade média, em 2012, para 2,5 toneladas.

A produção de milho supõe capacidade de armazenamento. O governo Tião Viana construiu o de Rio Branco e vai  inaugurar, hoje, o silo de Capixaba. O de Acrelândia acha-se em fase de conclusão. Além disso, duplicou a capacidade de armazenamento dos silos de Senador Guiomard, Brasiléia e Plácido de Castro. Com essa operação aumentou em 317,17% a capacidade de armazenamento em silos graneleiros no Estado.

O milho tende a consolidar-se como o grão do Acre. Ele tem o dobro da rentabilidade da pecuária de corte extensiva. Com os atuais níveis tecnológicos, o milho retorna, por hectare, uma margem de lucro 2,7 vezes maior que a pecuária de corte.

Como ele tem um largo horizonte  de crescimento da produtividade até 10 toneladas/ha, já conseguidos no sul do Brasil, ou 15 toneladas/ha nos Estados Unidos, e pode ser manejado em áreas abertas com baixo impacto ambiental – Salve o milho!

* Secretário de Estado de Produção Familiar.
* Secretário de Estado de Articulação Institucional.

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