Na entrada da rua principal do bairro Capoeira, esquina com a avenida Ceará, uma história dramática se esconde nos tanques e bombas de combustível, hoje lacrados. O Posto Central, um dos empreendimentos mais promissores do segmento no Acre fechou.
Não foram propriamente problemas de falta de gestão que respondem pelo “trincamento” do empresário, como ele mesmo se auto-avalia. “Eu não quebrei”, diz. “Eu trinquei”.
Antônio Santana de Souza, ou simplesmente Santana é homem que trabalha com números desde os 17 anos. Fez carreira no setor bancário. Hoje, com 62 anos, esposa que era professora da Faculdade de Matemática da Ufac, a gestão contábil, em tese, não encontraria problemas.
O gargalo se mostrou ineficiente na gestão de pessoas. “Eu errei porque confiei demais nas pessoas. Eu errei pelo excesso de confiança”, diz, fazendo menção a uma passagem bíblica (Jeremias, 17;5). “Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor”.
O rancor de Santana tem explicação matemática. Cálculos conservadores contabilizam que, desde 1998, uma quadrilha composta por 19 integrantes saqueou cerca de R$ 7 milhões. É apenas uma estimativa pela média dos roubos de requisições de combustíveis, reutilizadas e revendidas por frentistas, liderados pela secretária da empresa [o Acre Economia decidiu não citar os nomes dos envolvidos porque não teria tempo para buscar ouvir todos os integrantes do grupo antes do fechamento desta edição].
A sangria era diária e praticamente ininterrupta. A situa-ção ficava sendo “mascarada” devido ao grande volume de combustível e de dinheiro que circulava diariamente. O Posto Central chegou a vender 4 milhões de litros de combustível por mês. Em valores atuais (estabelecendo uma média de preços), Santana calcula que isso girava em torno de R$ 11,2 milhões por mês.
A secretária do Posto Central conquistou a confiança do casal de empresários que trabalhava na sala ao lado. Seis anos após a inauguração do empreendimento (12/06/92), o esquema começou.
Como o Central era um dos poucos postos habilitados a vender para o governo, o volume de venda era muito alto. Para se ter uma ideia, os executivos da Shell fizeram uma pesquisa e constataram que o posto venderia cerca de 150 mil litros por mês, com a movimentação de carros no local. No primeiro mês, o Central vendeu o dobro.
Investigação foi iniciada pelo próprio empresário
Foi o próprio Antônio Santana quem iniciou as investigações que culminaram com a condenação do grupo. O empresário percebeu que “tinha alguma coisa estranha” quando começou a ter que vender cabeças de gado para sanar os rombos contábeis do caixa da empresa.
De sete mil cabeças, o número foi reduzindo para três mil. De três mil “para pouca coisa”. Um apartamento “que hoje não seria vendido por menos de um milhão de reais”; uma casa foi vendida por R$ 400 mil “quando hoje, não se venderia por menos de um milhão também”.
Além disso, Santana teve que vender 20% de uma sociedade que tinha em um frigorífico. Associada à dilapidação do patrimônio, teve que apelar para os empréstimos bancários.
“Uma das meninas que colaborou nas investigações e acabou não sendo condenada por conta da delação premiada disse: ‘Seu Santana, eu não sei como o senhor e a sua empresa aguentaram tanto roubo!’.
Ao lembrar da situação, a voz fica embargada. O olhar fixo nos papéis e os óculos são molhados pelas lágrimas. Em mais de duas horas de conversa, a entrevista foi interrompida porque um dos empresários mais bem sucedidos do Acre chorava pelo que foi feito à sua empresa.
Justiça condenou grupo, mas bens ainda precisam ser devolvidos
A Justiça condenou o grupo. Alguns, por fazerem uso da delação premiada, foram absolvidos. A maioria, no entanto, foi julgada pelos dispositivos legais e beneficiados conforme prescreve o Código Penal.
“Pagaram 20 salários mínimos, respondem em liberdade e fazem serviços comunitá-rios”, diz o empresário. “A não ser que seja subtraída minha vida, eu vou até o fim com esse processo”.
O Ministério Público, por meio da Promotoria de Defesa do Consumidor, não encontrou elementos factuais e concretos para enquadrar o grupo além do crime de formação de quadrilha.
Empresário vai contratar segurança
Agora, Santana abre uma nova frente jurídica: vai querer reaver todos os bens que foram comprados com o dinheiro da sua empresa. Teme que, quando a situação for irrefutável e os integrantes da quadrilha tiverem que devolver os bens, a situação pode mudar. “Nesse momento, eu vou pensar em contratar segurança privada por precaução”, adianta. “Que seja até uma bicicleta, mas eu vou querer que seja devolvida, se foi comprada com o meu dinheiro”.
Como funcionava o esquema
De maneira simplificada, o esquema criminoso funcionava da seguinte forma: as requisições de gasolina, álcool e óleo diesel, que já haviam sido despachadas nas bombas eram arquivadas no escritório.
Tinha acesso ao local apenas pessoas “de confiança” do empresário. Essas requisições eram subtraídas do local onde eram guardadas, distribuídas pelos frentistas e reutilizadas.
Com dinheiro em espécie da venda de combustíveis de clientes privados, os frentistas roubavam o mesmo valor das requisições. O dinheiro era repartido entre as pessoas que faziam parte do esquema. Em síntese, o esquema era esse e dessa forma praticamente levaram a empresa à falência.
De acordo com o empresário, alguns integrantes da quadrilha compraram casas, frequentavam lojas de luxo e pagavam à vista. “Havia compras feitas em lojas famosas na cidade de três mil, cinco mil reais e o pagamento era feito em apenas uma parcela no cartão de crédito”, lembra. “Chegaram a comprar caminhonetes e carros de luxo também”.
Entrevista
O pátio do Posto Central está sendo usado provisoriamente por uma empresa de lavagem de carros. As bombas estão envolvidas por tapumes. No escritório, um homem franzino de fala aguda, o olhar cansado. Atrás da poltrona um quadro com a inscrição “Jamais se dê por vencido”.
Esse é o mote que mantém o que restou de autoestima no sergipano de 62 anos que iniciou na vida bancária aos 17 e “virou acreano” em janeiro de um longínquo 1979. Os problemas na empresa lhe tiraram a paciência, complicaram o relacionamento com a esposa e família. Mas, aos poucos, a situação vai mudando.
“Vou reabrir o Posto Central ainda neste ano. Só não quero mais a bandeira Shell”, diz. Com os atrasos no pagamento da multinacional, em função dos roubos na sua empresa, ele adquiriu uma dívida de R$ 13 milhões com a distribuidora. O valor está sendo contestado na Justiça.
Onde o senhor errou?
Eu errei em confiar demais nas pessoas. Em Jeremias, está escrito lá: Maldito o homem que confia em outro homem. Eu errei pelo excesso de confiança.
Mas, como o senhor se comporta hoje com os seus funcionários?
Olhe eu tinha cerca de 25 funcionários. Se não tivessem me roubado, eu calculo que minha empresa teria crescido muito mais e eu estaria empregando algo em torno de 100 pes-soas hoje. Atualmente, eu sou mais cuidadoso.
Quando o senhor percebeu os roubos?
Quando eu comecei a ter que me desfazer de bens para cobrir os rombos. Eu falava para a minha esposa. ‘Isso não está certo! Isso não está certo!’. Ela não acreditava em mim. Até que a situação ficou insustentável e eu partir para uma investigação.
O que fica de lição?
Muita coisa. A confiança moderada. A necessidade do rigor e do tratamento estritamente profissional dentro da empresa. Isso é importante. Eu durmo tranquilo. Mas, tem gente que não dorme.
O senhor está falido?
Não. Eu não quebrei. Eu trinquei. E vou reinaugurar o Posto Central ainda este ano. Só não vai ser com bandeira Shell porque estou com uma pendenga judicial com eles. Mas, vou reabrir e com serviços ampliados.
Poder público realiza novo desenho para cadeia produtiva do leite
ITAAN ARRUDA
Governo do Acre, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Embrapa elaboraram o Plano Emergencial para a Cadeia Produtiva do Leite. O documento é composto de cinco planos de ação que abrangem desde o melhor aproveitamento dos técnicos do setor disponíveis nas secretarias de Estado até a questão de gestão das cooperativas.
Foram mais de quatro meses de trabalho, fruto de uma concepção realmente “emergencial” entendida pelo grupo. O documento ainda não está concluído, mas já está em fase de finalização.
O Governo do Acre sabe que esse é um setor que exige respostas rápidas; tem graves problemas de infraestrutura; sempre passa por crises de preços; exige investimentos constantes em toda cadeia, produtores locais com baixo capital de giro (para não dizer nenhum, em alguns casos) e concorrentes com processo industrial consolidado.
“O maior gargalo da produção de leite no Acre sempre foi o mercado”, diz o superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Acre, Antonio Cesar Lazzare, um dos formuladores do Plano Emergencial. “A produção no Acre sempre foi muito amadora. Não há laticínios sifados, por exemplo, mas esse quadro deve melhorar nos próximos meses”.
A Cooperativa dos Agricultores e Pecuaristas da Regional do Baixo Acre (Coopel) já pleiteou financiamento junto ao Banco da Amazônia no valor de R$ 3,2 milhões. O recurso viabiliza a adaptação da estrutura da cooperativa para beneficiar o leite e embalar no formato “pouch”.
Comparações
A embalagem lembra muito o antigo leite “barriga mole”. A diferença fundamental é que o formato “punch” permite maior durabilidade. O produto pode ser consumido em até quatro meses.
Atualmente, o mercado apresenta três tamanhos diferentes: 200 mL; 500 mL e 1 litro. A embalagem de 200 mL, inclusive, pode ser usada na merenda escolar, como ocorre em outras regiões do país.
A embalagem “pouch” tem custo médio estimado em R$ 0,19, enquanto a caixinha tetrapak tem o custo de R$ 0,90 para a indústria e ainda em regime de comodato (uma espécie de aluguel em que se paga pelo uso de uma determinada quantidade por mês, mesmo se a produção não utilizar todas as caixinhas).
Além disso, o formato “pouch” é adequado à realidade da produção local: a indústria com embalagem tetrapak (leite de caixinha) exige uma produção mínima de 200 mil litros diários. A embalagem “pouch” já comporta uma cadeia mais modesta: é possível fazer girar uma indústria a partir de 15 mil litros diários.
A Coopel espera para os próximos dez dias a chegada do engenheiro de produção para elaboração do projeto de instalação dos equipamentos da nova estrutura de beneficiamento de leite. A reforma do espaço está sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis.
A planta inicial tem capacidade para beneficiar até 40 mil litros diários, mas inicialmente, a comercialização diária será de 20 mil litros.
Pelo Plano Emergencial para a Cadeia Produtiva do Leite, um técnico será responsável pelo monitoramento do trabalho de 15 produtores. O estudo apontou que o custo desse serviço ao produtor é de R$ 63.
A Embrapa entra no ciclo se destacando no melhoramento genético do plantel. Pelo Plano Emergencial, o produtor pode apresentar uma vaca “seca” e receber uma vaca “enxertada” a um custo mínimo. Com um detalhe: a prenhez tem garantia de um animal adequado à produção de leite.
Donilac apresenta plano de negócio ao governo em maio
Os sócios-proprietá-rios da Donilac, Manoel Donilho e Everaldo Rezende, apresentam ao governador Tião Viana o plano de negócio de expansão da empresa para o Acre em maio.
A pretensão é que a Donilac instale uma indústria com capacidade de beneficiar 50 mil litros por dia. O investimento previsto está em torno de R$ 300 a R$ 400 mil, com retorno de investimento estimado em dois anos. A indústria deve gerar 35 empregos diretos.
“Quero terceirizar o máximo de serviços para que o impacto da indústria seja o mais amplo possível”, pontua um dos donos da Donilac, Everaldo Rezende, há uma semana no Acre fazendo as avaliações do novo empreendimento.
A Donilac beneficia mais de 180 mil litros por dia em cinco unidades no Mato Grosso e é uma das fornecedoras do Grupo Carrefour Brasil. “Quem sabe se no futuro nós não podemos pensar nos mercados boliviano ou peruano”, sugere o empresário.
O Instituto de Meio Ambiente do Acre e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já fizeram as primeiras vistorias no local onde a Donilac pretende se instalar: na Portelinha, em Acrelândia.
Rezende disse que não descarta a possibilidade de, uma vez consolidado o empreendimento no Acre, se instalar na ZPE mirando o mercado andino.
O deputado estadual Éber Machado fez articulação entre a Donilac e o Governo do Acre. Desde o ano passado se dedica ao projeto de trazer a indústria para cá. E apresenta os motivos.
“Hoje, tem vaca indo para o frigorífico porque o produtor percebe que o preço não compensa”, frisa o parlamentar. “Em Acrelândia, teve produtor que chorou dizendo que não aguenta mais promessa. Não podemos mais perder oportunidades. A hora é agora”.
Acrelândia, que chegou a produzir 24 mil litros de leite por dia, hoje não passa de nove mil. Com agravantes: há casos em que os laticínios demoram até quatro meses para pagar R$ 0,50 por litro ao produtor.
Tião Viana: “vamos resolver o problema do leite este ano”
Em recente evento realizado em Rio Branco, o governador Tião Viana assegurou que o plano criado pelo poder público vai dar respostas concretas ao setor. “Nós vamos resolver o problema do leite este ano”, prometeu.
O secretário de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães, assegurou que o desenho do que foi planejado “vai ser adequado à realidade e pode se adequar aos crescimentos na medida que a cadeia for se consolidando”.
PNAD: Pesquisa valoriza projeto de desenvolvimento ao longo de 14 anos
ITAAN ARRUDA
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio divulgada pelo IBGE na semana que passou destaca o Acre. O estado aparece com uma taxa de desemprego de 4,2%. É o terceiro menor índice do Brasil. Isso é o fato.
O Governo do Estado, como não poderia ser diferente, comemorou. E não é para menos. Os estados que ficaram com taxas menores foram Santa Catarina e Rondônia. O primeiro com uma das mãos de obras mais qualificadas do país e o segundo com obras de infraestrutura de grande vulto.
Possuir a terceira menor taxa de desemprego, sem obras de Copa e Olimpíadas, precisa ser, realmente, valorizado. No entanto, o que não se pode ser é injusto. Esses dados, nem pelo olhar do assessor mais bajulador, não podem ser creditados exclusivamente à gestão de Tião Viana.
A rigor, é a gestão que menos impactou nesses números. Mas, claro, possui o mérito de dar continuidade a um “projeto de desenvolvimento” que vem se ajustando há 14 anos. É fato que há setores da economia regional que aceleraram na atual gestão.
As pequenas marcenarias são o melhor exemplo. Não se pode negar que a atuação do secretário de Estado Edvaldo Magalhães frente à Sedens trouxe novo ritmo. Se o Programa de Apoio ao Setor Moveleiro/Marceneiro não é uma novidade na gestão pública, ele carrega o mérito de ter pressa.
O Complexo de Piscicultura é outra digital do Tião Viana. No canteiro de obras na BR-364, os trabalhadores estão virando três turnos. Há dias em que as obras não param até a uma da manhã. Cada homem que usa um daqueles “chapéu de engenheiro” é uma família com renda.
Desde 2004, o PNAD avalia os estados do Norte. Pelo perfil da região, o instituto foi praticamente obrigado a pesquisar também a zona rural/florestal. E isso ajuda na elevação dos indicadores devido à política de incentivo à produção fortalecida nos últimos 14 anos, mesmo com todos os percalços e gargalos da infraestrutura.
“40 mil empregos” – Ao ler os últimos dados do PNAD, um acreano que acompanha a política com um pouco mais de atenção tem a obrigação de lembrar das críticas que eram feitas ao ex-governador Jorge Viana “que prometeu 40 mil empregos”.
Era a ladainha que sempre se ouvia nas tribunas da oposição. A própria gestão de Jorge Viana superou esse número. Mas, talvez, não soube dizer isso. A segurança institucional que a primeira gestão da Frente Popular trouxe no plano político trouxe a reboque a segurança jurídica necessária para o setor privado. Ainda inci-piente, mas que ensaia novos desenhos que podem ser eficazes no médio prazo.
Com taxa de desemprego girando em torno de 7%, a região Norte também não vai mal, ancorada em grandes obras de infraestrutura em Rondônia (hidrelétricas) e de eventos esportivos no Amazonas (Copa das Confederações e Copa do Mundo de Futebol, em Manaus).
“O Acre está na melhor fase da sua história”, analisa o governador Tião Viana quase não escondendo o entusiasmo sobre os números do PNAD. “Nós trabalhamos crédito desde o primeiro dia de governo. Em maio, nós já abrimos programa como o Ruas do Povo e isso é consequência de investimentos”.
O raciocínio governamental está correto. Ele só não está completo. Uma gestão que iniciou em janeiro de 2011 só teve condições de emplacar um programa com a envergadura do Ruas do Povo já em maio do mesmo ano porque houve um acúmulo de 12 anos de planejamento e execuções de obras com o cuidado que a responsabilidade exige.
Contrariando o senso comum, os quatro anos de gestão de Binho Marques foram de intensos investimentos em infraestrutura. Por ser um educador, esperava-se que esse setor fosse puxar os demais.
Marques colocou sobre os ombros de sua antiga equipe da SEE a condução dos trabalhos, foi monitorando de longe, mas priorizou mesmo a produção agroextrativista, a segurança e a infraestrutura.
Terminou o mandato com todas as pontes da BR-364 concluídas e a fita da ponte sob o Rio Juruá estendida para o atual governador cortar.
São esses elementos (e certamente muitos outros) que devem ser avaliados quando se analisa os dados do PNAD. Não se conquista o terceiro menor índice de desemprego do país em apenas dois anos. Nem Roosevelt, com a política do Big Stick, seria capaz de tamanho feito. Sobretudo com uma população deseducada e com mão de obra tão desqualificada como é a acreana.
Diálogo pertinente
Em recente evento público, o governador Tião Viana fez uma cobrança (em tom simpático e brincalhão, é verdade) diante das câmeras.
“- Eu quero ver o Itaan dar o destaque adequado no caderno Acre Economia de domingo sobre os dados da PNAD no Acre”.
“- O que for factual eu darei, governador”.
“- Mas, é claro que é factual. De outra forma você estaria contradizendo a PNAD. Aí é entre você e a PNAD”. Ironizou o governador.
NOTAS ECONÔMICAS |
Eita!
Eita! De novo a dobradinha Eletrobras/Eletronorte chama atenção. Ainda existe uma rotina de apaguinhos. Nos últimos 15 dias, até um apagão ocorreu. Quando a desculpa eram as mucuras, havia até um certo charme. Agora, as tentativas de respostas vêm com arroubos técnicos que nada explicam e só desgastam ainda mais a imagem das empresas.
Acabar de vez
E tem outra coisa: alguém precisa saber comunicar bem direitinho as causas da inoperância. Porque os diretores já se comprometeram, ao lado do governador Tião Viana, de “acabar de vez” com a falta de energia elétrica. Alguém mentiu.
Gargalo
Para quem comercializa picolé ou quem tem uma pequena indústria moveleira, a energia é um insumo vital. Pelo que se vê, isso ainda será um gargalo do setor produtivo por algum tempo. Como consolidar a atividade industrial sendo “fim de linha” é um enigma.
Ou melhor
Claro que nenhum gestor aceita a crítica. Só falta dizer que o Acre é também referência na geração e distribuição de energia elétrica. Aí, lascou de vez!
Entalado
Secretário Mâncio Lima Cordeiro, ao voltar para o batente na Sefaz, já recebeu a boa notícia. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado deve dar o tratamento que o Acre queria em relação à cobrança do ICMS.
À altura
Tinel, o secretário adjunto, cumpriu o papel na ausência de Mâncio Cordeiro. Sempre educado e acessível, respondia com paciência aos questionamentos da imprensa em uma área sempre delicada e difícil de informar corretamente.
Sobre emprego
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio têm como referência o ano de 2010. Só para lembrar.
Intrigante
Tudo bem que cada um faz a festa com os adereços que lhe convém. Mas, não deixa de ser intrigante um fato: o IBGE é um dos órgãos mais criticados em corredores de repartições estaduais. Quase sempre, se alega que o instituto trabalha com dados “defasados”. Mas, quando são números convenientemente positivos…
Precatórios
Presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Roberto Barros, vai liberar pagamento de precatórios na segunda-feira. Aproximadamente 100 processos serão beneficiados. O governador Tião Viana confirmou presença. Não foi liberada a informação sobre quanto de recursos serão pagos pelo Governo do Estado.
Crime público I
Em evento organizado pela Sedens para tratar da compra de mobiliário escolar, o governador Tião Viana avaliou os critérios estabelecidos nos processos de compras públicas. “É preciso observar que o subpreço é tão criminoso quanto o sobrepreço”, disse.
Crime público II
De fato. Quando as licitações priorizam o critério “menor preço”, automaticamente deixam de ser prioridade os critérios qualidade e prazo de execução. “Uma obra que deveria custar 100 e é dito na licitação que será feita por 45 é claro que a empresa não vai conseguir executar no prazo correto e com a qualidade exigida”, disse Tião Viana. “O interesse público é ferido aí também”.
Outros critérios
O argumento serve para explicar a compra feita do mobiliário escolar da Rede Estadual de Ensino. Completamente executado por recursos próprios, o Governo do Acre tem outros critérios de avaliação. Dessa forma, aquece a extensa cadeia produtiva do mobiliário local.
Sem saudades
Fontes ligadas às instituições que trabalham no Plano Emergencial para a Cadeia Produtiva do Leite asseguram uma concepção sobre o setor: tecnicamente, a Cila não deixa saudades. “Sob o ponto de vista estritamente técnico, o saudosismo não se justifica em relação à empresa”, afirmam.
Isolada
Beneficiada pelo isolamento geográfico a que o Acre era submetido, a Cila praticamente exercia um monopólio: uma espécie de campeã onde só ela disputava. “Isso sem contar a gestão que era um espetáculo à parte”, dizem as fontes. “Tanto é que faliu”.
Lamento
A decisão da Justiça Federal em dar ganho de causa à Federação dos Trabalhadores Rurais do Acre permitindo desmate e queima de áreas maiores é lamentável, anti-pedagógica e não aponta soluções.
MPF
As ações do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual, movidas há mais de dois anos, buscavam pressionar o poder público para aumentar o rigor na fiscalização e moralizar emissões de licenças para desmate, com metas para reduzir também a área de queima gradualmente.
Fogo Zero I
O foco é ter o uso do fogo reduzido a zero. Essa é a meta. A decisão equivocada da Justiça não vai resolver o problema. A Fetacre sabe disso. O problema para melhorar a produtividade no setor rural no Acre não é aumentar a área de queimada.
Fogo Zero II
É preciso ter um trabalhador rural melhor qualificado, melhor preparado e aberto a aprender novas técnicas de plantio e manejo da terra. Isso exige, inclusive, a melhoria da qualidade da assistência técnica rural. Esse é o foco.
Autocrítica
O trabalhador rural do Acre, comparado ao de outras regiões do país, tem muito em que melhorar. Mas, muito mesmo! Ter lideranças sindicais com coragem de “fazer uma autocrítica dos companheiros” é o que não se vê.
Comodidade
Outro problema é que a ladainha sobre proibição de uso do fogo faz parte de um discurso fácil: espalha rápido entre os produtores. Nessas horas é que se sente falta de parlamentares que façam uma defesa coerente dos projetos do Governo do Acre. Bajular no plenário é cômodo. Fazer defesa do projeto com plateia contra é que são outros quinhentos!
Gasolina
O Acre teve um rigoroso inverno. Choveu de outubro do ano passado até início de abril deste ano. Pelo que se sente, o verão já chegou. Imagine-se como estará isso aqui em setembro! É rezar com fé para que os ventos espantem para longe os fatores que proporcionaram a tragédia de 2005. Pelo que se viu, com uma canetada, a Justiça Federal já trouxe a gasolina.