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‘Estamos em negociação’, diz acreano Francimar Bodão sobre ida ao UFC

BodaoDo interior do Acre a uma possível ida ao UFC. Detentor do nocaute mais rápido da história do MMA, atual campeão do Shooto Brasil 36 e dono do cinturão até 93 kg do Watch Out Combat Show , WOCS 25, o acreano Francimar Bodão, 33 anos, passa férias em Rio Branco, capital do Acre. O lutador conversou com a reportagem do globoesporte. com/ac e falou sobre a carreira e o novo momento que vive no MMA.

Depois de derrotar o amapaense Simão Melo na disputa do cinturão do WOCS 25 com um estrangulamento lateral, o acreano ganhou espaço na modalidade em nível nacional e está muito perto de acertar sua ida ao UFC. Indo ou não, ele prometeu brilhar pelo mundo afora.

“Daqui uns dois meses os acreanos vão ter uma novidade boa. Ainda estamos em negociação. Uma promessa minha é que nos próximos anos estarei em destaque no MMA internacional. O que eu puder fazer pelo Acre, vou fazer, mas preciso que todos estejam juntos comigo nessa nova etapa. Subir com o nome do nosso Estado lá fora não é fácil”, afirmou.

Francimar Severino Barroso, conhecido por Bodão, começou a praticar jiu-jitsu aos 16 anos no município onde nasceu, Xapuri, interior do Estado. Um ano depois foi morar em Rio Branco e treinou na academia Cristal até os 20 anos, quando passou a fazer parte da academia Riva Fight, onde conheceu o professor Rivelino Souza.

“Conversei com o Rivelino e ele me chamou para treinar lá. Na época, nós tínhamos uma visão diferente e não imaginávamos que o MMA (Vale-Tudo) iria crescer tanto no Brasil”, disse.
Em 2003, Bodão disputou seu primeiro desafio fora do Acre. Viajou à Fortaleza para enfrentar o lutador Pantera Negra, em um duelo que chamou a atenção do país inteiro. Na oportunidade, a luta durava 10 minutos – Pride. Tempo suficiente para o acreano conquistar sua primeira grande vitória na modalidade.

“Eu tinha cerca de 99 kg. O meu adversário estava pesando 135 kg. Apanhei nove minutos, praticamente a luta inteira. Isso porque minha estratégia era finalizar no chão. Acabou não dando certo e mudei de estratégia no último minuto. Com o rosto acabado e engolindo sangue, fui para cima e nocauteei com um chute na cabeça. Ele caiu na minha frente e eu não conseguia acreditar. Depois disso passaram a me chamar de ‘monstrinho’ (risos)”, comentou.

A passagem pela capital cearense durou cerca de um ano e seis meses, quando o acreano teve a chance de se aperfeiçoar no Muay Thai. Antes de retornar ao Acre e passar os conhecimentos aos companheiros de luta, Francimar Bodão foi convidado para ser professor na academia Boxer, em Porto Alegre.

Em 2005, passou a compor a equipe da academia Nova União de Manaus-AM e dois anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde foi recebido por André Pederneiras (Dedé) e José Aldo. Mas, não foi na capital carioca que Bodão se destacou. Aliás, a luta que chamou a atenção do mundo inteiro e colocou o acreano no cenário do MMA internacional aconteceu bem longe do Brasil. Mais precisamente na Jordânia. Foi lá que ele entrou para a história do esporte.

“Fui convidado para lutar na Jordânia. Essa viagem mudou toda a minha história. Logo no começo da luta consegui um chute na cabeça do meu adversário e ele caiu. Nunca tinha visto um nocaute tão rápido. Foi cerca de dois segundos e meio. Quando cheguei no hotel o príncipe Zedniza me convidou para treinar o exército de lá. Foi tudo muito rápido e fiquei assustado. Pedi um tempo para conversar com minha família para decidir. Foi um dia que me emocionei muito e chorei sozinho no quarto porque era tudo que eu queria”, contou.

Para o lutador que nasceu no interior do Acre, um novo mundo cheio de perspectivas inimagináveis. Bodão, inicialmente, rejeitou a proposta, mas depois de conversar com a família e o empresário decidiu aceitar o convite estrangeiro, se tornando o primeiro professor de MMA da Jordânia.

“Não sabia nem falar inglês, imagina árabe (risos). Fui muito bem recebido na Jordânia, foi incrível a forma como eles me tratavam. Depois de um tempo eu pensava em não voltar mais porque lá eu tinha meu trabalho sendo valorizado, apesar da cultura e da alimentação ser diferente”.

Com o crescimento do MMA no Brasil e no mundo inteiro, o acreano resolveu se aventurar e voltou ao seu país de origem para disputar duas das mais importantes competições da modalidade: Shooto Brasil e WOCS. Bodão não decepcionou e conquistou o cinturão até 93 kg dos dois tor-neios, sendo cotado para assinar contrato com o UFC. (João Paulo Maia / GE Acre)

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