Em Brasiléia, distante 222 Km de Rio Branco, cerca de 1.700 haitianos chegaram nos últimos 15 dias. Eles estão em um alojamento improvisado localizado em um ginásio de esportes da cidade. O Governo do Estado, sensibilizado com o problema dos imigrantes caribenhos, usa dos recursos que dispõe para ajudar com alimentos, alojamento e atendimentos de saúde. O governador Tião Viana reforçou a liberação de recursos para compra de água mineral, colchões e duas grandes barracas de campanha.
Na sexta-feira, 5, o governador Tião Viana determinou a ida dos secretários de Segurança Pública, Reni Graebner, Direitos Humanos, Nílson Mourão, e da Assistência Social, Antônio Torres, até Brasiléia verificar a situa-ção dos imigrantes.
Já neste sábado, 6, está sendo realizado um trabalho de limpeza no ambiente onde estão os imigrantes. A prefeitura de Brasiléia e de Epitaciolândia se responsabilizaram em atuar na limpeza externa do ginásio. A partir de segunda-feira, 8, uma equipe da Vigilância Sanitária e agentes sociais seguem até o local para que seja feito atendimento preventivo.
Atualmente são 1.550 homens, 150 mulheres e duas crianças. Todos dividem o mesmo espaço, pernoitam sobre colchonetes doados pelo Estado, prefeituras e comunidade de Brasiléia e Epitaciolândia. A comissão de secretários que esteve em Brasiléia entrou em contado com o comando do 4º Batalhão de Infantaria e Selva (4º BIS) em busca de tendas para minimizar a superlotação do ginásio esportivo.
O Governo do Estado também mantém constante contato com a Polícia Federal e com o Ministério das Relações Exteriores em busca de uma solução que possa inibir imigração e minorar os problemas dos imigrantes que já cruzaram a fronteira. A Polícia Federal sinalizou que vai reforçar atendimento a partir deste domingo, 7, para que possa atender em uma semana 100 haitianos por dia. (Agência Acre)
Haitianos em Cuiabá revelam que preço dos ‘coiotes’ era de até quatro mil dólares
TIAGO MARTINELLO
Quanto custa a viagem de um haitiano para o Brasil? Não há preço fixo, mas os estrangeiros do Haiti que entraram no país pelo Acre e agora estão em Cuiabá revelaram ao diretor do Centro de Pastoral do Migrante de lá, o padre Olmes Milani, que os ‘coiotes’ cobram em torno de 3 a 4 mil dólares (US$) ‘por cabeça’.
O padre contou que dos 90 imigrantes que o centro de Cuiabá recebeu neste ano, 66 eram de pessoas vindas do Haiti. Nunca antes (nem 2010 e nem 2011) a pastoral teve um fluxo tão alto de haitianos. Já são 40% a mais de atendimentos para haitianos apenas nos 3 primeiros meses de 2013 do que a entidade registrou no ano passado inteiro. Atualmente, a pastoral abriga 38 estrangeiros, dos quais 34 são do Haiti. A capacidade do local é de acolher até 51 pessoas.
Olmes Milani também ressaltou que, em conversa com muitos destes haitianos que já passaram pela pastoral, muitos confessaram que a entrada no Brasil foi por ‘agenciamento’ dos guias de transporte ilegal de pessoas, em outras palavras, os ‘coiotes’. “Eles não gostam de falar muito sobre isso. É uma experiência constrangedora. Muitos até ficam pelo caminho”, afirmou Milani.
Estes intermediários atuam principalmente em Porto Príncipe, capital do Haiti, nutrindo o sonho das pessoas de lá de virem tentar uma vida melhor no Brasil. Mas não é só lá que eles ficam. Seu campo de atuação se estende pelos países da chamada ‘rota do tráfico’ de haitianos na América Latina e culmina no país que mais facilita a instalação destes imigrantes no continente: o Brasil.
Assis Brasil, fronteira do Peru no Acre, e Tabatinga, fronteira da Colômbia no Amazonas, são as 2 principais portas de entrada deles em solo nacional. Brasiléia, por exemplo, tem hoje quase 2 mil haitianos esperando a regularização e uma chance de ir trabalhar em centros urbanos maiores.
Na capital do Mato Grosso, os haitianos são atraídos pela alta demanda de ofertas de empregos para trabalhar nas obras da cidade para a Copa do Mundo. A indústria também é um atrativo a mais para os imigrantes saírem do Acre e Amazonas e seguirem viagem para Cuiabá.