Em reunião da sala de situação sobre a enchente do rio Acre, o prefeito Marcus Alexandre e demais membros do governo do Estado e Exército, decidiram iniciar nesta terça-feira, 2, a operação de retorno das famílias do parque de exposições para suas casas. O esvaziamento do parque só se daria a partir da quarta-feira, 3, mas um parecer técnico assinado pelo Professor Doutor Alejandro Fonseca Duarte da Ufac sustenta que o mês de abril, sob a ótica da meteorologia, será ‘normal’. Ou seja: o rio Acre não mudará de comportamento porque não há sinais de anormalidade no regime de chuvas para o período.
Soma-se a esse estudo a pressão social no Parque: as famílias ali abrigadas estão insistindo para voltar para casa. Com isso, em reunião com os envolvidos nas ações de remoção e acolhimento dos desalojados pela enchente, o prefeito Marcus Alexandre anunciou ser possível antecipar para amanhã (2) o início do esvaziamento do parque. Sairão primeiro as famílias que residem nas cotas mais altas do rio Acre.
A enfermeira Alexandrina Chaves, secretária municipal de Saúde, alertou para os cuidados de reocupação dos imóveis, os quais têm de passar por um criterioso processo de limpeza e desinfecção. “Os cuidados devem ser principalmente com os alimentos e as crianças”, pediu a secretária. As medidas de higiene previnem doenças que se propagam pela água suja e contaminada –as verminoses, as hepatites, leptospirose e várias outras. A água para preparação de alimentos e consumo humano deve ser potável ou purificada com hipoclorito de sódio, que está sendo distribuído às famílias que foram levadas ao parque e as que permaneceram nos oito bairros atingidos pela cheia do rio Acre e seus afluentes.
Há muitas horas não chove na Estação Ecológica do Rio Acre, onde se localizam as cabeceiras do rio Acre. E também chove pouco no Vale do Acre: em Assis Brasil, por exemplo, o nível do rio media 4,50 metros às 9h da manhã de hoje (1). Em Rio Branco, pela medição das 12h, o rio registrava volume de água de 13,36 metros.
Gratidão – A Chefe do Gabinete Civil do Governo do Estado, Márcia Regina, agradeceu ao Exército Brasileiro que tem sido importante parceiro não somente na alagação em Rio Branco, mas no interior, como a do rio Liberdade, onde centenas de famílias foram seriamente prejudicadas com a súbita cheia daquele manancial. O prefeito Marcus Alexandre também reafirmou sua gratidão aos parceiros da Prefeitura, sem os quais o atendimento aos alagados teria sido muito mais difícil.
Graves prejuízos na produção de peixe, banana e macaxeira
A Secretaria Municipal de Agricultura e Floresta (SAFRA) já tem o levantamento dos impactos da cheia do rio Acre nas comunidades rurais à jusante e à montante do manancial. Não houve famílias desabrigadas, mas os prejuízos são consideráveis na produção de alimentos.
Na grande região do Riozinho do Rôla os impactos foram registrados apenas no projeto de assentamento Moreno Maia, com efeitos negativos especialmente na produção de banana e macaxeira. “Ficaram destruídos 45 hectares de banana e 50 hectares de macaxeira”, informou Jorge Fadell, titular da SAFRA. Pelo menos 100 famílias foram prejudicadas.
À montante do rio principalmente as comunidades do Catuaba e Panorama foram atingidas. No Catuaba, os prejuízos foram nas roças de banana e macaxeira e no Panorama a produção de peixe de doze famílias ficou comprometida: ali, 12 açudes de um hectare cada –ou cerca de 120 toneladas de pescado –foram perdidos.
Nada menos que 100 hectares de banana e macaxeira foram perdidos com a cheia do rio Acre no Catuaba.
Orientações para o retorno às casas atingidas pelas águas do rio Acre
Segurança
• Voltar para casa durante o dia;
• Não usar vela. Usar lanternas à pilha;
• Chamar imediatamente o Corpo de Bombeiros se sentir cheiro de gás;
• Usar água clorada ou fervida;
• Evitar consumir alimentos crus: vegetais e frutas, se não forem cozidos deverão ser deixados de molho e lavados com água contendo hipoclorito de sódio, na medida de 5 gotas para cada litro de água;
• Evitar embalagens sem rótulos ou identificação, e rejeitar embalagens rompidas, amassadas, enferrujadas ou estufadas.
• Armazenar alimentos em local adequado (protegidos da lama, da poeira e de roedores);
• Para os bebês, em período de amamentação, dar preferência ao leite materno, aos demais ferver água para fazer o leite;
Animais
• Prestar muita atenção ao remover os móveis, pois é frequente a invasão de cobras e outros animais peçonhentos nessas ocasiões;
• Se a mortandade de animais for grande, lançar cal sobre os mesmos, cobrindo-os com terra;
Limpeza
• Esvaziar a caixa d’água e lavá-la esfregando bem as paredes e o fundo. Utilizar botas de borracha e luvas nesta atividade, ou 2 sacos plásticos, um sobre o outro, amarrados nas mãos e nos pés. Depois colocar 1 litro de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5) para cada 1.000 litros de água do reservatório. Após 30 minutos, abrir as torneiras por alguns segundos, para que a água misturada no hipoclorito entre nas tubulações da casa. Aguardar 1 hora e 30 minutos para a desinfecção do reservatório e das canalizações.
. A lama das enchentes tem alto poder infectante e adere aos móveis, paredes e chão. Recomenda-se (sempre se protegendo com luvas e botas de borracha) lavar o local, desinfetando com solução de água sanitária. Para um balde com 20 litros de água, adicionar 4 xícaras de café de água sanitária.
• Eliminar toda a água parada existente em objetos como pneus, garrafas, vasos de plantas, tambores, latas e outros para evitar o aumento de mosquitos.
• Sempre lavar as mãos com sabão e água fervida.
• Procurar imediatamente, a unidade de saúde mais próxima diante de sintomas como febre alta, diarreia, vômito, dor de cabeça, coceira na pele, dores no corpo, e outros.