Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Alerta: adolescentes estão tomando álcool de forma cada vez mais precoce

 Hoje, no Brasil, causa grande preocupação o fato dos jovens começarem a beber cada vez mais cedo. O consumo de álcool entre adolescentes, nos últimos anos, cresceu assustadoramente. Estudos feitos pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) têm apontado que o início do consumo tem ocorrido entre os 11 e 13 anos de idade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool mata 320 mil jovens todos os anos. Mais de 60 tipos de doenças estão ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas. Além disso, a maioria dos jovens que começa a vida nas drogas mais pesadas afirma que o álcool foi a porta de entrada para elas.

 Vodca, uísque, cerveja e vinho. Proibidas para menores de 18 anos, as bebidas alcoólicas estão cada vez mais presentes na rotina dos adolescentes acreanos. Sem limites ou conhecimento dos pais, eles têm acesso livre aos ao álcool em festas, boates ou bares.

 Em Rio Branco, a Divisão de Proteção da Vara da Infância fiscaliza estes locais, com o objetivo de coibir essa prática, explica Hudson Magalhães, vice-presidente da divisão. “Recentemente foi feito um concurso para reforçar a quantidade de agentes de proteção. Éramos em torno de 30 e hoje são quase 50. Realizamos uma escala que varia entre fins de semana e durante a semana para fiscalizar festas esporádicas e em locais fixos, onde há festa toda semana”.

 Geralmente os proprietários de casas noturnas permitem a entrada de adolescentes a partir de 16 anos.“Verificamos se a entrada é feita de maneira correta, pois há um limite de idade. Muitos organizadores de festas permitem que os adolescentes com idade inferior ao determinado entrem. As portarias que são expedidas para as casas de show só autorizam a entrada de quem tem documento. Se o menor entrar sem documento, a boate incide em um erro e recebe também uma autuação. E esse é mais um motivo para levá-lo em casa”.

 Se um menor for flagrado consumindo álcool, os responsáveis são multados. “Além disso, verificamos se há o consumo de cigarros e bebidas alcoólicas por menores de 18 anos. Caso ocorra isso, notificamos o responsável do adolescente que está na festa. Ele é autuado por permitir que o menor beba e está falhando no dever de vigilância e fiscalização. Muitas vezes os pais não acompanham os filhos em festas. Eles costumam ir em grupos, com outros menores. Então o levamos em casa e autuamos os pais. É uma multa perante a vara da infância que varia de 3 à 20 salários mínimos. Se algum maior de idade for flagrado entregando bebida alcoólica à um menor, é preso”.

 Os bares também são fiscalizados, mas há um pequeno detalhe. “Os estabelecimentos não tem uma portaria determinando uma idade. Não é proibido que um adolescente fique no local. Orientamos que os pais levem os menores para casa. Se ele estiver bebendo, vamos verificar se houve uma entrega do proprietário ou do garçom. Se for confirmado, eles responderão judicialmente. No caso se for uma pessoa maior que esteja oferecendo, iremos autuá-la”.

 Apesar da legislação, a dificuldade para comprar uma bebida é quase inexistente. Ao contrário, a compra é facilitada. Bares e casas noturnas se comportam de forma omissa em relação ao problema. “Alguns locais de evento em Rio Branco são exemplares. Não permitem a entrada de menores, cobram documentos e não vendem bebidas. Mas a grande maioria não está preocupada com isso. Muitas vezes preferem correr o risco da autuação do que barrar a venda de bebidas, já que a lucratividade é maior”.

 Para que a lei seja cumprida, punições mais rígidas são aplicadas. “No caso de três ou mais autuações, a multa será aumentada e pode até chegar a culminar na suspensão da atividade comercial do local. O Ministério Público é comunicado para que as penalidades sejam maiores. Apesar de ser difícil, hoje temos um controle mais rígido sobre a reincidência do descumprimento das portarias das casas de eventos”.

Riscos que o álcool pode trazer

 O álcool é um dos grandes causadores de dependência entre os jovens e o segundo principal problema de saúde pública no Brasil, perdendo somente para o tabaco. A bebida aumenta os riscos de cirrose, epilepsia, intoxicação, acidentes de tráfego, violência e diversos tipos de câncer. Os adolescentes ignoram o malefício que estão causando em seu cérebro, em crescimento e desenvolvimento.

 Os danos causados pelo uso de álcool ao adolescente são diferentes daqueles causados nos adultos, seja por questões existenciais desta etapa da vida, seja por questões relacionadas ao amadurecimento do cérebro. O consumo de álcool pode trazer prejuízos para a memória, dificultar a aprendizagem e o controle de impulsos.

 Os rins são responsáveis pela filtração final do etanol, de apenas 6% da substância. Quando há o abuso da bebida, o etanol altera a capacidade dos rins de filtrar as substâncias do corpo, causando uma alteração dos hormônios que controlam a pressão arterial, o que culmina em hipertensão arterial. No pulmão, o resultado do uso do álcool é uma respiração mais lenta e com dificuldades. Os pulmões recebem sangue sujo e o etanol deixa as trocas gasosas mais lentas.

Efeitos do Álcool

 Os efeitos do uso prolongado do álcool são diversos. Dentre os problemas causados diretamente pelo álcool podem-se destacar doenças do fígado, coração e do sistema digestivo. Secundariamente ao uso crônico abusivo do álcool, observa-se a perda de apetite, deficiências vitamínicas, impotência sexual ou irregularidades do ciclo menstrual.

 Um curto período (8 a 12h) após a ingestão de grande quantidade de álcool pode ocorrer a “ressaca”, que caracteriza-se por: dor de cabeça, náusea, tremores e vômitos. Isso ocorre tanto devido ao efeito direto do álcool ou outros componentes da bebida. Ou pode ser resultado de uma reação de adaptação do organismo aos efeitos do álcool.

Sintomas após o uso do Álcool

Doses até 99mg/dl: sensação de calor/rubor facial, prejuízo de julgamento, diminuição da inibição, coordenação reduzida e euforia;
Doses entre 100 e 199mg/dl: aumento do prejuízo do julgamento, humor instável, diminuição da atenção, diminuição dos reflexos e incoordenação motora;
Doses entre 200 e 299mg/dl: fala arrastada, visão dupla, prejuízo de memória e da capacidade de concentração, diminuição de resposta a estímulos, vômitos;
Doses entre 300 e 399mg/dl: anestesia, lapsos de memória, sonolência;
Doses maiores de 400mg/dl: insuficiência respiratória, coma, morte.

Sair da versão mobile