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Bengaleses que entraram no país pelo Acre são vítimas em Brasília

 Quando as fronteiras do Acre com o Peru, em Assis Brasil, e com a Bolívia, em Brasiléia, começaram a se tornar postos de concentração de estrangeiros do Haiti, Bangladesh, Senegal, Nigéria e outros países, houve uma grande preo-cupação com o destino destes imigrantes. Será que eles poderiam acabar vítimas de práticas abusivas de trabalho? Pelas investigações da Polícia Federal em pátios de obras de projetos habitacionais em Brasília/DF, a resposta é sim.

 Nesta semana, as investigações da PF na capital federal revelou que mais de 80 trabalhadores de Bangladesh e outros pequenos países asiáticos estavam sendo submetidos a condições de trabalho análogas à de servidão. Eles faziam parte de redes de tráfico de pessoas para o Brasil.

 Primeiro, ainda na sua terra natal, os bengaleses recebiam propostas falsas de salários de até US$ 1,5 mil (R$ 3 mil) para virem trabalhar no Brasil. Eles vinham para cá, clandestinamente, e aqui se deparavam com ofertas de emprego bem aquém das que lhes foram prometidas.

 Para entrar em solo brasileiro, a PF identificou 3 portas diferentes de acesso dos bengaleses. A do Acre, vindo pelo Peru e pela Bolívia e passando por Assis Brasil, era uma delas: a segunda que eles mais utilizavam. A principal das passagens era por Roraima, nas divisas com a República da Guia-na. A 3ª porta de entrada era vir pela Bolívia até Corumbá, no Mato Grosso do Sul. 

 Seis acusados de ‘agenciar’ (prática de ‘coiotes’) as viagens dos bengaleses até aqui foram presos pela PF. Eles revelaram ter recebido valores de até US$ 12 mil (R$ 24 mil) dos estrangeiros para atravessá-los, de forma ilegal, em todas as fronteiras desde a Ásia até o Brasil.

 Em várias casas de abrigo, os imigrantes asiáticos tinham de dividir pouca comida, dormir juntos e/ou até no chão, apenas com alguns cobertores. Suas cargas horárias também excediam qualquer relação trabalhista brasileira e alguns nem sequer estavam regularizados.

 Vale destacar que os bengaleses não foram amparados pelo governo brasileiro na recente força tarefa que regularizou a situação de milhares de haitianos em Brasiléia. Portanto, muitos dos 80 bengaleses/asiáticos resgatados em Brasília terão de retornar ao seu país de origem. O Conselho Nacional de Imigração do Ministério do Trabalho é que analisa a situação deles.

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A Gazeta do Acre: