Em extensão, o sonho tem 642 quilômetros. Em anos de espera, mais de 40. Em investimentos, mais de R$ 1,1 bilhão somente entre 2007 e 2012. E agora as frentes de trabalho retomam as ações com intensidade para vencer os últimos 43 quilômetros que faltam para concluir definitivamente a BR-364, a última fronteira rodoviá-ria brasileira. E os trabalhos recomeçaram nesta sexta-feira, 3, com a presença do governador Tião Viana, do ministro dos Transportes, César Borges, e do diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Jorge Fraxe.
O ministro dos Transportes assistiu a um vídeo sobre a construção da estrada. “Confesso que me emocionei com essa epopeia que foi a construção da estrada ao longo de tantos anos. Estamos aqui para comemorar este último trecho que vai coroar a integração. Venho dizer que o Governo Federal não vai faltar ao Governo do Estado, o ex-presidente Lula não faltou e a presidente Dilma não faltará para a conclusão desta obra”, disse César Borges. O ministro também garantiu que o Governo Federal vai assumir, em parceria com o Estado, a manutenção da estrada.
Para o governador Tião Viana a retomada das frentes de trabalho da BR-364 simbolizou a união de todos os municípios num momento de espera e fé. “A história desta estrada começou em 1968 e ainda não tivemos a oportunidade de concluir. Agora temos o ministro aqui nos dizendo que está estendendo a mão em solidariedade. Não podíamos ter o estado dividido em um lado que tem oportunidades e outro lado que não tem oportunidade alguma. Precisávamos interligar e esta não é uma obra qualquer, ela é cheia de adversidades”, disse o governador.
O senador Aníbal Diniz lembrou que no momento em que a obra for concluída, o trabalho não terá acabado. “Será preciso um cuidado especial para manter a estrada e somos testemunhas do esforço do governador Tião Viana para dar manutenção na BR e mantê-la aberta, uma decisão de extrema coragem que ele tomou”, disse.
O desafio atual: restam poucos quilômetros
A solenidade aconteceu no acampamento do Massipira, distante 34 quilômetros de Feijó, num dos dois trechos da BR-364 que ainda estão em pavimento provisório. “Hoje nós demos o último grande passo para a conclusão da obra. Vamos pavimentar um trecho de 24 quilômetros entre Manoel Urbano e Feijó e outros de 19,5, entre Tarauacá e o Rio Gregório, com a sorte do verão ter começado um mês mais cedo este ano. As obras, na verdade, nunca pararam, pois nunca deixamos de dar manutenção em toda a estrada, mesmo durante o inverno rigoroso”, explicou o diretor do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), Ocírodo Júnior.
Além dos dois trechos que serão concluídos, haverá frentes de trabalho responsáveis pela recuperação dos trechos que foram danificados pelo trânsito intenso durante o inverno.
Um pouco de história
A BR-364 começou a ser aberta em 1968 pelo 7º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC), do Exército Brasileiro. Na década de 1990 foi concluída a ligação entre Sena Madureira e Rio Branco, e o restante da estrada ficava totalmente intrafegável durante mais da metade do ano. A partir de 1999, quando a Frente Popular assumiu o Governo do Estado, todos os anos o Deracre garantia a reabertura da estrada no início do verão. Ela ficava trafegável até as primeiras chuvas do inverno. Em 2011 pela primeira vez a BR-364 ficou aberta de inverno a verão, permitindo o trânsito de caminhões, ônibus e veículos de passeio.
Ministro assegura a Tião que visita à BR-364 é para ajudar o Acre
O ministro dos Transportes, César Borges e o general Jorge Fraxe, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), desembarcaram em Cruzeiro do Sul, na manhã desta sexta-feira, 3, para acompanhar com o governador Tião Viana e o vice-governador César Messias o reinício das obras da BR-364.
Na recepção feita no auditório da Infraero, no Aeroporto Internacional de Cruzeiro do Sul, também estavam o senador Aníbal Diniz; a deputada federal Perpétua Almeida; os deputados estaduais Geraldo Pereira e Jonas Lima e o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, que foi por seis anos diretor-presidente do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre).
No auditório o ministro Borges e o general Fraxe assistiram a um documentário sobre a história da BR-364 no trecho que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul. O vídeo mostrou que até o final da década de 1990 não era possível chegar ao Vale do Juruá, região mais ocidental do Acre, de carro. As imagens deixaram claro que em alguns trechos a BR-364 não passava de um caminho de mato batido, sendo possível trafegar apenas a pé.
“Nossa vinda ao Acre é no sentido de ajudar o Estado do Acre. Nosso interesse é procurar uma solução e não de olhar para trás, para o que se passou”, garantiu o ministro dos Transportes, César Borges.
Todas as pontes estão concluídas
Uma das partes mais caras da obra de uma estrada são as pontes e no caso da BR-364 há uma peculiaridade: a grande quantidade de rios e igarapés que a cortam, que exigiram além de muitas pontes, dezenas de galerias e bueiros. As cinco grandes pontes são as dos rios:
Purus – 407m (município de Manoel Urbano)
Envira – 300m (município de Feijó),
Igarapé Diabinho – 81m (município de Feijó),
Tarauacá – 300m (município de Tarauacá)
Juruá – 550m (município de Cruzeiro do Sul)