O entusiasmo no discurso e a exposição eloquente e objetiva de ideias e projetos são marcas do secretário de Desenvolvimento Econômico, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis do Acre, Edvaldo Magalhães. Em poucos minutos de conversa, Edvaldo expõe dados, números e projeções quase como um “computador ambulante”. Sabe tudo na ponta da língua. E convence.
Apesar do aparente momento “morno” e de dificuldades pelo qual passa a economia acreana, o secretário mantém-se otimista. “Os investimentos feitos pelo governo do Estado estão no caminho certo”, garante ele.
Prova disso é o novo momento da cadeia produtiva da castanha. Se até pouco tempo o Estado não tinha condições de processar toda sua produção, com o incentivo e os investimentos do governo de Tião Viana, essa realidade está mudando, de modo que, até o final do ano, o Acre terá capacidade de processar toda produção da castanha.
Em entrevista exclusiva ao Acre Economia, Edvaldo Magalhães fala também sobre os investimentos no Polo Logístico da Capital e os projetos executados no interior, que tem garantido melhorias na qualidade de vida de milhares de famílias acreanas. Confira.
Castanha
“Pela primeira vez na história, o Acre vai ter condições de processar toda sua castanha. O processo inverso vai acontecer e poderemos industrializar, inclusive, castanha de outros estados, como o Pará, por exemplo”.
A novidade que muda a realidade da produção de castanha no Acre é comemorada por Edvaldo Magalhães, que destaca que, com os investimentos feitos pelo governo no setor, até a próxima safra, que corresponde o início do próximo ano, as indústrias de processamento de castanha do Acre terão capacidade de processar toda a produção.
Com isso, as cenas em que víamos inúmeras balsas descendo o rio Acre rumo ao Pará levando castanha in natura, para ser processada nas indústrias paraenses, não mais se repetirão. Segundo o secretário, o governo tem ofertado diversos apoios como concessões de áreas e incentivos fiscais para, pelo menos, quatro indústrias de beneficiamento de castanha no Acre.
A maior delas, a Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre), se firma como a maior Cooperativa de Extrativistas do país, possui duas indústrias para beneficiamento de castanha e processa, aproximadamente, 2.400 toneladas por ano.
Em novembro, com a inauguração de mais uma indústria, que o governo constrói no Parque Industrial de Rio Branco, esse número deve duplicar e chegar a 4.800 toneladas/ano de castanha industrializada.
Atualmente, cerca de mil extrativistas trabalham diretamente na coleta da castanha e dependendo da safra recebem, em média, R$ 20 reais por lata do produto.
“É o trabalho árduo desta classe, que garante o sucesso em contratos que a Cooperacre, por exemplo, mantém com multinacionais como a Nutrimental e a Nestlé. Para se ter uma ideia do que isso representa, atualmente a receita bruta da Cooperacre chega cerca de R$ 40 milhões/ ano”, diz.
Polo Logístico
“Quando o governador Tião Viana decidiu investir na construção do Polo Logístico, ele tinha certeza que seria algo importante para o setor atacadista, varejo, de distribuição e de transporte de cargas. Antes de qualquer proposta, visitamos as empresas do ramo, conversamos com os empresários e conhecemos melhor a realidade. A partir daí, decidimos apresentar um projeto para o Polo Logístico e hoje já temos as primeiras empresas que vão começar a construir suas instalações”.
Otimista, Magalhães comemora a aprovação, pela Comissão da Política de Incentivo às Atividades Comerciais e de Logística e Distribuição (Copal), dos dois primeiros projetos para a construção de galpões na área que foi adquirida pelo governo do Estado para o Polo Logístico.
No total, a Copal está analisando quatro projetos. Os dois primeiros já foram aprovados e os demais devem ser aprovados já na próxima reunião da Comissão. E a expectativa é de que mais projetos sejam encaminhados à comissão nos próximos dias.
“Para se ter uma ideia do que isso representa, inicialmente o governo está investindo mais de R$ 12 milhões na aquisição do terreno e na infraestrutura necessária para a instalação das empresas. Só esses dois primeiros projetos que foram aprovados representam investimentos superior a R$ 15 milhões. Temos mais dois que estão sendo apreciados, fora aqueles que já estão sendo concluídos e serão enviados para a Copal. Teremos geração de empregos na construção dos galpões e também quando as empresas estiverem funcionando. Isso mostra que o governador Tião Viana acertou quando decidiu investir no Pólo Logístico”.
Edvaldo Magalhães lembra ainda que além das empresas, órgãos importantes da administração pública, como a Suframa e a Secretaria da Fazenda (Sefaz), além de instituições bancárias e outros órgãos, vão se instalar no Polo, garantindo, assim, mais tranquilidade para as empresas.
“Não podemos esquecer também dos benefícios que esse Polo vai trazer para o nosso trânsito”, destaca ele. O Polo Logístico de Rio Branco está sendo construído no km 5, da BR-364, ao lado da Cidade do Povo, em uma área de 133 hectares. A parceria público-privada entre governo do Acre e empresários permitirá reunir em único local todas essas empresas, evitando que caminhões de grande porte trafeguem nas vias da cidade.
Indústria Naval
“Investir no fortalecimento da indústria naval acreana, com a implantação de Centro Naval em vários municípios, aquisição de equipamentos para a modernização da produção e o apoio à organização comunitária, é estender a mão e olhar com muito carinho para mais de 50 mil acreanos que moram às margens dos rios. Além disso, estamos incentivando a tradição da carpintaria naval, que estava enfrentando dificuldades”.
Edvaldo Magalhães lembra que os municípios ribeirinhos do Estado, sobretudo na região do Vale do Juruá, possuem uma produção histórica de embarcações náuticas em madeira (canoas, bajolas, baleeiras, batelões). Essa produção alia o conhecimento das comunidades tradicionais, com inovações tecnológicas e operacionais que caracterizam a viabilidade da utilização destes meios de transporte às peculiaridades dos rios e afluentes acreanos.
“O governo do Estado estaì executando um completo programa de fortalecimento do setor, com foco na melhoria de condições de trabalho para os profissionais que haì anos são responsáveis pela construção destas embarcações. Esse conjunto de ações engloba aquisição de equipamentos, construção do Centro Naval em Cruzeiro do Sul e fomento à organização comunitária”.
Projeto ‘Segurança Pública nas Fronteiras’ começa dia 30 de junho no Acre
ITAAN ARRUDA
O projeto Segurança Pública nas Fronteiras, desenvolvido pelo Ministério da Justiça e UFRJ, em parceria com outras universidades, vai iniciar dia 30 de junho aqui no Acre. A Ufac é uma das instituições que participam do estudo.
O Governo Federal quer ter um diagnóstico preciso sobre a real situação das fronteiras em todo o país. Isso envolve 11 estados e 588 municípios, sendo 122 destes em faixa fronteiriça.
No Acre, já foram mapeados os municípios de Plácido de Castro, Assis Brasil, Brasileia, Manuel Urbano, Capixaba, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Jordão, Sena Madureira, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Santa Rosa dos Purus e Acrelândia.
Os professores convidados a participar do projeto pela Universidade Federal do Acre são Marisol Bradt (coordenadora regional), Eurenice Oliveira, João Lima e Letícia Mamed. Todos integram o Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac. A coordenação nacional do projeto é de responsabilidade dos professores Michel Misse e Lia Osório Machado, ambos da UFRJ.
O trabalho acaba resvalando em questões e problemas econômicos. Tráfico de drogas, tráfico de pessoas, vulnerabilidade social, taxa de homicídios (quase sempre relacionada ao consumo ou tráfico de drogas entre população de baixa renda) devem ser analisados pelos pesquisadores. A imigração ilegal de estrangeiros também será tema estudado.
Como esses problemas travam o desenvolvimento da região também é uma equação que deve receber tratamento prioritário pelos estudiosos.
Na última sexta-feira, os pesquisadores realizavam reuniões institucionais com órgãos como Polícia Federal, Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Estado de Polícia Civil.
De acordo com o site da Ufac, “a pesquisa servirá como subsídio ao desenvolvimento de um banco de dados que irá avaliar os resultados das ações empreendidas pela Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (Enafron) e pelo plano estratégico de fronteiras da Secretaria Nacional de Segurança Pública”.
Peru alcança marca de US$ 5,13 bilhões com exportação de serviços
ITAAN ARRUDA
A Peru Service Summit, feira internacional encerrada ontem em Lima, contabilizou: as exportações de serviços alcançaram a marca dos US$ 5,3 bilhões em 2012. É um crescimento de 17,5% em relação a 2011, que registrou US$ 4,364 bilhões.
O Peru tem se apresentado como uma honrosa exceção no continente. Não há paralelo em crescimento contínuo no hemisfério Sul. O setor de serviços representa bem esse ambiente. De acordo com a assessoria da feira Peru Service Summit, o setor de exportações peruano “mais que triplicou entre 2003 e 2012”.
O comércio entre o Peru e o Brasil guardam diferentes relações em diferentes regiões. De acordo com o diretor de Promoção à Exportação da Promperu (agência do governo de fomento ao setor), Luiz Alberto Torre Paz, o Acre precisa saber melhorar o aproveitamento da rodovia interoceânica.
“Acre, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas oferecem oportunidades interessantes para a oferta de exportação peruana, principalmente comida, têxteis e materiais de construção”, avalia Paz.
Representando 4% do PIB brasileiro, esses estados são observados com atenção pela agência de fomento à exportação do governo peruano. A estimativa é que nessas regiões somem cerca de 9,1 milhões de pontenciais consumidores de produtos e serviços peruanos.
Nesse aspecto, um instrumento pode servir de diminuição de custos para as empresas: a rodovia interoceânica. Com um diferencial: o incentivo, por parte do governo do Peru, em estimular o acesso ao mercado brasileiro entre as pequenas empresas e indústrias na região andina.
“O programa ‘Consolida Brasil’, promovido pelo Ministério do Comércio e o PromPeru, tem por objetivo dar suporte a pequenas empresas para consolidar entregas e reduzir o preço de transporte na utilização da Interoceânica”, informou o diretor.
Exportação de serviços mobilizam 65% da PEA no Peru
O Peru é um país que já tem cultura exportadora. A geografia lhe condicionou a isso: com um interior barrado pela floresta amazônica na fronteira com o Brasil e com o Pacífico à frente, a Peru só podia mesmo fortalecer o comércio para fora das divisas.
De acordo com o Ministério do Comércio Exterior e Turismo, 65% da População Economicamente Ativa do Peru está vinculada à exportação de serviços. É o setor mais importante da economia do país, respondendo por 50% do PIB peruano, que registrou crescimento de 6,3% ano passado e já registrou crescimento de 5,54% no primeiro quadrimestre de 2013.
Ainda de acordo com o Ministério do Comércio Exterior e Turismo, 65% dos investimentos externos realizados no Peru estão vinculados ao setor de exportação de serviços.
Entrevista: Luiz Alberto Torre Paz (diretor de Promoção à Exportação da Promperu- agência do governo de fomento ao setor)
Acre Economia: De que forma a Interoceânica pode consolidar as relações econômicas entre Peru e Brasil (Acre)?
Luiz Alberto: Com a Interoceânica, o Peru ganhou competitividade para abastecer o mercado oeste brasileiro (Acre, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas), que pode ser acessado diretamente e em menos tempo do Peru se comparado a outras cidades localizadas na costa atlântica brasileira. E são as cidades do sul do Peru, como Arequipa, Tacna, Cusco, Madre de Dios e Puno, que estão em melhor posição para aproveitar esta nova realidade e incrementar substancialmente o comércio com esses estados brasileiros. O tempo de transporte entre o Porto de Callao (porto de Lima) e o Porto de Santos (São Paulo) é de aproximadamente 30 dias. O transporte da carga pela Interoceânica de Lima a Rio Branco (Acre) é de 3,5 dias, e de Rio Branco a São Paulo, 7 dias. Por outro lado, de Lima a Porto Velho demora 5 dias, e de Porto Velho a São Paulo, 6 dias. Os produtos exportados do oeste do Brasil como soja, milho, arroz, carne, aves, madeira e couro, podem ser transportados usando a Interoceância, e podem ser exportados para o mercado asiático através dos portos peruanos. O tempo de chegada em Callao (porto de Lima) será menor do que o tempo de chegada no porto de Santos e os custos serão mais baixos.
Acre Economia: Quais setores do comércio do Acre têm que ser valorizados nesse novo desenho geoeconômico que se construiu com a interoceânica?
Luiz Alberto: Acre, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas representam um mercado de 9.1 milhões de consumidores e representa 4% do PIB brasileiro. Esses estados oferecem oportunidades interessantes para a oferta de exportação peruana, principalmente comida, têxteis e materiais de construção. Atualmente, as estatísticas mostram que a exportação peruana para a região oeste do Brasil resulta da utilização da Interoceânica. A lista inclui cebola, cimento, alho, macarrão, camisetas de algodão e malha.
Acre Economia: Sem citar grandes empresas como o Grupo Gloria, por exemplo, como o governo do Peru pode apresentar pequenas empresas com negócios viáveis para o comércio com o Acre?
Luiz Alberto: O governo peruano já está trabalhando para aumentar trocas comerciais nessa região afim de tirar proveito das oportunidades comerciais que o mercado brasileiro oferece para os produtos peruanos. Isso está ajudando a gerar o apoio logístico (empresas de transporte de cargas credenciadas por ambos os governos) e operacional que exigem operações de comércio exterior (passagens fronteiriças com a infraestrutura e pessoal). Há também um programa chamado “Consolida Brasil”, promovido pelo Ministério do Comércio e o PromPeru, que tem por objetivo dar suporte a pequenas empresas para consolidar entregas e reduzir o preço de transporte na utilização da Interoceânica. Além disso, o Escritório Comercial do Peru no Brasil colocará nas próximas semanas uma pessoa na área de fronteira para ajudar as empresas peruanas que exportam para o Brasil utilizando a Interoceância em questões aduaneiras e nos procedimentos a seguir para as autoridades de saúde do Brasil (ANVISA e MAPA).
SERINGUEIRA
Projeto quer quadruplicar produção de borracha no Amazonas
O Programa Estratégico para Transferência de Tecnologia/Pró-Rural (Residência Agrária) está em fase de implantação no Estado do Amazonas. Tendo como uma das linhas temáticas a heveicultura, a ação busca quadruplicar a produção anual de borracha natural, passando das atuais 1,2 mil toneladas produzidas para cinco mil toneladas, atendendo a um número de seis mil heveicultores amazonenses.
No total, 20 municípios vão ser selecionados para receber o projeto no Amazonas na área de heveicultura, durante um período de 36 meses. Através de assistência técnica e extensão rural diferenciadas, o trabalho pretende fortalecer a atividade no Estado, tendo como consequência a melhoria da qualidade de vida dos heveicultores e a oferta de borracha natural em quantidade suficiente para atender a demanda das indústrias locais.
Paralelamente à assistência técnica que será prestada aos produtores, que atualmente produzem por meio do extrativismo, os extensionistas rurais também vão levar aos heveicultores, através da instalação de Unidades Demonstrativas, a nova tecnologia de árvores tricompostas disponibilizada pela Embrapa Amazônia Ocidental. O material – desenvolvido após 30 anos de pesquisas – apresenta boa produção de látex e resistência ao fungo Microcyclus ulei, causador do mal das folhas e, até então, o principal limitador para o cultivo racional de seringueiras na região Amazônica.
De acordo com a gerente de florestas da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), Marilane Irmão, o projeto vai permitir o acesso dos heveicultores a novas tecnologias para produção de borracha. “O principal objetivo do projeto é aumentar a produção com qualidade. Nós vamos continuar trabalhando com a borracha extrativa, através dos seringais nativos, e vamos buscar adensar estes seringais a novas tecnologias”, disse.
Segundo o pesquisador que está à frente das pesquisas com seringueira na Embrapa Amazônia Ocidental, Everton Cordeiro, o programa está sendo implantado no mesmo momento em que a tecnologia de árvores tricompostas é disponibilizada para o Estado e para a região amazônica. “O programa vai ser um facilitador para que esta tecnologia chegue ao homem do campo em um momento em que o Estado está carente de borracha natural”, destacou o pesquisador, que completou: “com a implementação destes materiais nessas comunidades, podemos dizer que em alguns anos o Estado pode tornar-se autossuficiente em borracha”. (Felipe Rosa, Embrapa Amazônia Ocidental)
REFERÊNCIAS
ITAAN ARRUDA
A Escola Keynesiana
Com a crise advinda no pós-primeira Grande Guerra, muitos economistas discutiam os efeitos que os aumentos dos gastos governamentais teriam sobre os gastos e rendas totais.
O mundo vivia uma situação que era mais ou menos a seguinte: não havia mais como as potências mundiais expandirem limites territoriais porque o mundo já estava totalmente colonizado; a produção excedia o consumo; com consumo baixo, a concorrência nos preços caiu e a busca por maquinários melhores praticamente acabou e isso desaquecia sobremaneira a economia. O cenário era de estagnação.
Foi no contexto da crise dos anos 30 que muitos economistas iniciaram discussões a respeito da retomada do aquecimento da economia com o Estado mediando as relações, por meio de um sistema de crédito diferenciado.
A lógica era basicamente a seguinte: a medida que a renda nacional crescia, o consumo aumentava com menor rapidez do que a renda total, favorecendo um cenário favorável ao aumento da poupança.
Discutir sobre salário cresceu em importância: era um fator de recuperação econômica. Diminuir salário passou a ser visto como uma medida que não solucionaria o problema do desemprego.
Aliás, resolver os problemas do desemprego e da depressão econômica foram os focos do pensamento keynesiano.
Foi baseado nessas ideias que o Estado passou a executar grandes obras públicas, facilitando acesso a crédito como forma de dinamizar a circulação de moeda e afastar os efeitos da estagnação. Estava sob a responsabilidade do governo elaborar política fiscal e política monetária para promover o emprego e a estabilidade dos preços.
A orientação pela demanda, a ênfase na macroeconomia, o equilíbrio na relação entre investimento e poupança são algumas das contribuições duradouras da teoria de Keynes.
As consequências da Grande Guerra e da 2ª Guerra Mundial diminuíram a importância do laissez faire. Ao contrário. Era preciso uma intervenção forte do Estado na economia para a retomada do crescimento.
Na economia contemporânea, há muitos fundamentos do pensamento de Keynes que viraram verdadeiros dogmas: função do consumo, da poupança, eficiência marginal do capital, política fiscal e monetária podem ser lembrados com particular importância.
O Acre aponta, do ponto de vista conceitual, muitos problemas que encontram respostas nas teorias de Keynes. Jonh Maynard Keynes morreu em 1946 após se aventurar com sucesso pela gestão de empresas e bancos, além de contribuir com o jornalismo e com o universo artístico.
Na pequena obra “O fim do laissez faire”, Keynes expõe as contradições do capitalismo que lhe valeram a simpatia, inclusive, de alguns setores do pensamento de esquerda. Diz ele:
“Os devotos do capitalismo são, normalmente, conservadores em excesso e rejeitam as reformas em suas técnicas, que poderiam, com efeito, fortalecê-lo e preservá-lo, com medo de que elas possam provar ser os primeiros sinais de distanciamento do capitalismo. (…) De minha parte, acho que o capitalismo, bem administrado, pode se tornar mais eficiente para alcançar as metas econômicas do que qualquer sistema alternativo em vista, mas que é, em diversas maneiras, extremamente censurável. Nosso problema é estabelecer uma organização social que seja eficiente sem ofender nossas noções de um modo satisfatório”.
Se ele não negou esse escrito, é fato que se afastou dele nos últimos anos de vida. Ao lado de Marshall (seu professor), Keynes é um dos nomes mais importantes da História do Pensamento Econômico. ( John Mayrd Keynes)
NOTAS ECONÔMICAS |
Não está fácil
As agendas oficiais do Acre têm sofrido abalos sistemáticos, desde o ano passado. A Operação Delivery acabou repercutindo internamente. É inegável. Depois, veio a Operação G7. Agora, são as manifestações contra a corrupção, custo de vida, qualidade do transporte público, etc. etc.
Neutralizou
A “anistia” que a Prefeitura de Rio Branco concedeu às empresas de ônibus, que possibilitou a passagem a R$ 1 aos estudantes, tirou o assunto da pauta de reivindicações nas manifestações daqui.
Neutralizou II
Aqui em Rio Branco, os estudantes podem ter todos os motivos do mundo para protestar. Menos criticar o preço da passagem. É o preço dos sonhos em outras capitais.
Quem paga?
É matemático. É elementar que essa “anistia” às empresas tem um custo. E quem paga? Ora! O usuário, o munícipe, o cidadão. É só escolher. Em novembro, essa discussão vem à baila por aqui. E aí, a prefeitura já deve vir com algum formato de proposta que não altere o preço.
Para menos
Qualquer alteração no preço de R$ 1 deve ser para menos. A equação é simples: para os estudantes, ou a passagem diminui de preço ou é tarifa zero. Propostas diferentes disso devem encontrar resistências. Lembrando: alguém sempre paga a passagem. Sempre.
Dificuldade
É certo que muitos encontram dificuldade em entender que empresa não é casa de caridade. Empresa tem custos, folha de pagamento, trabalhadores, pais e mães de família… essas coisas. Além de manter essa máquina funcionando, tem que ter lucro, uma palavra que, ainda hoje, soa como ofensa a alguns.
Qualidade
Um fato que depõe contra as empresas, no entanto, guarda relação com a qualidade do serviço. Impressiona a falta de qualidade dos ônibus. E pensar que melhorou!
Iria mesmo?
Em São Paulo, já foi anunciado: a manutenção do valor em R$ 3 vai comprometer investimentos. É um argumento conveniente e que não convence. Quem garante que se o preço fosse para R$ 3,20 haveria os investimentos sugeridos?
Força de trabalho
Pecuaristas que estão investindo em agricultura para melhorar o suporte da pastagem reclamam: a mão de obra no setor é sofrível (para usar um adjetivo publicável). Preguiça, “falta de coragem” para o trabalho.
Força de trabalho II
Resultado: vão buscar em outros estados trabalhadores precisando de dinheiro e com vontade de mostrar serviço. “Um operador do Acre faz um tanto, enquanto um operador de outro estado, nas mesmas condições, faz três tantos”, compara o pecuarista Leandro Veronez. “E o pessoal daqui é sempre reclamando, dizendo que tem que resolver ‘um problema na cidade’. É muito difícil”.
Novidade
Investir em agricultura como forma de melhorar a pastagem para suportar mais gado na mesma área é uma novidade com objetivo de praticar a pecuária intensiva a pasto. É algo novo para pecuaristas experientes.
Bancos
Alguns têm encontrado apoio nas instituições financeiras para aplicar a novidade nas propriedades. Veronez, por exemplo, conseguiu comprar um trator com três anos de carência e taxa de juros de 1,5% ao ano.
Olha ela aí
A alta do dólar faz reacender, de fato, um ambiente inflacionário. Já se vislumbra aumento do preço do trigo e, com ele, todos os derivados, sobretudo o produto mais popular: o pão. Calcula-se que a maior parte das 10 milhões de toneladas de trigo consumidas no Brasil seja importada.
Portenho
Com queda na safra do trigo argentino, nosso maior fornecedor, o remédio foi importar dos Estados Unidos e Canadá.
… de novo
No macarrão, o trigo representa 60% dos custos de produção. Por aqui, é esperar a pancada um pouquinho maior, em função de outros custos que não se contabilizam no Sul e Sudeste.
Sine (logo sine)
A assessoria da Sedens informa: a direção do Sine (Sistema Nacional de Emprego) comunica que excepcionalmente nesta segunda-feira, 24, o Sine da Avenida Getúlio Vargas e da OCA estarão fechados ao público, por causa de um planejamento que será realizado com todos os funcionários. Na terça-feira, 25, os serviços voltarão à normalidade.