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Integração lavoura pecuária triplica suporte do pasto no Acre

O sistema de integração lavoura/pecuária já mostra efeitos positivos nos pastos acreanos. Na região de Capixaba, o consórcio da produção de milho com posterior forragem de capim praticamente triplica o suporte da área.
“Onde antes eu tinha três cabeças de gado, após a colheita do milho, é possível colocar até nove animais”, relata o pecuarista Leandro Veronez, que gerencia duas propriedades ao longo da BR-317.
As propriedades de Veronez ficam localizadas no município de Capixaba. Ele lembra que começou a realizar a integração lavoura/pecuária em 2011. O preparo da terra foi feito para a safra de 2012. Foram plantados primeiramente 60 hectares de milho.

Este ano, a área já foi ampliada para 260 hectares. Para 2014, o pecuarista já pensa em plantar de 350 a 400 hectares de milho. “Na safra do ano que vem, vamos escolher uma espécie melhor de semente de milho, embora a espécie que escolhemos tenha dado certo para a média da região”, diz Veronez.

Há dois anos, a produtividade da lavoura do jovem pecuarista foi de 93 sacos por hectare. Nem de longe se compara com outras regiões do país. Está muito aquém. Na safra deste ano, colhida este mês, já aumentou para 110 sacos por hectare. A compra prevista de uma semente melhor (e mais cara: em torno de R$ 400 a R$ 500 reais o saco) cria expectativa de uma produtividade também melhor.

Impressiona a diferença da paisagem “antes” de “depois” da aplicação do milho na pastagem. Primeiro, tinha-se praticamente uma área degradada: um pasto ruim. O preparo da terra é feito para receber as sementes. O plantio amadurece, é feita a colheita mecanizada.

Logo após, planta-se o capim. É nesse momento que se vê o efeito benéfico para a pecuária. O capim cresce vistoso, saudável. É o que os técnicos chamam de “suporte”. ‘Aumentar o suporte’ é aumentar o número de animais em uma determinada área. Na propriedade de Veronez, essa capacidade de suporte foi triplicada com a integração lavoura/pecuária.

Investimentos do governo deram segurança ao pecuarista-agricultor
Leandro Veronez é taxativo. “Só investi na produção de grãos porque o governo montou uma estrutura correta e que viabilizou o empreendimento”, disse o pecuarista-agricultor. “Sem armazém e secadores não há como”.
Veronez se refere à construção de silos graneleiros realizada pelo Governo do Acre. Há 13 anos, o agricultor não tinha muitas opções para armazenar a pouca produção. Armazéns de instituições federais sem condições de acomodar o produto com a qualidade necessária e também sem ter produção consorciada que demandasse safras com melhor produtividade.

Empreendimentos públicos/privados como Acre Aves e Dom Porquito ou estritamente privados, como Granja Carijó, demandam maior produção de grãos. O Complexo de Piscicultura ainda não está em operação, mas já pode ser contabilizado como fator de pressão pelo aumento da área plantada.

Cadeias produtivas em processo de consolidação associada à melhoria da infraestrutura de escoamento e armazenagem desenharam o cenário propício para investimentos. “O Banco da Amazônia foi importante para que pudéssemos melhorar a qualidade do maquinário”, diz pecuarista-agricultor Leandro Veronez.

Foram mais de R$ 500 mil em maquinários. “Uma das maiores dificuldade do pecuarista se transformar em agricultor é o investimento alto em máquinas. Temos que ter a certeza de que se está fazendo um bom negócio”.
O cenário internacional também proporciona investimentos. “Estamos em um momento em que os grãos estão muito valorizados no mercado”, diz. “Então, está compensando fazer”.

Atualmente, a capacidade instalada de armazenagem de grãos nos silos graneleiros construídos pelo governo é de 24,5 mil toneladas. A região do Vale do Acre é a que tem maior quantidade por ter melhor infraestrutura de escoamento e, consequentemente, maior produção.

Em outubro, a desecagem do pasto deixa palhas no campo. Planta-se milho em cima da palha, sem necessitar de nova adubagem. Nesse processo, evita-se o gradeamento. A incorporação da matéria orgânica, melhora cada vez mais o solo. É uma ciranda.

Soja também vai ser usada- Veronez já ensaia os primeiros plantios de soja em outubro. Vai experimentar o plantio em uma pequena área. Após a colheita da soja em fevereiro, replanta milho, que tem planejamento de ser colhido em junho de 2014. “Aí, eu formo o pasto e uso até outubro e, em outubro, eu volto a plantar soja de novo”, calcula. “São duas safras de lavoura e mais pasto”.

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