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Mentira e falsidade

 Apresenta-se, no texto de hoje, uma reflexão sobre a mentira e a falsidade, dois pecados cometidos, na atualidade, com assiduidade tamanha ao ponto de serem olhados como virtudes, tal a avidez daqueles que mentem. A mentira anestesia a consciência do mentiroso; torna-o insensível à verdade; a verdade não penetra para uma transformação. A mentira vicia com mais facilidade, já que uma mentira conduz a outra.

 A mentira – Pecado tão generalizado em alguns espaços sociais – vem sendo apregoada, vilmente, como verdade. Ela anda tão solta, tão folgada, tão descarada que algumas pessoas fazem uso dela no lugar da verdade. E, há, ainda, aquelas pessoas que crêem no mentiroso e nas mentiras contadas, choradas como verdades. Nesse sentido, é prudente refletir, verificar, averiguar, sobre as notícias propagadas pelo ato mentiroso.

 Que é a mentira? – É uma manifestação contrária à verdade, cuja essência é o engano, e cuja gravidade se mede segundo o egoísmo ou a maldade que encerra. Está proibida pelo decálogo (10 mandamentos) divino  e um dos efeitos da conversão ao cristianismo é deixar de mentir; uma recomendação da justiça é parar de mentir.

 Mentir é enganar – A mentira direta, não é a única forma de mentira. Em algumas ocasiões se trata de meias verdades (que é uma “mentira inteira”). Todavia, o propósito é sempre enganar. Pode ser, ainda, uma resposta evasiva, como a que Caim disse a Deus; um silêncio como o de Judas quando o Senhor o acusou indiretamente na última ceia, ou toda uma vida enganosa. A mentira não é um “pe-cadinho”, é uma infâmia.

 Falsidade e mentira – A falsidade e a mentira são prejudiciais ao  relacionamento entre os homens. Cria a desconfiança, o receio, a incredulidade, a suspeita. Destrói o ambiente de fé, de amor, de compreensão e estimula o ciúme. A mentira é covardia para não enfrentar a realidade. O homem se justifica ao mentir; considera que as mentiras são “piedosas” ou “por necessidade” ou ainda para evitar problemas maiores. São justificativas ilusórias e sem fundamentos, pois a falsidade e mentira são imorais e contrárias à conduta que Deus requer do homem. Assim,  aconselha-nos a rejeitá-las de todas as formas: falso testemunho, engano, hipocrisia,  fingimento, exagero, calúnia, desonestidade, não cumprir os tratos injustifica-damente, fraude, falsificação em todas as áreas de nossa vida: lar, trabalho, comércio, igreja, autoridades, colégio, amizades, etc.

Hipocrisia – pretensão ou fingimento de ser o que não é. Hipócrita é uma transcrição do vocábulo grego “hypochrités”, que significa ator ou protagonista no teatro grego. Os atores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam.  Daí que o termo hipócrita chegou a designar a pessoa que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência. Mas cuidado, Deus proíbe e condena a mentira e a falsidade. Essa condenação pode tardar, porém nunca falha. Um bom homem não deve enganar, mentir, nem jurar falsamente, pois ao agir assim entra em profunda degradação.

 Conclui-se, dessa reflexão, que uma sociedade assentada sobre a mentira e a falsidade está destinada a desmoronar. É preciso edificar uma estrutura moral de veracidade em todas as ordens e escalas da vida: nos governantes e nos governados, nos pais e nos filhos, nos patrões e empregados, nos mestres e nos alunos, nos comerciantes, nos profissionais, nos clientes.

DICAS DE GRAMÁTICA

QUAL O PLURAL DE MAU-CARÁTER?
 – É maus-caracteres, assim como o plural de bom-caráter é bons-caracteres. Pronuncie caraktéris.  O povo tem usado mau-caratismo e bom-caratismo como substantivos correspondentes. Trata-se de neologismos, talvez até necessários.

É ERRADO DIZER “SALVE OS NOIVOS”?
 – Sim! Noivos, um vocativo, não admite o artigo. Por isso use: Salve, noivos!
 Note que se diz: Salve, Rainha, mãe de misericórdia … (E não: Salve a Rainha, mãe de misericórdia … )
 O Hino à Bandeira, canta-se:
 Salve, lindo pendão de esperança.

EXISTE GENTE CHIQUÉRRIMA, BACANÉRRIMA, FINÉRRIMA, LINDÉRRIMA, BONITÉRRIMA?
 – Bom, se existe eu não sei, nunca vi. Sei que existe gente de mau-gosto usando  essas palavras.

PRECISO ESCREVER “00” PARA INDICAR OS MINUTOS, PROFESSORA?
 – Não, devemos abreviar com ‘min’, assim: “A aula começará às 7h30min”.
 Devo usar ‘m’ para minutos?
 – Não, ‘m’ é abreviatura de metro e ‘min’ de minutos.

* Luísa Galvão Lessa – Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Professora Nacional Sênior – Capes.

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