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Interoceânica: aventura para construção de identidades

TEXTO: ITAAN ARRUDA
FOTOS:  Raimundo Paccó


  A 3ª edição da Expedição Interoceânica é uma aventura à parte. Mais de 60 pessoas, 16 carros e 9 motos mudam a rotina monótona do asfalto que envolve montanhas. A paisagem é vista pelos acreanos só mesmo em filmes.

  O grupo saiu do Acre no dia 30 e já registrou momentos inesquecíveis.O roteiro da viagem inclui, além do Peru, Equador, Colômbia e Venezuela.

  A 3 ª Expedição Interoceânica é organizada pela Eme Amazônia, com promoção do Grupo Star, Governo do Estado do Acre e Governo do Brasil (por meio da Embratur e Ministério das  Relações Exteriores), e apoio do Governo do Mato Grosso, Toyota Xapuri Motors, Mastter Motos – Honda, Moto Honda da Amazônia, Roda Viva Transportes, Prefeitura de Porto Velho, Prefeitura de Rio Branco, cobertura oficial da Amazon Sat e programa e revista Amazônia SA.

*************************************************************************

Acre paga R$ 100 milhões anuais para outros estados no comércio de leite

Sem adesão de investimentos privado, Governo desenha novo planejamento para setor leiteiro, revisitando o conceito da antiga Cila. O projeto de R$ 3,5 milhões para construção de laticínio sifado e R$ 1,5 milhão de contrapartida do Estado têm o objetivo de retomar a autossuficiência conquistada pelo ex-governador Geraldo Mesquita entre 1975 e 1978.

ITAAN ARRUDA

  O acreano paga caro por não ter autossuficiência na produção de leite. Um cálculo conservador estima que, anualmente, saiam do Acre cerca de R$ 100 milhões para estados como Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo (regiões com cadeia produtiva consolidada) em função do comércio de leite e derivados.

  O número foi apresentado no 1º Seminário de Pecuária Leiteira do Estado do Acre. Promovido pela Universidade Federal do Acre e realizado por parceiros como Senar, Sebrae, Ifac, Embrapa, Governo do Estado e Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o encontro foi um dos mais importantes já ocorridos na região.

  Pesquisadores de todo país estiveram reunidos no anfiteatro Garibaldi Brasil na Ufac para discutir o assunto, apresentar as inovações no setor e mostrar como é possível resolver os gargalos, sempre presentes, mesmo nas regiões com produção em grande escala e consolidada.

  O secretário de Estado de Agropecuária e de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, Lourival Marques, tentou falar sobre a política pública no setor leiteiro. Ficou na tentativa.

  A palestra de Lourival Marques foi fraca não por inoperância do secretário, mas porque há pouca coisa a mostrar realmente. O governador Tião Viana mantém olhares atentos sobre o problema, mas as soluções insistem em não aparecer. Uma parte da responsabilidade é do próprio governo e a outra é do setor privado.

  No Acre, o plantel leiteiro é pequeno e de baixa qualidade genética; o mercado consumidor não é atrativo para instalação de grandes laticínios e a infraestrutura compromete a sustentabilidade de possíveis investimentos. O ciclo negativo fulminou com a cadeia produtiva do leite no Acre nos últimos 25 anos.

Idaf tem controle de apenas 65 mil litros diários

  O Instituto de Defesa Animal e Florestal do Acre (Idaf) tem controle de 65 mil litros diários de leite. O próprio governo reconhece que o que se consome no Acre hoje pode ser multiplicado por quatro. Pelo menos.

  A saída é tentar regulamentar a produção artesanal. Há possibilidade de criação de 10 queijarias artesanais, sendo oito no Baixo Acre, 1 em Tarauacá e 1 no Vale do Juruá. O investimento está orçado em R$ 210,6 mil e está em processo de licitação.

  Existe também a intenção de incentivar duas queijarias industriais. O processo está com licitação já homologada e orçada em R$ 346 mil. Mas, por enquanto, tudo ainda está na intenção.

Cila garantia abastecimento do mercado interno

  O Governo do Acre já teve sob sua administração uma ferramenta adequada ao fomento da produção de leite. A Companhia Industrial de Laticínios do Acre (Cila) era uma referência regional, a partir da segunda metade dos anos 70.

  Criada pelo então governador do Acre Geraldo Mesquita e inspirada na experiência soviética dos “politburos” (ilhas de excelência em setores econômicos específicos), a Cila criou referências para o produtor.

  Beneficiada pelo isolamento geográfico imposto pela ausência da integração rodoviária (à época, a BR-364 praticamente não oferecia trânsito regular), a companhia garantia o abastecimento do mercado interno.

  Ela regulava tudo. Oferta e, consequentemente, o preço. O produtor não tinha alternativa: ou era a Cila ou era a Cila. Gerenciada com recursos e agentes públicos, foi sendo vítima de sucessivas ingerências. Sua falência na gestão do ex-governador Romildo Magalhães é prova disso.

  Desde então, o produtor rural criou uma desconfiança natural quando se fala em investir em produção de leite. Muita gente teve prejuízo. A Cila (Governo) não teve sensibilidade de reconhecer isso. Resultado: o pequeno produtor amargurou prejuízos lembrados ainda hoje.

Consequência

  Indutor do desenvolvimento regional, o Governo do Acre tem se esforçado para mudar o cenário. Nos últimos 14 anos, são inegáveis as tentativas de reverter adversidades. Mas, as respostas não vêm em grande escala, por mais que o raciocínio do governo insista no contrário: pagar R$ 100 milhões por ano de leite e derivados para estados ricos arrebenta com qualquer argumento oficial.

  A consequência natural: o bloqueio do setor privado imposto ao Acre. Desde a gestão do ex-secretário Mauro Ribeiro à frente da Secretaria de Agropecuária, vários executivos de grandes empresas visitaram o estado para avaliar investimentos. Mas, nunca viabilizaram nada.

  A última promessa foi feita pela indústria Donilac, intermediada pela Assembleia Legislativa, que, inclusive, promoveu um debate no município de Acrelândia no início do ano. De prático, só ficou mesmo a retórica.

  Informalmente, alguns gestores públicos nem quiseram se envolver nessa intermediação entre Donilac e Assembleia Legislativa. Sozinha, a Aleac se mostrou incompetente para mediar o debate no setor produtivo. Ao menos, por enquanto.

Investimento de R$ 3,6 milhões em laticínio sifado exige produção em escala

  Atualmente, um laticínio sifado tem custo aproximado de R$ 3,6 milhões. Nenhuma indústria quer investir isso, sem vislumbrar retorno no curto prazo. Com os gargalos de infraestrutura do Acre diagnosticados pelos executivos, nada se fez de concreto nos últimos anos.

  Além da atual insustentabilidade que garanta beneficiamento de leite em grande escala na região, o setor privado pode utilizar de uma espécie de “malandragem mercadológica”, tentando responder às seguintes perguntas:

  “Longe dos grandes mercados consumidores brasileiros, por que tornar o Acre outro grande produtor de leite?; “O que minha indústria ganharia com isso?”; “O que o mercado andino propõe no curto prazo?”; “O mercado andino é viável à minha indústria sendo que lá já existe o gigante Grupo Gloria?”

  Ao tentar responder a essas perguntas, a possibilidade que o perfil do Acre seja eternizado como consumidor e não produtor de leite. Então, por que insistir em produzir?

  Nesse aspecto, o componente político tem muita influência. Nenhum governador quer ser lembrado pela inoperância na área rural. E, nesse aspecto, a produção de leite é vitrine: gera renda, fixa a família do produtor no campo e estimula a criação de tecnologia na área rural.

  Em outras palavras: ir bem nesse segmento é garantir votos. Em tempos de crise se representatividade imposta aos partidos, garantir o conservador voto do trabalhador rural é moeda rara e nada desprezível.

Acre responde por apenas 1,95% das ordenhas na Amazônia Legal

  O Acre é o sétimo colocado no ranking de ordenhas realizadas na Amazônia Legal. Com 3,2% do rebanho da região, conseguiu ordenhar apenas 71.376 cabeças, de acordo com dados do IBGE. A pecuária leiteira na Amazônia responde por 15,79% da produção de leite do país.

  É preciso atentar para um detalhe. Nem sempre o item “vacas ordenhadas” implica em leite industrializado. Principalmente, em regiões como o Acre. Das 71.376 vacas ordenhadas, apenas 26% terão o leite processado industrialmente.

  Em 2012, o Acre chegou a processar industrialmente apenas 39.307 litros diários. Se o número absoluto é baixo comparado a outros estados, ao menos consola saber que tem mantido variação positiva de 41% em relação aos anos anteriores, de industrialização mais baixa.

  Nesse item, o estado com melhor desempenho é Rondônia. O estado industrializa todo o leite que produz e ainda absorve parte da produção do Acre e do Mato Grosso. Por isso, o IBGE registra que o leite processado lá alcança a marca de industrialização calculada em 111%.

Governo do Acre elabora novos investimentos no setor

  O assunto ainda é tratado com certa reserva pelos gestores do Governo. Mas, o Acre Economia antecipa aos leitores: há investimentos da ordem de R$ 5 milhões para a viabilização de novo empreendimento no setor leiteiro.

  São R$ 3,5 milhões financiados por cooperativas e R$ 1,5 milhão de contrapartida do Estado. Quem deve financiar esse projeto são Banco da Amazônia e Banco do Brasil. A palavra “Cila” é encarada como ofensa pelos gestores públicos. Não querem reavivar as lembranças ruins que ficaram da empresa estatal durante o fim dos 80 e início dos anos 90.

  Mas, o fato é que o conceito da antiga companhia está preservado na essência: o Estado intervindo no mercado e induzindo o fortalecimento de um setor específico da economia.

  Mas, claro, agora, o desenho utiliza as cooperativas como ferramenta diferencial. O argumento oficial é de que o empreendimento se concretiza por esforço dos cooperados e não por ação do poder público exclusivamente.

  Na verdade, se o poder público sair de cena, as cooperativas não teriam a mínima condição de elaborar um projeto dessa envergadura. Aliás, o governo deve ter muito cuidado na participação das cooperativas. A qualificação desse setor precisa melhorar muito para administrar as responsabilidades do setor leiteiro.

  A planta da “Nova Cila” vai possibilitar beneficiamento de leite “barriga mole”, mas com validade compatível a um produto UHT. Mesmo em saco, o produto tem validade para quatro meses. Os custos de produção do UHT (em caixinha) são altos e exigem cadeia produtiva em alta escala.

Prioridades do Governo do Acre
1)Aumentar geração de renda com incentivo à produção leiteira;
2)Aumentar a produtividade (número de animais por hectare);
3)Diminuir pressão por mais desmate;
4)Elevar o nível do cooperativismo;
5)Melhorar a infraestrutura de armazenamento e transporte;
6)Melhorar genética (atualmente, existe projeto de aquisição de 20 vacas doadoras e 50 vacas receptoras de embrião)

***

TEXTO: ITAAN ARRUDA
FOTOS:  Raimundo Paccó


  A 3ª edição da Expedição Interoceânica é uma aventura à parte. Mais de 60 pessoas, 16 carros e 9 motos mudam a rotina monótona do asfalto que envolve montanhas. A paisagem é vista pelos acreanos só mesmo em filmes.

  O grupo saiu do Acre no dia 30 e já registrou momentos inesquecíveis.O roteiro da viagem inclui, além do Peru, Equador, Colômbia e Venezuela.

  A 3 ª Expedição Interoceânica é organizada pela Eme Amazônia, com promoção do Grupo Star, Governo do Estado do Acre e Governo do Brasil (por meio da Embratur e Ministério das  Relações Exteriores), e apoio do Governo do Mato Grosso, Toyota Xapuri Motors, Mastter Motos – Honda, Moto Honda da Amazônia, Roda Viva Transportes, Prefeitura de Porto Velho, Prefeitura de Rio Branco, cobertura oficial da Amazon Sat e programa e revista Amazônia SA.

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Acre paga R$ 100 milhões anuais para outros estados no comércio de leite

Sem adesão de investimentos privado, Governo desenha novo planejamento para setor leiteiro, revisitando o conceito da antiga Cila. O projeto de R$ 3,5 milhões para construção de laticínio sifado e R$ 1,5 milhão de contrapartida do Estado têm o objetivo de retomar a autossuficiência conquistada pelo ex-governador Geraldo Mesquita entre 1975 e 1978.

ITAAN ARRUDA

  O acreano paga caro por não ter autossuficiência na produção de leite. Um cálculo conservador estima que, anualmente, saiam do Acre cerca de R$ 100 milhões para estados como Rondônia, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo (regiões com cadeia produtiva consolidada) em função do comércio de leite e derivados.

  O número foi apresentado no 1º Seminário de Pecuária Leiteira do Estado do Acre. Promovido pela Universidade Federal do Acre e realizado por parceiros como Senar, Sebrae, Ifac, Embrapa, Governo do Estado e Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o encontro foi um dos mais importantes já ocorridos na região.

  Pesquisadores de todo país estiveram reunidos no anfiteatro Garibaldi Brasil na Ufac para discutir o assunto, apresentar as inovações no setor e mostrar como é possível resolver os gargalos, sempre presentes, mesmo nas regiões com produção em grande escala e consolidada.

  O secretário de Estado de Agropecuária e de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, Lourival Marques, tentou falar sobre a política pública no setor leiteiro. Ficou na tentativa.

  A palestra de Lourival Marques foi fraca não por inoperância do secretário, mas porque há pouca coisa a mostrar realmente. O governador Tião Viana mantém olhares atentos sobre o problema, mas as soluções insistem em não aparecer. Uma parte da responsabilidade é do próprio governo e a outra é do setor privado.

  No Acre, o plantel leiteiro é pequeno e de baixa qualidade genética; o mercado consumidor não é atrativo para instalação de grandes laticínios e a infraestrutura compromete a sustentabilidade de possíveis investimentos. O ciclo negativo fulminou com a cadeia produtiva do leite no Acre nos últimos 25 anos.

Idaf tem controle de apenas 65 mil litros diários

  O Instituto de Defesa Animal e Florestal do Acre (Idaf) tem controle de 65 mil litros diários de leite. O próprio governo reconhece que o que se consome no Acre hoje pode ser multiplicado por quatro. Pelo menos.

  A saída é tentar regulamentar a produção artesanal. Há possibilidade de criação de 10 queijarias artesanais, sendo oito no Baixo Acre, 1 em Tarauacá e 1 no Vale do Juruá. O investimento está orçado em R$ 210,6 mil e está em processo de licitação.

  Existe também a intenção de incentivar duas queijarias industriais. O processo está com licitação já homologada e orçada em R$ 346 mil. Mas, por enquanto, tudo ainda está na intenção.

Cila garantia abastecimento do mercado interno

  O Governo do Acre já teve sob sua administração uma ferramenta adequada ao fomento da produção de leite. A Companhia Industrial de Laticínios do Acre (Cila) era uma referência regional, a partir da segunda metade dos anos 70.

  Criada pelo então governador do Acre Geraldo Mesquita e inspirada na experiência soviética dos “politburos” (ilhas de excelência em setores econômicos específicos), a Cila criou referências para o produtor.

  Beneficiada pelo isolamento geográfico imposto pela ausência da integração rodoviária (à época, a BR-364 praticamente não oferecia trânsito regular), a companhia garantia o abastecimento do mercado interno.

  Ela regulava tudo. Oferta e, consequentemente, o preço. O produtor não tinha alternativa: ou era a Cila ou era a Cila. Gerenciada com recursos e agentes públicos, foi sendo vítima de sucessivas ingerências. Sua falência na gestão do ex-governador Romildo Magalhães é prova disso.

  Desde então, o produtor rural criou uma desconfiança natural quando se fala em investir em produção de leite. Muita gente teve prejuízo. A Cila (Governo) não teve sensibilidade de reconhecer isso. Resultado: o pequeno produtor amargurou prejuízos lembrados ainda hoje.

Consequência

  Indutor do desenvolvimento regional, o Governo do Acre tem se esforçado para mudar o cenário. Nos últimos 14 anos, são inegáveis as tentativas de reverter adversidades. Mas, as respostas não vêm em grande escala, por mais que o raciocínio do governo insista no contrário: pagar R$ 100 milhões por ano de leite e derivados para estados ricos arrebenta com qualquer argumento oficial.

  A consequência natural: o bloqueio do setor privado imposto ao Acre. Desde a gestão do ex-secretário Mauro Ribeiro à frente da Secretaria de Agropecuária, vários executivos de grandes empresas visitaram o estado para avaliar investimentos. Mas, nunca viabilizaram nada.

  A última promessa foi feita pela indústria Donilac, intermediada pela Assembleia Legislativa, que, inclusive, promoveu um debate no município de Acrelândia no início do ano. De prático, só ficou mesmo a retórica.

  Informalmente, alguns gestores públicos nem quiseram se envolver nessa intermediação entre Donilac e Assembleia Legislativa. Sozinha, a Aleac se mostrou incompetente para mediar o debate no setor produtivo. Ao menos, por enquanto.

Investimento de R$ 3,6 milhões em laticínio sifado exige produção em escala

  Atualmente, um laticínio sifado tem custo aproximado de R$ 3,6 milhões. Nenhuma indústria quer investir isso, sem vislumbrar retorno no curto prazo. Com os gargalos de infraestrutura do Acre diagnosticados pelos executivos, nada se fez de concreto nos últimos anos.

  Além da atual insustentabilidade que garanta beneficiamento de leite em grande escala na região, o setor privado pode utilizar de uma espécie de “malandragem mercadológica”, tentando responder às seguintes perguntas:

  “Longe dos grandes mercados consumidores brasileiros, por que tornar o Acre outro grande produtor de leite?; “O que minha indústria ganharia com isso?”; “O que o mercado andino propõe no curto prazo?”; “O mercado andino é viável à minha indústria sendo que lá já existe o gigante Grupo Gloria?”

  Ao tentar responder a essas perguntas, a possibilidade que o perfil do Acre seja eternizado como consumidor e não produtor de leite. Então, por que insistir em produzir?

  Nesse aspecto, o componente político tem muita influência. Nenhum governador quer ser lembrado pela inoperância na área rural. E, nesse aspecto, a produção de leite é vitrine: gera renda, fixa a família do produtor no campo e estimula a criação de tecnologia na área rural.

  Em outras palavras: ir bem nesse segmento é garantir votos. Em tempos de crise se representatividade imposta aos partidos, garantir o conservador voto do trabalhador rural é moeda rara e nada desprezível.

Acre responde por apenas 1,95% das ordenhas na Amazônia Legal

  O Acre é o sétimo colocado no ranking de ordenhas realizadas na Amazônia Legal. Com 3,2% do rebanho da região, conseguiu ordenhar apenas 71.376 cabeças, de acordo com dados do IBGE. A pecuária leiteira na Amazônia responde por 15,79% da produção de leite do país.

  É preciso atentar para um detalhe. Nem sempre o item “vacas ordenhadas” implica em leite industrializado. Principalmente, em regiões como o Acre. Das 71.376 vacas ordenhadas, apenas 26% terão o leite processado industrialmente.

  Em 2012, o Acre chegou a processar industrialmente apenas 39.307 litros diários. Se o número absoluto é baixo comparado a outros estados, ao menos consola saber que tem mantido variação positiva de 41% em relação aos anos anteriores, de industrialização mais baixa.

  Nesse item, o estado com melhor desempenho é Rondônia. O estado industrializa todo o leite que produz e ainda absorve parte da produção do Acre e do Mato Grosso. Por isso, o IBGE registra que o leite processado lá alcança a marca de industrialização calculada em 111%.

Governo do Acre elabora novos investimentos no setor

  O assunto ainda é tratado com certa reserva pelos gestores do Governo. Mas, o Acre Economia antecipa aos leitores: há investimentos da ordem de R$ 5 milhões para a viabilização de novo empreendimento no setor leiteiro.

  São R$ 3,5 milhões financiados por cooperativas e R$ 1,5 milhão de contrapartida do Estado. Quem deve financiar esse projeto são Banco da Amazônia e Banco do Brasil. A palavra “Cila” é encarada como ofensa pelos gestores públicos. Não querem reavivar as lembranças ruins que ficaram da empresa estatal durante o fim dos 80 e início dos anos 90.

  Mas, o fato é que o conceito da antiga companhia está preservado na essência: o Estado intervindo no mercado e induzindo o fortalecimento de um setor específico da economia.

  Mas, claro, agora, o desenho utiliza as cooperativas como ferramenta diferencial. O argumento oficial é de que o empreendimento se concretiza por esforço dos cooperados e não por ação do poder público exclusivamente.

  Na verdade, se o poder público sair de cena, as cooperativas não teriam a mínima condição de elaborar um projeto dessa envergadura. Aliás, o governo deve ter muito cuidado na participação das cooperativas. A qualificação desse setor precisa melhorar muito para administrar as responsabilidades do setor leiteiro.

  A planta da “Nova Cila” vai possibilitar beneficiamento de leite “barriga mole”, mas com validade compatível a um produto UHT. Mesmo em saco, o produto tem validade para quatro meses. Os custos de produção do UHT (em caixinha) são altos e exigem cadeia produtiva em alta escala.

Prioridades do Governo do Acre
1)Aumentar geração de renda com incentivo à produção leiteira;
2)Aumentar a produtividade (número de animais por hectare);
3)Diminuir pressão por mais desmate;
4)Elevar o nível do cooperativismo;
5)Melhorar a infraestrutura de armazenamento e transporte;
6)Melhorar genética (atualmente, existe projeto de aquisição de 20 vacas doadoras e 50 vacas receptoras de embrião)

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Categories: Acre Economia
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