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Grupo irá avaliar situação dos hospitais-colônia para hansenianos

 O Ministério da Saúde criou, na última segunda-feira, 8, um grupo de trabalho para elaborar propostas de readequação dos antigos hospitais-colônia ao funcionamento e organização do Sistema Único de Saúde (SUS) nas áreas de vigilância, assistência hospitalar e atenção básica.

 A medida estabelece que a equipe seja formada por representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. O grupo terá o prazo de 1 ano para preparar um relatório com a avaliação da estrutura e do funcionamento dos antigos hospitais-colônia e a situação de saúde dos pacientes internados, asilados e moradores.

 Ainda de acordo com o regulamento, o relatório deve definir propostas que reorganizem e qualifiquem o trabalho nas unidades, bem como medidas para adaptá-las conforme a organização do SUS.

 Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde indica que, em 2012, foram registrados quase 29 mil casos no país, dos quais 1.936 foram em menores de 15 anos. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país são as que apresentam a maior incidência da doença.

 Em entrevista para A GAZETA, o secretário de Comunicação do Morhan, Elenilson Silva, afirma que a entidade fez parceria com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre (Sejudh) para buscar algumas soluções para os hansenianos junto ao Ministério Público Federal (MPF).
Nos anos 1970 e 1980, o Estado sofreu o auge da doença. Em 1986, já não era possível encontrar vagas nos hospitais-colônia, deixando, assim, muitas pessoas isoladas.

“Nessa época, chegavam a anunciar na rádio que os hospitais estavam lotados. Dessa forma, as famílias eram obrigadas pelos seringalistas a isolar o doente. Havia os que procuravam o Hospital de Base, mas lá também não eram atendidos, apenas isolados. Muita gente perdeu a vida naquela época”, relata o assessor.

 Ainda de acordo com Elenilson Silva, a vinda da comissão para avaliar a situação dos hospitais-colônia é motivo de comemoração. “Ainda existem pessoas prejudicadas, e que precisam de amparo. A situação já está no conhecimento do MPF. A nossa intenção era justamente trazer ao Acre esta comissão”.

A doença – A hanseníase é infectocontagiosa e tem evolução prolongada. A doença ataca pele, olhos e nervos e tem como característica principal o comprometimento dos nervos periféricos. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas varia de dois a cinco anos. Se for diagnosticada precocemente, o tratamento e a cura podem chegar a mais de 80% dos casos. Em casos graves, de evolução da doença pode acarretar deformidades que provocam transtornos ao paciente como a diminuição da capacidade de trabalho, a limitação da vida social e problemas psicológicos.
No Acre, o tratamento é oferecido gratuitamente em todos os postos de saúde e tem duração de seis ou 12 meses – dependendo do caso. O diagnóstico precoce e o trabalho de orientação são as principais maneiras de combate à doença.

A história – No Brasil, até a década de 1980, a Lei Federal nº 610 de 13 de janeiro de 1949 recomendava o isolamento compulsório em colônias dos pacientes portadores da hanseníase, chamadas na época de leprosários. A situação persistiu até 1986, quando os antigos hospitais-colônias foram transformados em hospitais gerais. (Com informações da Agência Brasil)

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