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Presidente do Sindicato dos Médicos critica gestão da saúde

grevemedicos1Os 820 médicos do Acre aderem ao movimento nacional que exige melhorias na qualidade da prestação de serviços em saúde pública. O movimento é amparado pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Federal de Medicina e pela Federação Nacional dos Médicos. O presidente do Sindicato dos Médicos do Acre, José Ribamar da Costa, fez duras críticas à gestão da saúde pública no Acre. A análise do representante de classe não se limitou à administração estadual.

 Ribamar não poupou críticas também à presidente Dilma Rousseff pela tentativa de “importar médicos de Cuba” e de não ter trabalhado pela aprovação da PEC 29 no Congresso Nacional, que garantiria mais recursos para a Saúde (10% do OGU para o setor). Leia os principais trechos da entrevista concedida ontem na sede do sindicato.

 Blitzen – “O atendimento está muito precário. O Sindicato dos Médicos, desde dezembro do ano passado, já tem ido fazer visitas para ver as condições que os médicos estão trabalhando e o cenário que nós encontramos não é um cenário muito bom”.

 Condições de trabalho – “Nós estamos tentando mostrar para a população com apoio da imprensa as condições em que os hospitais estão funcionando, os postos de saúde e as dificuldades que nós temos de que o profissional que se forma que faz residência médica tem em exercer a sua profissão, principalmente no interior”.

Realidade – Nós temos unidades de saúde, nos centros cirúrgicos, os tetos estão desabando. Nós temos pacientes abrigados em corredores de hospitais, falta de leito nas maternidades, nas UTI’s, UTI’s pediátricas. Essa é a realidade que existe hoje e é por isso que nós estamos fazendo coro com os médicos de todo país, para lutar por uma saúde pública de qualidade.

 Cidadania – Os nossos impostos precisam retornar em forma de bons serviços. Nós temos que ter bom atendimento à população. O nosso interesse não é perturbar a ordem pública. Nós queremos é lutar por uma saúde de qualidade.

 Importação de médicos – Nós não somos contra os profissionais estrangeiros. Nós queremos é que o processo de revalidação que já existe no Ministério da Educação seja cumprido. Esse processo de revalidação é apoiado pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Medicina. Esse nosso repúdio à maneira como a presidente Dilma quer colocar os médicos estrangeiros é porque vai levar um risco para a população se não for avaliado adequadamente, a qualidade e suficiência desses médicos quanto à sua formação. O que vem do exterior precisa, sim, ser reavaliado.

 “Revalida” – Não é impossível um médico formado no exterior passar pelo processo de revalidação. Aqui no Acre, nós já temos indivíduos que fizeram o Revalida e depois fez concurso para residência médica e hoje já faz residência em cirurgia geral aqui no Acre. Nós queremos e que esse profissional quando terminar o curso dele, ele seja contratado aqui no Acre. Senão, nós formamos médicos para atuar em outras regiões.

 Faltam concursos públicos – Hoje, 50% dos residentes que se formam aqui vão embora porque não tem concursos públicos. Os concursos são precários. Ora, quem cuida da população precisa ter uma qualidade e segurança no trabalho. Um contrato precário não fixa os médicos no interior. Nós precisamos de médicos para trabalhar no interior. O sindicato já tenta há quatro anos a realização de concurso público efetivo e não consegue porque não tem investimento. O Ministério da Saúde está omisso nisso aí. A responsabilidade do ministério é grande para manter os profissionais.

 Investimento – O investimento na saúde está muito pouco. Nós temos batido nessa tecla. Para fazer Saúde, precisa ter dinheiro. Precisa ter investimento e concurso público é fundamental. Aparelhagem dos hospitais também. Tudo isso está faltando e alguém tem que gritar. Tem que reclamar. Não é possível que isso aconteça. Estamos perdendo 80 bilhões de reais por ano com corrupção. É muito dinheiro. Por que não podemos investir 10% do orçamento bruto da União em Saúde? A presidente Dilma teve oportunidade, sim, de ajudar a Saúde pública, mas quando a PEC 29 foi para a votação, ordenou a bancada de apoio que não autorizasse os 10%. E, caso autorizassem, ela vetaria.

 Intervenção ética – O Hospital de Brasileia encontra-se em completo abandono. Nós tivemos em Brasileia. Os médicos de lá já vêm reclamando há algum tempo. Nós constatamos essas condições, que não mudaram, e, a partir das blitzen, o governo anunciou que vai construir um hospital em Brasileia para os próximos dois anos. Foi preciso que os médicos entrassem com uma Ação Civil Pública junto ao Ministério Público para obrigar o Estado a mudar aquela condição. O hospital tem falta de leito, os materiais tudo enferrujado, falta de aparelhos sanitários.  Na minha opinião,  um hospital desse não poderia funcionar. Teria que ter uma intervenção ética.

 Médicos fazem protesto em frente a Aleac – Os profissionais médicos e estudantes de medicina cumpriram o que prometeram: foram protestar em frente à sede do parlamento pela melhoria na qualidade da Saúde Pública do Acre. O grupo se reuniu no fim da tarde. Não houve registro de problemas com policiais ou motoristas.

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