Richard Rasmussen brinca com aranhas caranguejeiras, se enrosca em cobras, deixa morcegos experimentarem seu sangue, mas jura que nenhum desses bichos o ameaçam. “Os riscos são diferentes. Os mais perigosos são os menores, como vespas e formigas”, explica o biólogo, que vai mostrar que não tem limites para se aventurar no Mundo Selvagem com Richard Rassmussen, que estreia no sábado, às 22h15, no NatGeo.
Na série, ele percorrerá diferentes pontos da selva amazônica, Pantanal e do Cerrado para passar por experiências da cultura indígena e ter contato com animais que não são vistos nem no zoológico. No 1º episódio, vai à tribo Yawanawá, no Acre, para o ritual do Kapun, em que uma toxina retirada da pele de um sapo é colocada na corrente sanguínea para uma espécie de purificação.
Os métodos de Richard para vivenciar a tradição indígena são dolorosos. A toxina entra no corpo depois de ele ter a pele queimada. Quando a substância faz efeito, além do mal-estar, o apresentador começa a ficar com o corpo vermelho e o rosto incha em minutos, mudando sua feição. “A sensação é a de querer morrer e viver ao mesmo tempo”, confessa. Na atração, enquanto a ação acontece, Richard, de 43 anos, dá a explicação do bicho em questão e da situação. O sapo-kambô, do qual a substância é extraída, faz parte de estudos para o combate ao vírus da aids.
“O canal quer passar a informação sem ser professoral. Queremos despertar a consciência ecológica sem sermos chatos. E o Richard é nossa principal aposta”, conta Marcello Braga, diretor de conteúdo da Fox, associada ao Nat-Geo. Caso o apresentador cometa algum deslize, há uma equipe de 4 biólogos que revisam os 9 episódios da primeira temporada.
Nas semanas seguintes, Richard vai encarar cobras com metros de comprimento, lobos e até surfar na Pororoca. Ao contrário das atrações que comandou na Record e no SBT, o apresentador conta que a nova produção é feita de maneira mais lenta.
“Na TV aberta, eram 52 programas por ano. Aqui, foram 3 meses captando (imagens). Temos mais cuidado com a fotografia”, compara ele, que, no Acre, passou a noite em uma canoa que guardava parte dos 400km de equipamento. “Já perderam duas câmeras de R$ 150 mil, uma delas caiu”.
Apesar de viver em constante risco, Richard Rasmussen revela não ter seguro de vida. Para piorar, não há médicos em sua equipe. “Mas a gente trabalha em conjunto com os governos locais”. (João Fernando / O Estado de S.Paulo)