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Fotógrafo Osmir Lima Neto é ouvido em audiência de instrução no Fórum

 Teve início nesta quarta-feira, 28, a audiência de instrução e julgamento do proprietário da agência Órion, Osmir Lima Neto, 49 anos, proprietário da agência Órion, acusado de estupro de vulnerável (menor de 14 anos), estupro de menor (entre 14 e 18 anos), estupro de uma adulta, abuso de menor e exploração sexual de adolescentes.

 De acordo com o promotor da Vara de Infância e Juventude, Mariano George, 10 vítimas e uma testemunha foram ouvidas nesta quarta-feira. O julgamento deverá se estender até o próximo dia 3 de setembro.

 “Ele sempre começava com promessas de glamour. De promover as moças, dizendo que teriam uma vida de estrela, mas que, para isso, elas teriam que manter relações com ele. A expectativa é de que a pena supere os 30 anos”, diz o promotor.

 Segundo o advogado de defesa, Carlos Venícius, até que a sentença seja dada, Osmir Lima Neto é inocente. “A defesa terá mais dificuldade em descaracterizar os crimes de exploração sexual. Mas ele pode sim ser absolvido. Em um dos casos, se refere a uma moça que afirma ter sido estuprada em 2011, mas continuou trabalhando em 2012 e 2013. Inclusive, era uma das meninas que levava modelos para a agência. Ligava às 3h da manhã para o Osmir se declarando apaixonada. Será que houve um estupro mesmo? E o abalo que uma violência causa?”, desafia o advogado.

 Osmir Lima Neto chegou algemado ao local do julgamento. E, pela primeira vez após a prisão, admitiu ter mantido relações sexuais com algumas modelos, inclusive uma menor de idade, de 16 anos, mas nenhuma sem o consentimento das garotas.

 “Estou sendo injustiçado. Nunca fiz nada a força com ninguém. Qual agência que não faz promessas às modelos? As meninas acham que saindo com o dono da agência vão ter ascensão imediata na carreira. Um ledo engano. Uma delas disse que no começo foi por interesse e depois continuou porque gostou. Mas isso prova que ela, como as outras modelos, ficavam por interesse”, se defende o acusado.

 Ele garante que uma das garotas teria afirmado, em depoimento, que ele era ‘bom de cama’. “Disse, inclusive, que eu era bom de cama. Fiquei satisfeito com isso”.
 
Acusado nega que menores de 14 anos estariam frequentando agência, mas confirma namoros
 Osmir Lima Neto nega que tenha se envolvido sexualmente com menores de 14 anos. Mas confirma que namorou com uma modelo de 16 e outra de 21 anos. Além disso, alega que é preciso ver a vulnerabilidade das vítimas menores de 14 anos.

 “No prédio onde fica a minha agência, só tinham autorização para subir garotas maiores de 14 anos. Se subiu de 13 anos, foi sem a autorização do próprio condomínio. E sem eu saber. Porque eu tenho autorização de todas as meninas que fotografaram, viajaram para exercer qualquer trabalho e subiam no prédio”, confirma.

 “A hipocrisia é achar que essas meninas mais novas são idiotas. Elas sabem muito bem o que fazem e o que querem. Todas elas. E não vos enganem, elas sabem tirar o que querem. Ficam com você como se quisessem e depois começam as cobranças. Sejam elas na carreira, objetos pessoais, entradas pra shows, pagamento de uma conta. Então, você fica meio acuado”, destaca o acusado.

Confiança no julgamento
 Questionado sobre o resultado do julgamento, Osmir Neto afirma que a política atual é em favor totalmente da mulher. “Se a mulher acusa um homem de estupro, ele será preso, sem a mínima defesa, como eu fui. A palavra do homem é totalmente vilipendiada à palavra da mulher”, confirma.

 Num momento mais descontraído da entrevista coletiva, Osmir falou que Salomão teve mil mulheres, e que ele (Osmir) não tinha chegado nem a 100.

Vingança por não trabalhar na agência
 Osmir ressalta que as denúncias são uma espécie de vingança das modelos que não foram chamadas para a agência. “As modelos que não foram chamadas para a agência, por falta de talento ou de beleza, ficaram inconformadas e estão fazendo este tipo de denúncia. Inclusive, acredito que uma de Cruzeiro do Sul e duas daqui que tiveram depoimentos similares combinaram isso, através das redes sociais”, explica o acusado.

Empresário divide cela com 10 pessoas e teme ameaças
Osmir Lima divide a cela com outras 10 pessoas, e teme as ameaças. “Os pais de uma das meninas que afirma ter sido estuprada estão presos. E todo pai defende a filha, mesmo não sabendo o caráter da filha”, destaca.

 Osmir falou, também, que não entende a acusação de estupro, de a garota em questão, que já fez sexo com ele e o namorado ao mesmo tempo. E numa outra oportunidade fez sexo com ele e outra garota.

Entenda o caso
 Osmir Lima Neto foi preso no dia 3 de julho, depois de 3 anos de investigações, pela Polícia Federal (PF). As menores relataram os supostos crimes, como a troca de favores sexuais por trabalhos. Essa não é a 1ª vez que o empresário é preso. Em 2003, Osmir já havia sido condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a 32 anos de prisão por aliciamento e exploração de menores.

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