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Sentimento de total impotência

Estou curioso em saber qual é o critério ou as “brechas” nas leis que dão à Justiça o direito de trazer de volta ao convívio da sociedade sofrida, elementos que deveriam continuar presos, como é o caso desses dois inditosos, acusados e condenados por estupros, furtos e tráfico de drogas, que soltinhos, livres roubaram e não satisfeitos assassinaram a dona de casa Maria Madalena, fato acontecido no último domingo aqui em Rio Branco.

A morte dessa senhora humilde, de forma covarde e brutal, se soma a dezenas de outras, não menos cruéis, que acontecem quase que diariamente nas plagas acreanas. Essas mortes violentas que fazem a notícia, todos os dias, de jornais, revistas, dos noticiários de televisão, rádio e todo o meio de comunicação, revelam uma realidade:  Não é de hoje, já faz tempo, que os crimes horrendos que ocorrem na nossa Capital e em outros municípios do Estado, são protagonizados por bandidos que estavam presos e foram soltos para matar.  Essa afirmação, longe de ser leviana, é confirmada por autoridades parlamentares do Estado, que  declaram, entre outras coisas, em plena tribuna da Aleac, que bandidos assaltam durante o dia e à noite se esconde na cadeia. E mais: Que  não existem recursos para o Governo debelar o problema!

A impressão que perpassa é a de que estamos todos assustados e sem defesa diante dos últimos crimes terríveis cometidos contra cidadãos humildes, principalmente estes que residem em bairros emergentes. A propósito de bairros periféricos, Rio Branco, ainda detém entre seus filhos, pessoas que oscilam entre as classes C e D, na hierarquia social dos mais pobres. São pessoas que estão “vivendo” em condições econômicas deses-peradoras. Famílias que “moram” em situação de risco, palafitas e cafundós e outras localidades sem a menor infraestrutura, como: água encanada; luz elétrica; esgotos, etc; pobres inditosos que são constrangidos a conviver com jacarés, cobras, mosquitos da dengue e outros bichos; isso para só falar da realidade de algumas periferias da cidade. O lado cruel é que estas localidades servem de verdadeiras cafuas, esconderijos, antros de marginais agregados aos crimes de estupro, assaltos, drogas e prostituição generalizada. As pessoas humildes, mas de bem, que residem nessas localidades,  estão totalmente vulneráveis, em termos de segurança, e privados de mínimas condições de sobrevivência.

Realidade identica é a do município de Sena Madureira. Nesta pequena cidade, que no dizer dum famoso colunista político local,  é hoje “a Meca dos assaltantes e terra de ninguém” são poucos os que encontram motivação para darem seguimento às suas atividades rotineiras, pois o que se constata no semblante do cidadão comum é uma desmotivação generalizada para trabalhar, estudar e viver alegremente. Paira, sobre todos, um sentimento de total impotência!

Mesmo sendo notório o desânimo das autoridades competentes, parece que a partir de agora vão finalmente queimar as próprias pestanas ou “bater cabeça” tendo em vista debelar essa situação dramática. Não era sem tempo, visto que diante da realidade cruel, não precisamos ser pesquisadores para ter ideias claríssimas sobre a situação, uma vez que dadas as  circunstância, todos sabem e podem prever de antemão as consequências “presentes e futuras”  dos males advindos da violência. Assim deve ser, pois a insegurança das cidades, já não é área exclusiva das autoridades máximas.

A discussão sobre o assunto deve passar por uma pluralidade de “idéias” ou “saídas” para a realidade que atinge neste momento patamares insuportáveis. Que esses “debates” incluam todos os segmentos da sociedade, de maneira especial aquele que viveu e vive na pele as agruras do problema. É verdade, também que parte da solução desse problemaço requer  atitudes governamentais mais rígidas.  Nossos governantes não podem cair na mesmice dos debates simplórios de anos idos. Isto é, muita falação sobre a criação de programas de inclusão social, educação, etc. Anunciando combate ao desemprego, à miséria, às drogas, a má distribuição de renda, e coisa e tal, pois tudo isso é  clichê mil vezes repisado  sem que se tenha, contudo, soluções concretas. Os senhores governantes sabem que no “frigir dos ovos” o cidadão está cansado de conviver  com todo tipo de violência e, além disso, ter ainda que se moldar à ferocidade: do determinismo legal de certos governos, que vivem a favorecer uns poucos em detrimento de muitos; do partido político demagogo; da lei do mais forte contra o mais fraco; do sistema financeiro que leva o homem a ser explorador do próprio homem; dos arruinados sistemas de saúde, educacional e carcerário.

Então, senhores governantes, quanto a vós, não dá mais para tergiversar. Em outras palavras: Fazer ouvido de mercador para o problema. Usar de rodeios ou evasivas; empregar  subterfúgios. Não tem fantasia, pois não estamos em época de carnaval. Agora é colocar “a faca entre os dentes” e ir à luta.

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